São Paulo, domingo, 14 de agosto de 2011

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JUCA KFOURI

O vacilo de Mano


Desta vez, até na entrevista após a derrota na Alemanha, o técnico meteu os pés pelas mãos

MANO MENEZES vinha se caracterizando por dar boas entrevistas para explicar as más atuações de sua seleção.
Parecia até uma época do cinema brasileiro na qual os diretores eram ótimos entrevistados e maus realizadores.
Agora, no entanto, depois da derrota para os alemães, o treinador fez o que o mundo da bola não costuma perdoar: deu uma de traíra. Ao dizer que certos erros tinham se transformado em padrão e por isso o time teria de ser mudado, o que é a pura verdade, e bastava, ele avançou o sinal e só faltou falar os nomes de Alexandre Pato e André Santos.
Porque fez referência explícita a gols perdidos e falhas defensivas.
Podemos todos, os jogadores da seleção brasileira inclusive, estarmos de acordo quanto ao fato de que Pato não se firma, com aquele seu arzinho de Mickey Rourke depois da gripe.
Como só Mano não se dava conta de que desde os tempos de Corinthians que André Santos apoia bem e é irresponsável na defesa.
Mas não precisava entregar a cabeça deles publicamente porque, reitere-se, mesmo os jogadores que eventualmente concordarem com a crítica do treinador sentirão o temor de que amanhã sejam eles os expostos.
E, por mais que Mano Menezes fosse ainda verde para o tamanho da responsabilidade que as recusas de Luiz Felipe Scolari e Muricy Ramalho lhe propiciaram, sua vivência no futebol e suas inegáveis sensibilidade e inteligência deveriam ser bem mais do que suficientes para evitar tamanha gafe.
Porque no ambiente da CBF ninguém dá bola ao fato de um técnico dar privilégios a um ou outro empresário, coisa que, sublinhe-se, Felipão não fez, mas trairagem soa fundo nos bastidores.
Mano Menezes, com 2011 praticamente perdido depois do fiasco na Copa América e mais uma derrota diante de um adversário grande, provavelmente não recuperará o prestígio, ainda mais diante de rivais como o Gabão.
E não será surpresa se apenas guardar o lugar ou para um querido semelhante de Ricardo Teixeira, caso Vanderlei Luxemburgo seja mais uma vez campeão brasileiro, ou para Luiz Felipe Scolari, novamente no papel de salvador da pátria, goela abaixo, com o que ele realizaria o jamais negado sonho de encerrar a carreira dirigindo a seleção na Copa do Mundo no Brasil.
O quadro parece ser este. Aguardemos.

blogdojuca@uol.com


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