São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BOXE

Eu não falei? (2)

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Estou estupefato. Acertei, pela segunda vez seguida, o prognóstico de uma luta nesta coluna. A anterior havia sido Popó x Casamayor, lembra? (Em minha defesa, lembro que não faço previsões para lutas desiguais, apenas para combates parelhos).
Por conta disso, faturei alguns jantares, um dos quais em um restaurante coreano (uma homenagem à Copa), bancando meu palpite ao apostar com amigos.
Mas, para ser sincero, essa seria uma previsão que erraria com prazer. Torci por Tyson durante a transmissão na madrugada de domingo (por falar nisso, queria saber por que o canal a cabo Bandsport fez questão de esconder que exibiria a programação, que não foi divulgada, não estava na grade de programação e que nem a assessoria de imprensa tinha informações sobre ela).
Mas o fato é que para o boxe como negócio, para empresários e suas equipes, emissoras de TV, pugilistas, e, sim, até para jornalistas especializados, teria sido muito melhor uma vitória de "Iron" Mike. Sem dúvida, isso manteria o mercado aquecido.
Foi interessante ver nesse combate Tyson provando de seu próprio remédio. Sentiu na pele a truculência com que costumava tratar os outros. Assim como Tyson sempre gostou de aplicar cotoveladas, golpear os rivais após o gongo, entre (diversas) outras irregularidades, ""Iron" Mike foi vítima, no domingo, de empurrões, sofreu tombo quando Lewis apoiou o corpo sobre ele e tomou golpes aplicados com os braços (e não as luvas) de Lewis.
O britânico parecia estar seguindo a teoria de um dos primeiros treinadores de Tyson, Teddy Atlas, que classificou o ex-pupilo de ""valentão da escola". É aquele clássico caso do covardão que gosta de se impor sobre quem é menor ou se intimida com facilidade, mas quando alguém o encara, dá uma afinada (você certamente deve conhecer alguém assim).
Segundo Atlas, esse era o caso de Tyson. E ele cita James ""Buster" Douglas e Evander ""Real Deal" Holyfield como evidências.
Para Atlas, havia evidências dessa síndrome até mesmo em algumas vitórias, como naquela sobre James "Quebra-ossos" Smith.
Todos apontaram que naquele e em outros combates Tyson era impedido de lutar com eficiência porque o grandalhão provocava clinches a toda hora. Mas se alguém observar os teipes, vai perceber que ao invés de estar tentando golpear, Tyson, quando os adversários o abraçavam, também colocava os braços ao redor dos oponentes. É o que Atlas classificou de ""pacto silencioso".
Mas, para ser justo com ""Iron" Mike, que aguentou a surra de domingo como um verdadeiro homem, o motivo que teve maior peso em sua derrota, foi, além do declínio natural por causa da idade (seu estilo depende mais do físico do que o de Lewis), seu recente ""menu" de pangarés e a inatividade de praticamente um ano.
Como Tyson mesmo reconheceu, após o nocaute para Lewis, "precisaria de umas lutas preparatórias, mas fiquei com medo de que Lewis não me esperasse". Mas é duvidoso que, mesmo com essas lutas, pudesse fazer melhor.
Muita gente quer saber sobre a possibilidade de uma revanche. Mas nem é preciso ser um expert para responder essa questão. Veja só, você mesmo pode fazê-lo, só usando o bom senso: pelo que viu domingo, você pagaria US$ 50, ou mais, para assistir a revanche?

Pesado 1
Por falar em pesados, Don King assinou contrato com Aurélio "Toyo" Perez, cubano radicado no Brasil. Esta coluna confirmou a informação com Bobby Goodman, diretor da Don King Productions. Essa é a segunda vez que King firma com alguém que vive no Brasil. Em 2000, assinou com o leve ""Xuxa" do Nascimento, mas o contrato foi rescindido. ""Ainda não sei quando [Perez] fará o primeiro combate conosco. Nem sequer assisti um teipe dele", admite Goodman sobre o ex-campeão latino da OMB, entidade pela qual chegou a ser ranqueado. Ao desembarcar no Brasil, Toyo estreou e evoluiu como promessa, com seus combates exibidos ao vivo na TV, até ser nocauteado por Nikolai Culpin e Pedro Franco.

Pesado 2
Um problema de hérnia de disco deixará o brasileiro Rodrigo "Minotauro" Nogueira, campeão dos pesados do Pride, de "molho" até setembro quando, coincidentemente, vencerá seu contrato.

E-mail eohata@folhasp.com.br



Texto Anterior: Técnico quer iniciar renovação hoje
Próximo Texto: Panorâmica - Vôlei de Praia: Temporada masculina começa hoje
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.