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FUTEBOL
O treinador é a solução?
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
Ninguém pode negar que
o Campeonato Brasileiro está movimentadíssimo.
Em algumas rodadas, o Corinthians conseguiu se aproximar do
primeiro pelotão, o Palmeiras
desceu, o Atlético-PR virou vedete, o Flamengo vai escapando do
grupo dos quatro candidatos ao
rebaixamento e o Fluminense já
pode sonhar com a Libertadores.
De certa forma, todos os envolvidos brigam por alguma coisa
-ou pelo título ou por uma vaga
na Taça Libertadores ou para fugir do rebaixamento.
Esse dinamismo, como tem sido
observado, reflete o grau de equilíbrio do campeonato. Pena, no
entanto, que tudo isso aconteça
num quadro de rebaixamento do
nível técnico. O êxodo de jogadores (mais de uma centena já saiu
do país desde o início da competição) e as dificuldades financeiras
dos clubes vão deixando os torcedores brasileiros cada vez mais
entregues a mediocridades triunfantes.
E aqui cabe a pergunta: nesse
contexto de relativo nivelamento,
o papel do treinador ganha ou
perde relevância?
Há uma incrível movimentação
de treinadores no campeonato.
Alguns cumprem uma verdadeira
peregrinação de clube em clube.
Ao que parece, na incapacidade
de contratar craques, os dirigentes tentam dar satisfações a seus
torcedores trocando o comando
técnico. Será que isso resolve?
Por um lado, pode-se argumentar que times que contam com
grandes jogadores tendem a diminuir o papel e o brilho do técnico, enquanto nos elencos menos
dotados de talento, como a maioria dos que jogam no Brasil, o dedo do treinador pode fazer a diferença. Eles seriam capazes de
transformar equipes fracas em times organizados, eficientes e vitoriosos.
Nem sempre, porém, as coisas
são assim: há muitos exemplos de
times cheios de estrelas que não
conseguem alcançar um padrão
de rendimento compatível com a
qualidade dos jogadores. O Real
Madrid do ano passado talvez seja o exemplo mais próximo e gritante, mas aqui mesmo no Brasil
já tivemos casos célebres, como o
famigerado "ataque dos sonhos"
do Flamengo (Romário, Edmundo e Sávio) que virou pesadelo.
Por outro lado, times desprovidos de um mínimo de bons jogadores podem continuar, apesar
da capacidade do treinador, apenas medíocres. Pegue-se um Botafogo como está hoje: não há junta
de técnicos que possa dar jeito.
A conclusão óbvia é que bons times de futebol são aqueles que
conseguem atingir um certo grau
de equilíbrio dentro das condições de que dispõem. Para que se
tenha uma "equipe operária" eficiente ou um "All-Star Team" capaz de aniquilar seus concorrentes é preciso que os jogadores correspondam às funções que devem
ser cumpridas num time de futebol e se adeqüem ao esquema do
treinador -e vice-versa. E não se
pode esquecer de um fator fundamental, que é a "química" do
elenco, o ânimo daquilo que no
esporte se chama de "grupo".
Chamuscando
Por falar no papel dos técnicos,
o Péricles Chamusca vai mostrando serviço no São Caetano.
Depois de pegar o time na 12ª
posição, já o colocou em quarto
lugar. O ex-treinador do Santo
André tem a virtude de ousar.
Suas equipes fazem gols e no
São Caetano não está sendo diferente. A média de gols por jogo subiu. E o time parece disposto a ganhar fora de casa, como aconteceu contra o Vasco.
E isso faz a diferença.
Saindo do sufoco
O Fla, como havia escrito, vai
mostrando que tem condições
de sair do sufoco em que estava.
O problema é que num campeonato como este não basta
deixar a zona de rebaixamento.
É preciso avançar e manter-se
fora dela, o que exige cuidado e
aplicação permanentes.
E-mail mag@folhasp.com.br
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