São Paulo, quinta-feira, 14 de junho de 2007

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Por título inédito, Varejão precisa de virada inédita

Cleveland, time do ala-pivô, está em desvantagem de 3 a 0 ante San Antonio e joga hoje para prorrogar a final da NBA

Nunca um brasileiro pôs a mão na taça da mais famosa liga de basquete, e sempre um time que teve vantagem como essa ficou com ela


DENYSE GODOY
ENVIADA ESPECIAL A CLEVELAND

Tendo chegado às finais da NBA, Anderson Varejão, 24, já obteve o que nenhum brasileiro antes dele conseguiu.
Agora, junto com a sua equipe, o Cleveland Cavaliers, tenta outro feito inédito: ganhar o campeonato anual da liga profissional norte-americana de basquete após perder os primeiros três jogos da série de sete que define o vencedor.
Hoje, o time joga partida decisiva, mais uma vez em casa, contra o texano San Antonio Spurs, agora favoritíssimo.
Fazia dez anos que Cleveland, Ohio, não sediava uma decisão de uma das quatro mais importantes ligas da América do Norte: NBA, NFL (futebol americano), NHL (hóquei no gelo) ou MLB (beisebol). Em 1997, os Indians, da MLB, foram vice-campeões.
Então, na noite de anteontem, 20,5 mil pessoas lotaram o ginásio Quicken Loans Arena para assistir ao terceiro duelo do mata-mata (melhor de sete jogos) com o San Antonio.
Jovens, velhos, famílias inteiras, todos vestidos com a camiseta dos Cavaliers, bottom piscando uma luz vermelha no peito e lenços brancos nas mãos. Muitos usavam uma peruca black power imitando o cabelo do ala-pivô Varejão, sua marca registrada.
"Nós acreditamos" e "Vamos, Cavs, vamos!" eram os cartazes que sacudiam com convicção. (Ah, sim, também havia alguns "Casa comigo, Varejão!" e "Eva é gorda", em referência à atriz Eva Longoria, da série de televisão "Desperate Housewives", noiva do armador do San Antonio Tony Parker.)
Os torcedores acreditavam que, cantando e batendo palmas sem parar, ajudariam a recuperar a auto-estima de uma equipe que vinha de duas derrotas na casa do adversário (85 a 76 no dia 7 e 103 a 92 no dia 10) e a empurrá-la para uma recuperação. Foi quase. Os Cavaliers perderam por 75 a 72.
Faltando 14 segundos para o encerramento da disputa, com o placar em 72 a 70, Varejão errou uma cesta que poderia ter empatado o jogo. A seguir, o argentino Manu Ginóbili marcou os derradeiros três pontos do San Antonio. "Eles fizeram coisas boas, nós fizemos coisas boas... Precisamos continuar sendo agressivos... O que mais vocês querem que eu diga?", comentou um desolado Varejão, no vestiário, depois da partida.
O jogador, que começou a carreira em Vitória (ES), é quase tão popular quanto a grande estrela do time, o fenômeno LeBron James. Em qualquer lugar dos EUA, ao conhecerem um brasileiro, os americanos imediatamente abrem um sorriso: "Ah, Ronaldo!". Em Cleveland é diferente: "Ah, Varejão!".
"Acredito que não teríamos ido tão longe se não fosse por ele", afirmou a estudante Leah Hugarski, 19, fã dos Cavaliers. "Ele tem algo único. Não só o cabelo, mas a força." O técnico Mike Brown concorda. "Precisamos dele, desse carisma, dessa energia contagiante."
Mas o San Antonio está muito perto de conquistar o seu quarto título nacional desde 1999. Dos últimos cinco times que abriram 3 a 0 na final, quatro fecharam a série em 4 a 0. O outro fechou em 4 a 2.
Ainda antes da terceira partida, James tinha admitido que se tratava de buscar o impossível. Sem mostrar tudo o que sabe, ele ficou no banco boa parte dos dois primeiros tempos. Fez 25 pontos, pegou oito rebotes e deu sete assistências. "No jogo quatro, LeBron vai tentar atingir o ápice. Mas nós estaremos parados bem na sua frente", desafiou o ala-pivô Tim Duncan.


NA TV - Cleveland x San Antonio
ESPN, ao vivo, às 22h



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