São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 2000


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Nó jurídico e parceiros financeiros geram divisão na entidade
Clube dos 13 racha

Folha Imagem
Fábio Koff (esq.), presidente do Clube dos 13, e Eurico Miranda, vice



Sob a ameaça de não haver Brasileiro-2000, dirigentes atacam radicalismo e defendem negociação com o Gama, que ganha força


JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

A última derrota imposta pelo Gama ao Clube dos 13 e à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) provocou um racha nas forças contrárias à presença do time do Distrito Federal na primeira divisão do Brasileiro-2000, especialmente na associação que reúne as 20 maiores equipes do país.
A ruptura fortalece o Gama, que, segundo membros do próprio Clube dos 13, tem chances de ter retirada a punição imposta a ele pela Fifa.
Ontem, o advogado contratado pelo Gama para interceder junto à Fifa, Heitor Bastos-Tigre, formulou a apelação que será enviada à entidade, na Suíça.
A Fifa suspendeu o Gama pelo menos até setembro, quando seu Comitê de Disciplina se reunirá.
Dirigentes do Clube dos 13 ouvidos pela Folha estão divididos quanto à orientação da diretoria da associação de não aceitar o Gama na elite do Nacional neste ano e continuar combatendo, sob qualquer argumento, o time.
Com isso, o deputado federal Eurico Miranda (PPB-RJ), vice-presidente do Clube dos 13 e do Vasco da Gama está praticamente isolado dentro da associação.
Eurico Miranda foi o principal articulador da ofensiva dos maiores times do Brasil contra o Gama, que obteve na Justiça comum o direito de disputar a primeira divisão do Campeonato Brasileiro-2000, após ter sido rebaixado no ano passado com base em uma decisão do TJD (Tribunal de Justiça Desportiva).
Na última segunda-feira, o Gama obteve nova liminar da Justiça determinando sua inclusão na elite da Copa João Havelange, campeonato lançado na semana passada pelo Clube dos 13, que, sem o time do DF, substituiria o Campeonato Brasileiro-2000.
O Clube dos 13 ainda tenta derrubar a liminar do Gama no DF, mas parte de seus dirigentes já defende uma negociação com o clube e até a sua inclusão em um eventual torneio.
Na última reunião da associação, anteontem, em São Paulo, ficou acertado que, se a liminar não for derrubada, o Clube dos 13 tentará fazer um campeonato só com seus associados.
Se também não obtiver êxito, não restarão alternativas, a não ser negociar com o Gama ou ficar sem um torneio nacional no segundo semestre.
O próprio presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, admitiu que a situação não é consensual. "Alguns presidentes manifestaram opiniões contrárias, mas a decisão final tem que ser acolhida", disse.
A pressão contrária às posições de Eurico Miranda partem principalmente dos grandes investidores do futebol, como os grupos HMTF, fundo norte-americano, e Exxel, da Argentina.
Eles estão aglutinados em torno do deputado federal Zezé Perrela (PFL-DF), presidente do Cruzeiro e alvo dos ataques de Miranda nas última reuniões.
Para eles, o impasse que pode levar o futebol brasileiro a ficar sem mais um torneio de ponta neste ano é péssimo.
O vice-presidente do Grêmio, Jayme Eduardo Machado, advogado e ex-procurador da República, dirigente influente no Clube dos 13, afirmou que a melhor solução para o impasse seria criar um campeonato com o Gama.
"Ficou muito clara a indisposição dos grandes clubes e da CBF em aceitar a determinação da Justiça, que deverá garantir o Gama em qualquer disputa que se organize neste ano", disse.


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