São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 2000

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MÍDIA
Jornalistas denunciam uso político

DO ENVIADO A SYDNEY

Nem tudo é bonito como o governo australiano tenta mostrar. Pelo menos é isso o que acha um grupo de jornalistas locais, que formaram um centro de imprensa paralelo a fim de combater o uso político que o primeiro-ministro John Howard estaria fazendo dos Jogos Olímpicos.
Chamado de Sydney Alternative Media Centre (Centro Alternativo de Imprensa de Sydney), ele está tentando convencer jornalistas estrangeiros a mostrar ""a verdadeira cara da cidade", que estaria sendo deixada de lado nas coberturas internacionais.
Segundo a porta-voz Kyla Slaven, ex-jornalista da rede de TV ABC, o objetivo do grupo é ""fornecer informações que fujam do oficialesco". ""Oferecemos histórias locais muito interessantes que mostram que a Austrália também tem seus problemas".
Uma delas é sobre um dos principais hotéis da cidade, que estaria empregando mão-de-obra barata da Indonésia. Depois dos Jogos, os funcionários contratados seriam demitidos e possivelmente extraditados.
Outra trata de suposto boicote contra monges tibetanos, que estariam sendo mantidos longe dos Jogos, por razões políticas.
No centro alternativo existem, por enquanto, oito funcionários fixos, incluindo jornalistas e estudantes universitários. Mas há pelo menos outros 20 atuando ""quando têm algum tempo disponível".
Segundo a porta-voz do grupo, trata-se de um trabalho voluntário. Seriam pessoas interessadas em trabalhar na Olimpíada, mas que não queriam ser ""usadas".
""A intenção do governo é deixar os assuntos espinhosos de lado e apenas mostrar o que há de bom. O melhor seria mostrar os dois lados e não jogar a sujeira temporariamente embaixo do tapete."
Além do governo, o COI tem sido alvo das críticas do grupo.
Eles distribuíram aos motoristas de ônibus da cidade comentários de Juan Antonio Samaranch, que teria chamado os manifestantes de incompetentes depois de ter ficado 25 minutos esperando por um veículo.
Apesar das acusações, pelo governo e pelo COI, de estarem sendo bancados por políticos oposicionistas, os jornalistas que atuam no centro negam, afirmando que o trabalho é não-remunerado e que o grupo não aceita patrocínio -tanto é verdade, dizem eles, que não têm sede própria, mas apenas um site (www.samcentre.org) e um único número de telefone. (JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO)


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