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"Ano da África" é conquista de Blatter
Presidente da Fifa, antes adversário do continente, destina verbas à região de diversas formas e ganha apoio político
Além do Mundial e da Copa
das Confederações, países
africanos receberão nos
próximos meses disputas de
torneios sub-17 e sub-20
DOS ENVIADOS A BLOEMFONTEIN
Copa das Confederações a
partir de hoje. Mundiais sub-17
(Nigéria) e sub-20 (Egito) até o
fim do ano. A Copa do Mundo
da África do Sul em 2010.
Nos próximos 12 meses, tudo
o que importa no futebol entre
seleções nacionais estará no
mais pobre dos continentes.
E isso não vai acontecer por
acaso ou por obra de caridade.
O fato: a África tornou-se prioridade política para Joseph
Blatter, o presidente da Fifa.
Antes refratária ao cartola, a
região, que com suas 53 federações nacionais (junto com a Europa é a maior do mundo no futebol) responde por um quarto
dos votos na eleição para presidente da máxima entidade do
esporte, é agora aliada de Blatter -o apoiou em peso na sua
última reeleição, em 2007.
""Este é o ano da África em
termos de futebol", disse Blatter, que na sua primeira eleição
na Fifa, em 1998, foi acusado de
comprar o voto de 18 países
africanos na disputa contra o
sueco Lennart Johansson.
Nunca se provou nada.
A sequência de competições
importantes no continente é só
a cereja do bolo na conquista da
África por Blatter, o suíço que
colocou a organização de uma
Copa no continente africano
como plataforma desde o início
da sua administração.
Ele já investiu pelo menos
US$ 200 milhões (cerca de R$
385 milhões) da Fifa na criação
de infraestrutura para o futebol
africano. Em um de seus projetos, um comunicado oficial da
entidade até reconheceu o uso
político desses gastos.
Foram US$ 38 milhões (cerca de R$ 73 milhões) na construção de campos de grama sintética em 52 países africanos
-só a África do Sul ficou fora.
Para a Fifa, uma ""consideração
política" foi um dos motivos
dessa milionária ideia.
Segundo a entidade, um país
que não participa por mais de
dois anos dos torneios organizados por ela perde seus direitos nos congressos da entidade,
inclusive o que elege o presidente da Fifa.
Com a grama artificial, de
acordo com a Fifa, não existe o
risco de ""gramados deploráveis" provocarem a desistência
de algumas seleções -dá como
exemplo o Djibuti, um pequeno
país africano. Agora, ainda segundo organização dirigida por
Blatter, ""esse tipo de situação
não mais vai ocorrer".
São várias as torneiras que
fazem a Fifa irrigar de dólares
as miseráveis federações nacionais africanas.
A mais importante delas é o
projeto ""Goal", pelo qual a entidade investe, em média, US$
400 mil (cerca de R$ 770 mil)
por iniciativa para a construção
de centros de treinamento, gramados artificiais e outras obras
de estrutura para o futebol. A
CBF recebeu esse dinheiro para fazer sua escola de treinadores, mas o projeto nunca decolou de verdade.
Dos 393 programas aprovados até hoje, 115 foram para
países da África -o continente
é o líder em avais recebidos.
A África ainda conta com um
programa criado pela Fifa especialmente para o continente.
"O Vencer na África com a África" tem orçamento de US$ 67
milhões. Desse bolo, saiu a verba para os gramados artificiais.
(EDUARDO ARRUDA E PAULO COBOS)
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