São Paulo, sábado, 14 de maio de 2011

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Carpegiani atende a ordem da diretoria e comanda rejuvenescimento, mas é cobrado por montar equipe inexperiente e não deve ficar para o Brasileiro

RAFAEL REIS
DE SÃO PAULO

Há sete meses, Paulo César Carpegiani foi contratado pelo São Paulo com a missão clara de valorizar os jovens formados nas categorias de base e dar cancha para esses meninos. E foi justamente o cumprimento dessa tarefa que causou sua derrocada.
A demissão do treinador, já confirmada à Folha por membros da diretoria, deve ser oficializada nos próximos dias e depende de um acordo financeiro e da disponibilidade de um novo técnico.
"A tendência é que ele não fique mesmo", disse, em tom ameno, o vice de futebol Carlos Augusto Barros e Silva.
Carpegiani está em Balneário Camboriú (SC) e planeja se apresentar normalmente na segunda. Mas está ciente de que pode cair antes.
Torcedores, alguns jogadores e o presidente Juvenal Juvêncio se irritaram com a falta de poder de decisão da equipe na derrota por 3 a 1 para o Avaí, anteontem, que causou a queda nas quartas de final da Copa do Brasil.
E foram unânimes ao afirmar que faltou experiência ao time para lidar com o placar adverso e buscar o gol que o manteria no torneio.
Quem mais se revoltou foi Rivaldo, 39. Atleta mais velho do elenco, afirmou depois da partida que se sentiu humilhado por passar o jogo todo no banco mesmo com o São Paulo clamando por sua bagagem e característica de organizar uma equipe.
Ontem, no desembarque do time, o presidente Juvenal Juvêncio mostrou de que lado ficou na queda de braço entre jogador e treinador. "Se o time é jovem, tinha um não jovem no banco, que era o Rivaldo. Quem devia colocá-lo em campo não era eu."
Mas o meia, que apesar de ter grande apoio da torcida só marcou um gol em 12 jogos pelo clube, era a única opção de experiência no banco. Os outros reservas eram, na maioria, nomes com idade para alinhar entre juniores.
Até mesmo Carpegiani, responsável por barrar Rivaldo, esboçou reclamar da situação. "Temos uma equipe jovem, e esse é o preço que vamos pagar. Mas futebol é uma renovação constante."
A média de idade dos titulares no duelo contra o Avaí foi de 26 anos. Exatamente um ano antes, quando bateu o Cruzeiros na Libertadores, o São Paulo levou a campo um time com média um ano e meio superior a essa.
No segundo semestre de 2010, Juvenal resolveu pôr em prática o plano de rejuvenescer a equipe e aumentar a participação das crias do CT de Cotia, centro de formação de jogadores que ele considera o xodó de sua gestão.
A adoção dessa política permitiu o acesso do volante Casemiro, 19, e do meia-atacante Lucas, 18, hoje titulares. Mas também causou a debandada de figuras rodadas e com história vitoriosa no clube, como Richarlyson, 28, e Jorge Wagner, 32.
Após a queda no Paulista, há duas semanas, teve início uma nova leva de saídas de veteranos. Fernandão, 33, rescindiu o contrato, e Cleber Santana, 29, foi liberado para acertar com Atlético-PR.
Mesmo com as críticas à falta de experiência do time, o São Paulo não deve abandonar o modelo. O clube procura um treinador que faça bons trabalhos com jovens.
Dorival Jr., do Atlético-MG, e Ney Franco, da seleção sub--20, são os mais cotados. A dificuldade para a chegada de um novo técnico pode dar sobrevida para Carpegiani.


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