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Fifa coloca Materazzi e Zidane frente a frente
Entidade decide fazer acareação e investigar a provocação do zagueiro italiano
Árbitro da final do Mundial confirma que não ouviu a discussão entre os dois jogadores e que foi avisado por um dos assistentes
DA REPORTAGEM LOCAL
Os dois principais personagens da final da Copa do Mundo da Alemanha vão se reencontrar em campo neutro na
próxima quinta-feira, em Zurique. Convocados pela Fifa para
uma acareação, Zidane e Materazzi estarão frente a frente e
terão de explicar o episódio em
que se envolveram -que teve
como conseqüência a cabeçada
e a expulsão do francês.
A entidade que comanda o
futebol mundial, que já havia
decidido investigar a agressão,
agora voltou-se contra o defensor italiano graças às declarações do meia francês dadas a
duas emissoras de televisão.
Segundo a Fifa, o processo
disciplinar contra Materazzi
foi aberto a partir da entrevista
de Zidane, que acusou o adversário de insultar sua mãe e sua
irmã com "palavras duras" antes do tresloucado gesto que
surpreendeu o mundo.
A decisão vai ao encontro do
que pretendia o francês. "As
pessoas olham a reação, não a
ação. É preciso punir o culpado.
O verdadeiro culpado é aquele
que provoca", afirmou na TV.
O tetracampeão mundial decidiu se antecipar e vai comparecer hoje à sede da Fifa para
um depoimento preliminar.
Ele será acompanhado por um
dirigente da federação italiana.
Zidane deverá encaminhar
uma declaração por escrito até
a próxima terça-feira. Uma cópia será remetida a Materazzi, e
ambos se encontrarão dois dias
depois para a conclusão do processo. A divulgação das penas
só vai ocorrer no dia 21.
O zagueiro -que tatuou a Taça Fifa na coxa esquerda, além
do "23", número de sua camisa
na Copa, no braço- fez política
de boa vizinhança e tentou se
reaproximar do francês ao dizer que Zidane mereceu ganhar
a Bola de Ouro no Mundial.
"Ele ganhou pelo que fez
dentro de campo. Ele foi o melhor da Copa", afirmou.
Apesar de demonstrar despreocupação, a federação italiana acompanha o caso com
interesse e bem de perto.
É que, pelo estatuto da Fifa,
se ficar comprovado que o jogador da Azzurra insultou Zidane
com palavras de cunho racial
ou político, a seleção poderia
ser punida. É uma hipótese remota que inclui perda de pontos e suspensão internacional.
Materazzi apareceu ontem
no treinamento da Inter de Milão, seu clube, e foi saudado por
torcedores. O time apresentou
também Grosso, autor do gol de
pênalti que assegurou o título.
O juiz da partida, o argentino
Horacio Elizondo, confirmou
que não ouviu as ofensas e que
foi alertado por um de seus auxiliares sobre a agressão.
"Eu estava de costas em outro lugar do campo e não ouvi a
conversa entre os dois jogadores. Quando vi Materazzi no
chão, parei o jogo na hora."
Foi o espanhol Luis Medina
Cantalejo -quarto árbitro da
decisão- quem avisou o assistente Darío Garcia.
Elizondo reconheceu que a
atitude do francês foi "absolutamente inesperada" e que não
imaginou que expulsaria o astro justamente na última partida da carreira do ex-atleta. Segundo o árbitro, Zidane disse
que o juiz poderia ficar tranqüilo, "porque o que eu fiz mereceu mesmo o cartão vermelho".
O jornal italiano "Gazzetta
dello Sport" publicou em sua
edição de ontem que Zidane
ofendeu o juiz uruguaio Jorge
Larrionda na semifinal do
Mundial, contra Portugal.
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