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São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2003

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MUTANTE

Fã dos Mutantes, Garry Hall nada em Santo Domingo para tentar voltar ao topo em Atenas

Rock embala maior currículo dos Jogos

Antônio Gaudério/Folha Imagem
Gary Hall, que estréia hoje no revezamento 4 x 100 m livre


DOS ENVIADOS A SANTO DOMINGO

Com cabelos longos e desgrenhados, ele parece um guitarrista de rock dos anos 70. Por onde passa, é parado por torcedores e amigos. Os primeiros pedem autógrafos. Os outros perguntam o motivo do prolongado sumiço.
Gary Hall Jr., 28, é de fato um guitarrista de rock. Mas a admiração dos fãs e a surpresa dos atletas com sua presença no Pan-2003 vêm de sua trajetória nas piscinas. O nadador norte-americano é o atleta mais premiado a competir em Santo Domingo -acumula oito medalhas em duas Olimpíadas.
Nos últimos três anos, andou afastado dos principais eventos internacionais. Agora, quer provar nos Jogos que ainda tem fôlego para perpetuar a carreira.
"Estou me preparando para nadar bem em 2004. No Pan, já posso mostrar que continuo bastante perigoso", afirmou o nadador à Folha.
Ele estréia hoje no revezamento 4 x 100 m livre dos EUA. Amanhã, nada os 50 m livre, prova na qual é o atual campeão olímpico.
Com um currículo recheado de títulos, é estranho ver Hall na seleção B dos EUA -a equipe principal não foi à República Dominicana. "A seletiva para definir as equipes A e B dos EUA foi no ano passado. Eu não estava bem e acabei fora do time A. Mas não vejo problema. É o meu segundo Pan e essa é uma competição muito forte", disse.
Hall competiu em Mar del Plata-1995. Lá, além de integrar o time campeão do revezamento 4 x 100 m livre, protagonizou um inusitado episódio.
Pouco antes do início dos Jogos, ele caiu na piscina para treinar. "Quando acabei, vi que minha calça havia sumido da beira da piscina. Precisei voltar para a Vila apenas com minha velha sunga", contou ele.
Desde a última Olimpíada, Hall tem dividido o tempo dos treinos com o tratamento de uma doença. Em 1999, ele desmaiou sem motivo aparente em uma festa. No hospital, descobriu que tem um tipo de diabetes em que o sistema imunológico ataca células do próprio corpo.
"Foi um dos piores dias de minha vida. Achei que minha carreira iria acabar. Passei a ter uma vida mais controlada", afirmou.
Não foi a primeira vez, porém, que Hall teve problemas fora das piscinas. Em 1996, testou positivo para maconha nos Jogos de Atlanta. A substância ainda não fazia parte da lista das proibidas pelo COI e ele escapou ileso.
Dois anos depois, um novo vestígio de maconha foi detectado em sua urina. Dessa vez, a Federação Internacional de Natação o suspendeu por três meses.
No meio das turbulências, Hall sempre acha tempo para seu passatempo predileto: tocar guitarra. Fã de The Clash e Cream, ele tem uma banda e, sempre que pode, leva um violão para as provas. "Do Brasil, Mutantes é a minha banda favorita. Só falta aprender um pouco de português para entender as letras."
Filho de Gary Hall, nadador que obteve medalhas de três Olimpíadas (68, 72 e 76), Júnior nem pensa em parar.
Irreverente e polêmico, crê que irá ao pódio em Atenas. "Depois, não sei o que farei. Acho que meu grande sonho mesmo é ser astronauta." (EO, GR E JCA)

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