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FUTEBOL
Família Ferreira mantém o domínio da entidade mineira desde 1966; oposição praticamente não existe mais
Dinastia comanda federação em Minas
PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
Desde agosto de 1966, a família
Ferreira mantém o poder na Federação Mineira de Futebol, enfrentando denúncias de corrupção,
usando a entidade para fins eleitorais, empregando parentes e amigos e se reelegendo por meio de
procurações das ligas do interior.
A dinastia começou no regime
militar, quando o coronel José
Guilherme Ferreira, então chefe
do gabinete militar do governador
Magalhães Pinto, chegou à presidência da entidade.
Hoje a federação é presidida pelo
filho do coronel reformado, Elmer
Guilherme Ferreira, no cargo desde janeiro de 1987.
Só entre 80 e 86 os Ferreira deixaram a presidência, mas não a entidade. Nesse período, ela foi presidida por Alcy Alvares Nogueira,
então membro do Tribunal de Justiça Desportiva, que no segundo
mandato teve Elmer como vice.
Em 1980, o coronel enfrentava
denúncias de corrupção -foi
condenado em 86 (leia texto nessa
página)- e, por isso, não se envolveu diretamente na disputa.
Como o seu pai, Elmer se mantém no cargo com os votos das ligas de futebol do interior, que passam procurações a aliados dos Ferreira, que votam por elas. Isso tem
se repetido há anos.
Contrários
Os opositores dos Ferreira desistiram de concorrer. Alegam que a
família controla as ligas e vários
clubes, e que não adiantaria disputar. O último embate foi em 80.
"É inacreditável. Estava disposto a disputar em 96, mas não quero
me envolver mais nisso", diz o advogado Otacílio Ferreira da Costa,
adversário desde os anos 60.
"O José Guilherme é um produto típico do movimento militar.
Somente uma intervenção nas federações pelo governo federal pode acabar com isso."
O ex-presidente da FMF e antecessor do coronel José Guilherme,
Benedicto Adami de Carvalho, diz
que "havia muita pressão" sobre
os opositores quando perdeu por
três votos a reeleição, em 66.
"Ele (o coronel) usou o cargo
que ocupava (chefe do gabinete
militar) para ser candidato. No interior, usou militares e delegados
de polícia para pressionar as ligas.
Estava claro que eu não ganharia."
Houve outro caso em que a PM
teve ação direta: em setembro de
72, contra um ex-presidente dos
anos 50, Francisco Côrtes.
A PM ocupou os elevadores do
prédio da entidade. Só entraram os
aliados do coronel. Houve tumultos, brigas e algumas pessoas da
oposição foram presas.
"Eu ganharia a eleição por nove
votos, mas ele cassou várias procurações que eu tinha."
Diz que o coronel tinha procurações assinadas em branco pelos
presidentes das ligas e as usou para
anular as levadas pela oposição.
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