São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 2006

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Fifa coloca Materazzi e Zidane frente a frente

Entidade decide fazer acareação e investigar a provocação do zagueiro italiano

Árbitro da final do Mundial confirma que não ouviu a discussão entre os dois jogadores e que foi avisado por um dos assistentes


DA REPORTAGEM LOCAL

Os dois principais personagens da final da Copa do Mundo da Alemanha vão se reencontrar em campo neutro na próxima quinta-feira, em Zurique. Convocados pela Fifa para uma acareação, Zidane e Materazzi estarão frente a frente e terão de explicar o episódio em que se envolveram -que teve como conseqüência a cabeçada e a expulsão do francês.
A entidade que comanda o futebol mundial, que já havia decidido investigar a agressão, agora voltou-se contra o defensor italiano graças às declarações do meia francês dadas a duas emissoras de televisão.
Segundo a Fifa, o processo disciplinar contra Materazzi foi aberto a partir da entrevista de Zidane, que acusou o adversário de insultar sua mãe e sua irmã com "palavras duras" antes do tresloucado gesto que surpreendeu o mundo.
A decisão vai ao encontro do que pretendia o francês. "As pessoas olham a reação, não a ação. É preciso punir o culpado. O verdadeiro culpado é aquele que provoca", afirmou na TV.
O tetracampeão mundial decidiu se antecipar e vai comparecer hoje à sede da Fifa para um depoimento preliminar. Ele será acompanhado por um dirigente da federação italiana.
Zidane deverá encaminhar uma declaração por escrito até a próxima terça-feira. Uma cópia será remetida a Materazzi, e ambos se encontrarão dois dias depois para a conclusão do processo. A divulgação das penas só vai ocorrer no dia 21.
O zagueiro -que tatuou a Taça Fifa na coxa esquerda, além do "23", número de sua camisa na Copa, no braço- fez política de boa vizinhança e tentou se reaproximar do francês ao dizer que Zidane mereceu ganhar a Bola de Ouro no Mundial.
"Ele ganhou pelo que fez dentro de campo. Ele foi o melhor da Copa", afirmou.
Apesar de demonstrar despreocupação, a federação italiana acompanha o caso com interesse e bem de perto.
É que, pelo estatuto da Fifa, se ficar comprovado que o jogador da Azzurra insultou Zidane com palavras de cunho racial ou político, a seleção poderia ser punida. É uma hipótese remota que inclui perda de pontos e suspensão internacional.
Materazzi apareceu ontem no treinamento da Inter de Milão, seu clube, e foi saudado por torcedores. O time apresentou também Grosso, autor do gol de pênalti que assegurou o título.
O juiz da partida, o argentino Horacio Elizondo, confirmou que não ouviu as ofensas e que foi alertado por um de seus auxiliares sobre a agressão.
"Eu estava de costas em outro lugar do campo e não ouvi a conversa entre os dois jogadores. Quando vi Materazzi no chão, parei o jogo na hora."
Foi o espanhol Luis Medina Cantalejo -quarto árbitro da decisão- quem avisou o assistente Darío Garcia.
Elizondo reconheceu que a atitude do francês foi "absolutamente inesperada" e que não imaginou que expulsaria o astro justamente na última partida da carreira do ex-atleta. Segundo o árbitro, Zidane disse que o juiz poderia ficar tranqüilo, "porque o que eu fiz mereceu mesmo o cartão vermelho".
O jornal italiano "Gazzetta dello Sport" publicou em sua edição de ontem que Zidane ofendeu o juiz uruguaio Jorge Larrionda na semifinal do Mundial, contra Portugal.


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