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MÍDIA
Jornalistas denunciam uso político
DO ENVIADO A SYDNEY
Nem tudo é bonito como o governo australiano tenta mostrar.
Pelo menos é isso o que acha um
grupo de jornalistas locais, que
formaram um centro de imprensa paralelo a fim de combater o
uso político que o primeiro-ministro John Howard estaria fazendo dos Jogos Olímpicos.
Chamado de Sydney Alternative Media Centre (Centro Alternativo de Imprensa de Sydney), ele
está tentando convencer jornalistas estrangeiros a mostrar ""a
verdadeira cara da cidade", que
estaria sendo deixada de lado nas
coberturas internacionais.
Segundo a porta-voz Kyla Slaven, ex-jornalista da rede de TV
ABC, o objetivo do grupo é ""fornecer informações que fujam do
oficialesco". ""Oferecemos histórias locais muito interessantes
que mostram que a Austrália
também tem seus problemas".
Uma delas é sobre um dos principais hotéis da cidade, que estaria
empregando mão-de-obra barata
da Indonésia. Depois dos Jogos,
os funcionários contratados seriam demitidos e possivelmente
extraditados.
Outra trata de suposto boicote
contra monges tibetanos, que estariam sendo mantidos longe dos
Jogos, por razões políticas.
No centro alternativo existem,
por enquanto, oito funcionários
fixos, incluindo jornalistas e estudantes universitários. Mas há pelo
menos outros 20 atuando ""quando têm algum tempo disponível".
Segundo a porta-voz do grupo,
trata-se de um trabalho voluntário. Seriam pessoas interessadas
em trabalhar na Olimpíada, mas
que não queriam ser ""usadas".
""A intenção do governo é deixar
os assuntos espinhosos de lado e
apenas mostrar o que há de bom.
O melhor seria mostrar os dois lados e não jogar a sujeira temporariamente embaixo do tapete."
Além do governo, o COI tem sido alvo das críticas do grupo.
Eles distribuíram aos motoristas de ônibus da cidade comentários de Juan Antonio Samaranch,
que teria chamado os manifestantes de incompetentes depois de
ter ficado 25 minutos esperando
por um veículo.
Apesar das acusações, pelo governo e pelo COI, de estarem sendo bancados por políticos oposicionistas, os jornalistas que atuam
no centro negam, afirmando que
o trabalho é não-remunerado e
que o grupo não aceita patrocínio
-tanto é verdade, dizem eles,
que não têm sede própria, mas
apenas um site (www.samcentre.org) e um único número de telefone.
(JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO)
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