|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BOXE
Inversão
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
""O sul-africano Frans
Botha é um boxeador que
vem ganhando respeito no meio
pugilístico."
Foi assim que defini o Búfalo
Branco, que amanhã enfrenta o
campeão unificado dos pesados, o
britânico Lennox Lewis, ao ser
questionado por uma colega sobre as qualidades do desafiante.
Só então, ao lembrar que Botha,
31, já foi campeão pela FIB (Federação Internacional de Boxe), em
dezembro de 1995, me dei conta
da ironia. Afinal, ""ganhando respeito" é uma condição mais apropriada para um pugilista ainda
""verde" e não para um ex-campeão com mais de 40 lutas.
É verdade que o sul-africano
ganhou moral após suas apresentações com o ex-campeão Mike
Tyson, quando ganhava por pontos até ser nocauteado no quinto
assalto, e com Shannon Briggs,
com quem empatou após um excepcional décimo assalto.
Mostrando fibra, Botha (107,5
kg) garantiu a chance de enfrentar Lewis (o combate será transmitido no Brasil pela Directv, em
pay-per-view), embora seja, com
razão, o azarão na proporção de
15 para 1 nas bolsas de apostas.
O problema é que suas performances nos combates com Tyson
e Briggs foram no ano passado.
Elas qualificaram Botha como
um desafiante para a luta com o
inglês Lewis (113,5 kg).
Então a pergunta que fica é: o
que Botha havia feito para merecer disputar o cinturão em 1995,
contra Axel Schulz? Nada.
Foi tão escandalosa a ascensão
do sul-africano naquela oportunidade, que a situação é apontada hoje como indício de irregularidade no caso em que Bob Lee,
presidente da FIB, é investigado
por suspeita de corrupção.
O comentarista Steve Farhood,
ex-editor da publicação especializada ""The Ring", que atua como
especialista em rankings para o
governo dos EUA no caso, exibiu
gráficos mostrando a ascensão de
Botha (e outros lutadores) nos
rankings, luta a luta. Também
mostrou aos jurados os cartéis
(muitos dos quais negativos, ou
seja, com mais derrotas do que vitórias) dos adversários de Botha
durante o mesmo período.
A situação de Botha na ocasião,
que não é um caso isolado (é possível encontrar situações semelhantes nos rankings de todas as
entidades), mostra quão desvalorizados estão os cinturões ""mundiais" e como qualquer um, por
meio do trabalho de bastidores,
pode ter acesso a eles.
E já que estamos no tópico dos
chamados títulos ""mundiais",
uma questão que permanece sem
resposta: se o mundo é um só, como pode haver diversos campeões
""do mundo" em uma mesma categoria de peso?
Ainda nessa linha, você gostaria que seu mundo fosse governado pela FIB, ou pelo CMB (Conselho Mundial de Boxe), ou pela
OMB (Organização Mundial de
Boxe), ou pela AMB (Associação
Mundial de Boxe), ou por qualquer outra entidade do boxe?
Uma das vantagens: se você, por
qualquer motivo, não apreciasse
o atual presidente (por não concordar com seu modo de se vestir,
por exemplo), bastaria se filiar a
uma outra entidade que tivesse
como líder outro candidato derrotado nas últimas eleições...
Não faria sentido? Para os cartolas do pugilismo, faz.
Brasil 1
O leve Edson do Nascimento,
o Xuxa, enfrenta o colombiano Rosember Palacios em sua
estréia como contratado de
Don King, no próximo dia 22,
em Miami (EUA). O colombiano tem 17 vitórias, 12 nocautes, 7 derrotas e 3 empates. Originalmente, Xuxa enfrentaria Juan Polo-Perez, na
programação cuja luta de
fundo é uma defesa de título
de Félix Trinidad, mas a equipe do brasileiro teria vetado o
ex-campeão ""por ele ser canhoto" e por Xuxa não lutar
desde março.
Brasil 2
A Associação Internacional
de Boxe oficializou a destituição do supermédio Reginaldo ""Hollyfield" Andrade de
sua versão do título continental. O campeão, após luta
eliminatória pelo título vago,
passou a ser o norte-americano Fernando Zuniga.
E-mail
eohata@folhasp.com.br
www.uol.com.br/folha/pensata
Texto Anterior: Copa das Nações define equipe olímpica do Brasil Próximo Texto: + Esporte - Pense: Livro aborda atividades físicas e serve como guia para academias Índice
|