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"A França não teme
nenhum adversário"
FABRICE JOUHAUD
OLIVIER MARGOT
DO L'ÉQUIPE
Pergunta - É confortável a posição de grande favorita da França
nesta Copa do Mundo?
Zinedine Zidane - Não se pode
dizer que é uma vantagem. Nós
conhecemos o time que temos e
sabemos do que é capaz. Nos últimos amistosos, provamos isso.
Pergunta - Hoje em dia, há alguma seleção que vocês temam?
Zidane - Nenhuma. Sem pretensão, nós não tememos nenhum
adversário, mas isso não quer dizer que temos um complexo de
superioridade. Simplesmente,
nós somos conscientes de que temos uma grande equipe e uma
grande chance de conquistar a segunda Copa do Mundo consecutiva e entrar para a história. Temos de render o máximo para
trazer de volta a taça para a França. Ainda não conseguimos isso,
mas temos os meios para isso.
Pergunta - Vê alguma similaridade entre França e Real Madrid?
Zidane - Não. A seleção francesa
é única no mundo.
Pergunta - Sem o contundido Robert Pires, que estava em excelente
fase, você acha que o meio-campo
manterá o mesmo alto nível?
Zidane - Outros jogadores são
capazes de cobrir a ausência de
Pires. Infelizmente, não podemos
fazer o tempo voltar atrás, mas a
França não é Zidane ou Pires. A
seleção francesa são 23 jogadores.
Há muitos atletas que nunca foram convocados que poderiam
fazer parte da seleção. O grupo é a
força dos ""bleus", com toda a boa
atmosfera que reina aqui.
Pergunta - Alguns jogadores, como Karembeu, Dugarry e Lebouef,
são vaiados quando jogam na seleção. O que acha disso?
Zidane - No campo, infelizmente
eu não posso fazer nada. Mas
quem vaia um jogador nosso, está
vaiando todo o time. As pessoas
precisam entender isso. Todos
merecem respeito.
Pergunta - Você já ultrapassou
Platini no número de jogos pela
França (73 partidas). Isso serve de
inspiração para você?
Zidane - Sim, mas há
outros que jogaram
mais vezes. Amoros,
Bossis, Blanc, Deschamps, Desailly têm
mais participações.
Mas isso não é o mais
importante.
Pergunta - Por quanto
tempo ainda pretende jogar
pela seleção?
Zidane - Pelo menos, por mais
quatro anos, certamente. Enquanto eu estiver bem, tiver prazer em jogar e contribuir com a
França, eu continuo.
Pergunta - Na seleção, você fez
oito gols com pé direito, cinco com
o esquerdo e três de cabeça. É um
saldo bem equilibrado.
Zidane - A única coisa bizarra
são gols de cabeça, afinal, desses
três, dois foram na final da Copa
contra o Brasil. Esse levantamento também mostra que eu vou
bem com a minha canhota, que,
em geral, é bastante boa.
Pergunta - Como analisa sua trajetória, um garoto pobre de Marselha que se transforma no mais caro
futebolista do mundo?
Zidane - No final das contas, você, começando do nada, saindo de
um bairro pobre, pode realizar tudo o que deseja. Mesmo tendo
sempre confiança naqueles que
me cercaram, não foi fácil. Quando você está sozinho em um alojamento, aos 14 anos, longe da família, você sempre fica no dilema:
desistir ou continuar? Por meu
temperamento, eu faria qualquer
coisa para seguir no futebol, e era
hora de ousar. Eu ousei. Era importante para mim ser bem-sucedido no futebol e consegui isso.
Pergunta - Qual foi o período
mais feliz de sua vida até agora?
Zidane - O período mais importante foi quando me transferi para
a Juventus, porque, quando você
parte para o exterior, você não ganha a passagem de volta. E foi na
Itália que ganhei a dimensão que
tenho hoje. Sem a Juventus, tudo
seria diferente. Lá, eu tinha um
bom relacionamento com todo o
mundo, desde o jornaleiro até o
presidente do clube. Foram cinco
anos memoráveis. Por isso, foi difícil passar ao Real Madrid.
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