São Paulo, sábado, 14 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NATAÇÃO

Piscina rouba das pistas primazia nos Jogos

DO ENVIADO A ATENAS

O ruído apareceu na última Olimpíada. Na piscina, uma geração talentosa estraçalhou 15 recordes mundiais. Na pista, zero.
O cenário se consolidou. Em quatro anos, os holofotes do atletismo, tradicionalmente o esporte mais badalado dos Jogos, ficaram voltados para escândalos de doping e fiascos técnicos.
Melhor para a natação.
A modalidade dá a largada hoje em Atenas para uma das edições mais esperadas da história.
Logo de cara, na primeira prova, cai na água o responsável por boa parte da euforia. O americano Michael Phelps disputa os 400 m medley, seu primeiro passo na luta para conseguir oito ouros.
Explicação: ele quer superar a marca de Mark Spitz, seu compatriota que teve a mais premiada performance olímpica, com sete ouros em Munique-1972.
Mas o jovem de 19 anos é apenas parte desse boom. "Trouxemos uma das nossas melhores gerações. Os EUA também têm um time fantástico. Essa competição certamente será lembrada para sempre", explica Leigh Nugent, chefe da delegação australiana.
O último ciclo olímpico mostra que não há exagero na sua profecia. Dois Mundiais foram realizados depois de Sydney. Em Fukuoka-2001, caíram oito recordes. Dois anos depois, em Barcelona, outros 14 foram pulverizados.
Como comparação, o atletismo realizou Mundiais nos mesmos anos. Nada de recordes.
A mídia dos EUA atentou para a inversão dos valores e vai dedicar mais espaço para a natação em sua transmissão -1.210 horas, três vezes mais do que o programado para os últimos Jogos.
"Os atletas já perceberam que o esporte que praticam virou o centro das atenções. A pressão agora é maior. Conseguir um bom resultado está cada vez mais difícil", afirma Ricardo Moura, chefe da equipe brasileira na Grécia.
O país terá oito atletas nas eliminatórias de hoje. O destaque é Thiago Pereira, que disputa a mesma prova de Phelps.
Também começa a campanha do principal nome da última edição do torneio. Ian Thorpe entra como favorito ao bi nos 400 m livre, prova para a qual ele não se classificou. Ao menos no papel.
Nas seletivas australianas, em março, Thorpe queimou a largada e foi desclassificado.
Craig Stevens ficou com a vaga. Após muita pressão, abriu mão da vaga e permitiu que o "Torpedo" voltasse ao evento. Sua chance de ampliar a coleção de três ouros e uma prata obtidos em Sydney aumentou. A possibilidade de mais recordes na piscina também. (GUILHERME ROSEGUINI)


Texto Anterior: Polivalente: Tragédia: saia maria-mijona
Próximo Texto: Temperatura da água é motivo de preocupação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.