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TÊNIS
Uma coisa bem legal
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
O respeitável cidadão
Marcelo Ruschel, 40, é conhecedor do circuito mundial.
Fotógrafo profissional há 20 anos,
já clicou grandes nomes. De Thomas Koch a Gustavo Kuerten, de
John McEnroe a Boris Becker e
Pete Sampras, de Martina Navratilova a Serena Williams.
Em 1986, na Nabisco Cup, em
Nova York, aliás, Ruschel foi nocauteado por um saque de Ivan
Lendl quando fotograva o jogo. A
partida parou, a torcida riu, e
Lendl acenou de longe, cara de
"desculpa aí, amigo, foi mal!".
Há dois meses, Ruschel esteve
de novo em uma quadra com sua
máquina fotográfica. Desta vez,
nenhuma bolada, nenhum Andre
Agassi, Jimmy Connors ou Lleyton Hewitt. Entre as imagens que
fez, uma das mais marcantes tem
o tenista Jadson Paim da Silva segurando a raquete.
Com oito anos e o sonho de ser
motorista de Kombi escolar, como o pai, Jadson é uma das crianças de Belém-Novo, em Porto Alegre, que participam do projeto
Wimbelémdon.
O projeto nasceu há três anos,
quando Ruschel, passando por esse bairro ainda quase rural, distante do centro da capital gaúcha, viu uma quadra abandonada e a placa com o "aluga-se".
Acostumado aos estádios como
os de Roland Garros e a ginásios
como o Madison Square Garden,
viu ali um lugar promissor. Foi
atrás do dono, alugou, construiu
vestiário, banheiro e reformou a
quadra. Sem a pretensão de querer ser o dono único da coisa, entregou a Susana Santos a coordenação do projeto e contou com o
tenista Eduardo Frick para ensinar as crianças. Estudantes da
PUC-RS viram ali uma boa oportunidade para contribuir.
Ruschel tem ainda a força do
aposentado Mário Rodrigues, 67,
que cuida da quadra, abre e fecha
os portões, e a simpatia do frei
Zelmar Chiotto, que empresta
uma sala da igreja do bairro para
as leituras das crianças quando o
tempo não está bom lá fora.
Sim, além da educação física,
com alongamento, aquecimento,
do treino, com brincadeiras de
coordenação, com a raquete e as
bolinhas, as crianças têm a hora
da leitura, quando são estimulado a ler e ouvir histórias contadas
por uma estudante de letras da
PUC-RS.
É preciso, aliás, mostrar um
bom rendimento escolar para
continuar na turma. Talvez por
isso a diretora da escola estadual
em Belém Novo já notou diferença no ânimo dos alunos.
Problemas ainda existem, falta
de raquetes, alunos ansiosos acordando às 4h30 para esperar a aula. Mas o projeto segue em frente.
Daqui a um mês, salta de 39
crianças para 80. "As crianças
não jogam por dinheiro nem por
fama, glamour ou troféu, como
aqueles que fotografo geralmente.
Jogam porque gostam, com brilho
nos olhos, com sede de aprender a
jogar tênis", descreve Ruschel.
"Eu, que já viajei o mundo todo
fotografando esses caras endeusados, que gosto de tênis, acredito
que, com criatividade e boa vontade, é possível ajudar. Olhava a
quadra abandonada, pensava,
sabia que daria para fazer um
monte de coisa legal. Hoje, acho
que faço uma coisa bem legal."
Iniciativa louvável
Ruschel deixou o projeto na internet: www.wimbelemdon.com.br.
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Mantilla ganha Roma, Ferrero e Guga tropeçam. Estranho...
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A segunda etapa do Grand Slam promovido pela CBT começa segunda, em São Luís (MA). Terá 175 jovens de 19 Estados.
Comportamento antigo
Damir Dokic, famoso por causa da filha, Jelena, disse que não quer
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fizemos o que podíamos por ela, e ela escolhe esse idiota."
E-mail reandaku@uol.com.br
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