São Paulo, Sábado, 14 de Agosto de 1999
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TÊNIS
Jogadora que mais liderou o ranking mundial, alemã, 30, afirma que não se diverte mais nas quadras
Graf, 377 semanas nº 1, se aposenta

das agências internacionais

Aos 30 anos e na terceira colocação do ranking mundial, a alemã Steffi Graf anunciou ontem o fim de uma das mais fantásticas carreiras da história do tênis.
"Consegui tudo que quis. Não tenho mais nada a conquistar. E decidi parar de jogar torneios", disse ela, em entrevista na cidade alemã de Heidelberg, onde mora.
Graf vinha enfrentando sérios problemas físicos, com seguidas contusões nos pés, nas pernas, nos pulsos e nas costas.
"Terminar a carreira foi mais fácil do eu esperava", disse ela. "Você sempre quer pôr fim à carreira quando está na elite. É uma situação que marca", afirmou.
Encerra-se, assim, uma carreira que iniciou em 1982, já com uma quebra de recorde (aos 12 anos, ela se tornou a mais jovem tenista a figurar no ranking).
Os feitos que obteve nesses 17 anos a colocam como uma das maiores jogadoras da história.
É a tenista que mais tempo esteve na liderança do ranking mundial (377 semanas).
É a segunda maior ganhadora de Grand Slams (a série de torneios mais importante do mundo), com 22 títulos, apenas duas conquistas a menos do que a australiana Margaret Smith-Court.
O primeiro deles foi ganho em 1987, quando levantou o troféu do aberto francês, em Roland Garros. No mesmo ano, conquistaria a versão feminina do Masters.
O ano seguinte seria o melhor de sua carreira. Obteve o que ficou informalmente conhecido como "Golden Slam". Venceu os Abertos da Austrália, França e dos EUA e o Torneio de Wimbledon e ganhou a medalha de ouro na Olimpíada de Seul.
Em 1989, quase repetiu a dose -faltou-lhe Roland Garros.
No ano que seguinte, começou a sofrer a concorrência daquela que foi uma das maiores rivais de sua carreira, a norte-americana Monica Seles, para quem perdeu a final do Aberto da França.
A partir daí, viu sua rival aumentar sucessivamente sua galeria de troféus, ganhando quase tudo em 91 e 92 -para Graf, sobrou apenas Wimbledon.
Em 93, Seles deu sinais de que repetiria a supremacia sobre Graf, ganhando o Aberto da Austrália.
Mas um atentado, realizado por Guenter Parche, fã enlouquecido de Graf, mudou tudo. Ele esfaqueou Seles durante uma partida, afastando a norte-americana das quadras por mais de dois anos.
E a alemã retornou ao topo. Venceu todos os torneios que restavam do Grand Slam.
Em 1994, voltaria a ter um ano "fraco", ganhando apenas o Aberto da Austrália. Mas retomaria o bom desempenho nos dois anos seguintes, ganhando tudo, à exceção do torneio australiano.
Depois, restaram-lhe os seguidos problemas físicos, que a impediram de jogar seguidamente de forma competitiva.
Neste ano, voltou a brilhar. Ganhou o Aberto da França, quebrando um jejum de Grand Slams de três anos. E disse que era só uma espécie de "aquecimento" para Wimbledon.
Em Londres, no entanto, não teve a mesma performance. Perdeu a final para a norte-americana Lindsay Davenport, sete anos mais nova do que ela. "Talvez tenha me faltado motivação depois de Paris", disse a alemã.
Os planos de Graf incluíam ainda uma participação no Aberto dos EUA, no fim deste mês.
Mas uma contusão na perna, que a obrigou a abandonar o Torneio de San Diego, há duas semanas, foi a gota d'água -tomou a decisão ainda no avião que a levava embora da cidade.
"As semanas depois de Wimbledon não foram fáceis. Sinto que já não consigo me divertir."
A aposentadoria de Graf significa o segundo duro golpe que o tênis alemão sofre neste ano -Boris Becker, maior tenista da história do país, também abandonou as quadras.
Graf e Becker foram a mais vitoriosa geração do tênis alemão, contribuindo decisivamente para fazer do esporte o segundo mais popular do país, atrás do futebol.
Fora das quadras, o maior obstáculo enfrentado por Graf foi a prisão de seu pai, Peter, acusado de sonegar impostos relativos aos mais de US$ 20 milhões que a filha ganhou na carreira.
E o assédio da imprensa alemã, ávida por desvendar sua vida amorosa -Graf, atualmente, namora um piloto de carros de corrida chamado Michael Bartels.


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