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Cama quebra na Vila e faz atletas dormirem no chão
"O estrado é muito vagabundo", diz o peso-pesado do judô
João Gabriel Schlitter, que tem 108 kg e quebrou três deles
A ponteira Regiane, recém-convocada para a seleção de
vôlei e que tem 74 kg,
vivenciou o problema na sua
primeira noite no alojamento
LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Em tese, a Vila Pan-Americana é um local para os atletas
descansarem com conforto.
Mas a premissa cai, no momento em que os estrados de algumas camas da vila não suportam o peso dos competidores e
quebram, obrigando-os a dormir sobre colchões no chão.
Se estraçalhar estrados fosse
uma prova dos Jogos, provavelmente, João Gabriel Schlitter
seria um medalhista de ouro.
O peso-pesado do time nacional de judô já quebrou três
camas. "Eu toco nas camas, e
elas quebram", brinca o atleta
de 22 anos, 108 kg e 1,98 m.
A primeira ele quebrou antes
de completar meia hora no alojamento. "Estava no quarto fazia uns 20 minutos, fui me virar
na cama, e o estrado quebrou."
Ele está sozinho em um quarto
com dois leitos. Havia outro vazio. "Fui sentar na cama e quebrei a segunda", diz Schlitter.
O mais curioso é que o judoca
não tem o perfil obeso da maioria dos atletas da modalidade
que competem na classe sem limite de peso. A rigor, ele é um
dos mais leves da sua categoria,
que costuma ter competidores
com mais de 130 kg.
Depois da segunda cama
quebrada, Schlitter recorreu à
cama de reserva, que fica no cômodo que será o quarto de empregada dos apartamentos. "A
terceira quebrou ontem [anteontem]. Daí eu desisti."
O carioca, que mora a 20 minutos de carro da vila, conta
que já sente alguma saudade de
sua cama e que a experiência de
destruir estrados é nova. "Não
sou de quebrar cama de hotéis,
em alojamentos. O estrado é
muito vagabundo mesmo."
Não é um caso único no judô.
Luciano Corrêa, 24, do meio-pesado (até 100 kg), no mesmo
apartamento, pôs o colchão no
chão pela mesma causa.
Luís Maurício Santos, 26, do
pólo aquático, diz que já houve
incidentes similares na sua
equipe. "A cama é boa, mas o
estrado é fraco. Se mexer muito, quebra mesmo", fala o goleiro (1,90 m e 92 kg). Ele ouviu
que o pessoal de apoio prometeu reforçar alguns estrados.
A situação não é privilégio de
homens. A ponteira Regiane,
substituta de Jaqueline no vôlei, passou pelo problema. Sentou na cama, que rachou. Além
do desconforto de dormir no
chão, a jogadora de 1,90 m e 74
kg teve que suportar a gozação
das colegas. Mas não perdeu o
bom humor. "Minha noite não
poderia ser melhor. Cheguei
quebrando tudo."
Luis Iglesia, da seleção panamenha de beisebol é outro que
dorme com colchão no chão.
Ele diz que um de seus companheiros quase machucou o ombro quando o estrado quebrou.
As queixas vão na contramão
do que Carlos Arthur Nuzman,
presidente do comitê organizador falou ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, que ontem
foi à vila. Após Lula elogiar a
instalação, Nuzman respondeu
a ele: "A opinião geral dos participantes e que já conheceram
outras vilas olímpicas é que a
do Rio 2007 se destaca por seu
padrão de qualidade".
Com MARIANA LAJOLO, enviada
especial ao Rio, e France Presse
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