São Paulo, quinta-feira, 14 de maio de 2009

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JUCA KFOURI

Um mês de emoções


Fazia muito tempo que, em tão pouco tempo, apenas 30 dias, o futebol não oferecia tanta sensação


COMEÇOU EM 12 de abril e culminou em 12 de maio, se é que ontem não teve mais. A temporada de 2009 anda pródiga em emoções e em beleza técnica, embora ainda nem tenha decidido seus principais torneios, como a Copa dos Campeões na Europa e a Libertadores e a Copa do Brasil por aqui, para não falar do Campeonato Brasileiro, que só está começando. Mas o ano já está marcado por oito momentos que aconteceram nos 30 dias que separam as datas acima.
Em 12 de abril, Cristian, nos segundos derradeiros, acertou um tirambaço de fora da área no Pacaembu e derrotou o São Paulo de Rogério Ceni, que, por muito tempo, terá de conviver com o golaço em sua dura convalescença. Dois dias depois, Chelsea e Liverpool protagonizaram um dos jogos mais espetaculares da história, aquele 4 a 4 inesquecível, que seria único, raro, para contar para os netos, não fosse outro 4 a 4, apenas uma semana depois, entre o mesmo Liverpool e o Arsenal. Então, junte os dois e faça força para contar para os bisnetos, só para que eles digam que o biso está gagá. Parasse por aí e já estaria de bom tamanho. Mas não.
Eis que Ronaldo, no palco do Rei Pelé, deu um presente aos amantes do futebol, no dia 26 de abril, ao fazer aquele gol de cobertura que o mundo todo cobriu. São insondáveis as razões que levam os artistas a concorrer entre si sem que eles saibam até que estejam concorrendo.
Porque quando, em Santiago, Cleiton Xavier pegou a bola aos 42min do segundo tempo e se preparou para chutá-la, a nação alviverde berrou: "Passa, passa!". Em vão. Ele chutou do meio da rua, a bola fez uma curva improvável e decretou a classificação do Palmeiras às oitavas de final da Libertadores, um gol para levantar defunto, daqueles que merecem a pichação nos muros dos cemitérios, "Vocês não sabem o que perderam".
Como a Terra é dos vivos e é, como se sabe, uma bola, não ficava bem que tantas emoções se restringissem aos anglo-saxões e aos brasileiros, num planeta que não seria o mesmo sem a Catalunha.
E para euforia catalã, também nos segundos derradeiros, e já em maio, 6, eis que Iniesta teve um acesso de Cleiton Xavier e botou o Barcelona na final da Copa dos Campeões, com uma finalização fulminante para devolver ao Chelsea a dor que causou na cidade dos Beatles. Bem feito! Dor por dor, o que dizer dos corintianos, que andavam tão pimpões com os que lhes cabia nesta epopeia, de Cristian a Fenômeno?
Dizer que há sempre um Nilmar para enfileirar meio time alvinegro num gol espetacular, regiamente pago pelo próprio Corinthians e festejado, mundo afora, não só pelos colorados. Gol, gol, gols. Só aqui tratamos de 21.
Estava faltando alguém para evitá-los. Mas não só. Evitá-los com a capacidade de causar a mesma emoção que toma conta de todos quando acontece. E esse alguém só poderia ser ele (quase escrevo com "e" maiúsculo, mas, depois de ter apanhado tanto com a coluna do ateísmo, achei melhor não...): São Marcos!
Preciso explicar por quê?

blogdojuca@uol.com.br


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