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BOXE
Eu não falei? (2)
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Estou estupefato. Acertei, pela segunda vez seguida, o
prognóstico de uma luta nesta coluna. A anterior havia sido Popó
x Casamayor, lembra? (Em minha defesa, lembro que não faço
previsões para lutas desiguais,
apenas para combates parelhos).
Por conta disso, faturei alguns
jantares, um dos quais em um
restaurante coreano (uma homenagem à Copa), bancando meu
palpite ao apostar com amigos.
Mas, para ser sincero, essa seria
uma previsão que erraria com
prazer. Torci por Tyson durante a
transmissão na madrugada de
domingo (por falar nisso, queria
saber por que o canal a cabo
Bandsport fez questão de esconder que exibiria a programação,
que não foi divulgada, não estava
na grade de programação e que
nem a assessoria de imprensa tinha informações sobre ela).
Mas o fato é que para o boxe como negócio, para empresários e
suas equipes, emissoras de TV,
pugilistas, e, sim, até para jornalistas especializados, teria sido
muito melhor uma vitória de
"Iron" Mike. Sem dúvida, isso
manteria o mercado aquecido.
Foi interessante ver nesse combate Tyson provando de seu próprio remédio. Sentiu na pele a
truculência com que costumava
tratar os outros. Assim como
Tyson sempre gostou de aplicar
cotoveladas, golpear os rivais
após o gongo, entre (diversas) outras irregularidades, ""Iron" Mike
foi vítima, no domingo, de empurrões, sofreu tombo quando Lewis apoiou o corpo sobre ele e tomou golpes aplicados com os braços (e não as luvas) de Lewis.
O britânico parecia estar seguindo a teoria de um dos primeiros treinadores de Tyson, Teddy
Atlas, que classificou o ex-pupilo
de ""valentão da escola". É aquele
clássico caso do covardão que gosta de se impor sobre quem é menor ou se intimida com facilidade, mas quando alguém o encara,
dá uma afinada (você certamente
deve conhecer alguém assim).
Segundo Atlas, esse era o caso
de Tyson. E ele cita James ""Buster" Douglas e Evander ""Real
Deal" Holyfield como evidências.
Para Atlas, havia evidências
dessa síndrome até mesmo em algumas vitórias, como naquela sobre James "Quebra-ossos" Smith.
Todos apontaram que naquele
e em outros combates Tyson era
impedido de lutar com eficiência
porque o grandalhão provocava
clinches a toda hora. Mas se alguém observar os teipes, vai perceber que ao invés de estar tentando golpear, Tyson, quando os
adversários o abraçavam, também colocava os braços ao redor
dos oponentes. É o que Atlas classificou de ""pacto silencioso".
Mas, para ser justo com ""Iron"
Mike, que aguentou a surra de
domingo como um verdadeiro
homem, o motivo que teve maior
peso em sua derrota, foi, além do
declínio natural por causa da idade (seu estilo depende mais do físico do que o de Lewis), seu recente ""menu" de pangarés e a inatividade de praticamente um ano.
Como Tyson mesmo reconheceu, após o nocaute para Lewis,
"precisaria de umas lutas preparatórias, mas fiquei com medo de
que Lewis não me esperasse".
Mas é duvidoso que, mesmo com
essas lutas, pudesse fazer melhor.
Muita gente quer saber sobre a
possibilidade de uma revanche.
Mas nem é preciso ser um expert
para responder essa questão. Veja
só, você mesmo pode fazê-lo, só
usando o bom senso: pelo que viu
domingo, você pagaria US$ 50, ou
mais, para assistir a revanche?
Pesado 1
Por falar em pesados, Don King assinou contrato com Aurélio
"Toyo" Perez, cubano radicado no Brasil. Esta coluna confirmou a
informação com Bobby Goodman, diretor da Don King Productions. Essa é a segunda vez que King firma com alguém que vive no
Brasil. Em 2000, assinou com o leve ""Xuxa" do Nascimento, mas o
contrato foi rescindido. ""Ainda não sei quando [Perez] fará o primeiro combate conosco. Nem sequer assisti um teipe dele", admite
Goodman sobre o ex-campeão latino da OMB, entidade pela qual
chegou a ser ranqueado. Ao desembarcar no Brasil, Toyo estreou e
evoluiu como promessa, com seus combates exibidos ao vivo na
TV, até ser nocauteado por Nikolai Culpin e Pedro Franco.
Pesado 2
Um problema de hérnia de disco deixará o brasileiro Rodrigo "Minotauro" Nogueira, campeão dos pesados do Pride, de "molho"
até setembro quando, coincidentemente, vencerá seu contrato.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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