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TÊNIS
Jogadora que mais liderou o ranking mundial, alemã, 30, afirma que não se diverte mais nas quadras
Graf, 377 semanas nº 1, se aposenta
das agências internacionais
Aos 30 anos e na terceira colocação do ranking mundial, a alemã
Steffi Graf anunciou ontem o fim
de uma das mais fantásticas carreiras da história do tênis.
"Consegui tudo que quis. Não
tenho mais nada a conquistar. E
decidi parar de jogar torneios",
disse ela, em entrevista na cidade
alemã de Heidelberg, onde mora.
Graf vinha enfrentando sérios
problemas físicos, com seguidas
contusões nos pés, nas pernas,
nos pulsos e nas costas.
"Terminar a carreira foi mais fácil do eu esperava", disse ela. "Você sempre quer pôr fim à carreira
quando está na elite. É uma situação que marca", afirmou.
Encerra-se, assim, uma carreira
que iniciou em 1982, já com uma
quebra de recorde (aos 12 anos,
ela se tornou a mais jovem tenista
a figurar no ranking).
Os feitos que obteve nesses 17
anos a colocam como uma das
maiores jogadoras da história.
É a tenista que mais tempo esteve na liderança do ranking mundial (377 semanas).
É a segunda maior ganhadora
de Grand Slams (a série de torneios mais importante do mundo), com 22 títulos, apenas duas
conquistas a menos do que a australiana Margaret Smith-Court.
O primeiro deles foi ganho em
1987, quando levantou o troféu do
aberto francês, em Roland Garros. No mesmo ano, conquistaria
a versão feminina do Masters.
O ano seguinte seria o melhor
de sua carreira. Obteve o que ficou informalmente conhecido
como "Golden Slam". Venceu os
Abertos da Austrália, França e
dos EUA e o Torneio de Wimbledon e ganhou a medalha de ouro
na Olimpíada de Seul.
Em 1989, quase repetiu a dose
-faltou-lhe Roland Garros.
No ano que seguinte, começou
a sofrer a concorrência daquela
que foi uma das maiores rivais de
sua carreira, a norte-americana
Monica Seles, para quem perdeu
a final do Aberto da França.
A partir daí, viu sua rival aumentar sucessivamente sua galeria de troféus, ganhando quase tudo em 91 e 92 -para Graf, sobrou
apenas Wimbledon.
Em 93, Seles deu sinais de que
repetiria a supremacia sobre Graf,
ganhando o Aberto da Austrália.
Mas um atentado, realizado por
Guenter Parche, fã enlouquecido
de Graf, mudou tudo. Ele esfaqueou Seles durante uma partida,
afastando a norte-americana das
quadras por mais de dois anos.
E a alemã retornou ao topo.
Venceu todos os torneios que restavam do Grand Slam.
Em 1994, voltaria a ter um ano
"fraco", ganhando apenas o
Aberto da Austrália. Mas retomaria o bom desempenho nos dois
anos seguintes, ganhando tudo, à
exceção do torneio australiano.
Depois, restaram-lhe os seguidos problemas físicos, que a impediram de jogar seguidamente
de forma competitiva.
Neste ano, voltou a brilhar. Ganhou o Aberto da França, quebrando um jejum de Grand Slams
de três anos. E disse que era só
uma espécie de "aquecimento"
para Wimbledon.
Em Londres, no entanto, não teve a mesma performance. Perdeu
a final para a norte-americana
Lindsay Davenport, sete anos
mais nova do que ela. "Talvez tenha me faltado motivação depois
de Paris", disse a alemã.
Os planos de Graf incluíam ainda uma participação no Aberto
dos EUA, no fim deste mês.
Mas uma contusão na perna,
que a obrigou a abandonar o Torneio de San Diego, há duas semanas, foi a gota d'água -tomou a
decisão ainda no avião que a levava embora da cidade.
"As semanas depois de Wimbledon não foram fáceis. Sinto
que já não consigo me divertir."
A aposentadoria de Graf significa o segundo duro golpe que o tênis alemão sofre neste ano -Boris Becker, maior tenista da história do país, também abandonou
as quadras.
Graf e Becker foram a mais vitoriosa geração do tênis alemão,
contribuindo decisivamente para
fazer do esporte o segundo mais
popular do país, atrás do futebol.
Fora das quadras, o maior obstáculo enfrentado por Graf foi a
prisão de seu pai, Peter, acusado
de sonegar impostos relativos aos
mais de US$ 20 milhões que a filha ganhou na carreira.
E o assédio da imprensa alemã,
ávida por desvendar sua vida
amorosa -Graf, atualmente, namora um piloto de carros de corrida chamado Michael Bartels.
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