|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Vitória é fruto de decisões arriscadas
Estratégia de só um pit stop e manutenção da caixa de câmbio danificada asseguram triunfo de Barrichello em Monza
Para não perder posições na
largada, brasileiro convence
sua equipe a não substituir
a peça problemática, que
resiste até a bandeirada final
Fred Dufour/France Presse
|
|
Jenson Button, líder do Mundial, e Rubens Barrichello, que está a 14 pontos do companheiro, na festa do champanhe em Monza
DA ENVIADA A MONZA
Uma decisão tomada durante a classificação e outra algumas horas antes da largada foram vitais para o segundo
triunfo de Rubens Barrichello
nesta temporada de F-1.
A primeira foi a escolha da
estratégia para o GP de ontem.
Como o Kers -sistema que recupera e armazena energia das
freadas e a transforma em potência- faz muita diferença no
veloz traçado de Monza, os engenheiros da Brawn resolveram apostar em só um pit stop
para tentar compensar essa
desvantagem. Deu certo.
"A gente sabia que, se saísse
na frente deles [McLaren e Ferrari], mas eles tivessem uma
ótima largada, teria sido impossível vencer", explicou Barrichello, a respeito da opção pelo
tanque cheio no treino classificatório, o que impediu uma posição de largada melhor.
"Eu saí bem e consegui ficar à
frente do [Heikki] Kovalainen
[da McLaren]. Sabia que meu
carro era bom o suficiente para
ficar na frente, e isso foi fundamental para o resto da corrida."
Após pular para quarto já na
partida (largou em quinto),
Barrichello manteve a distância para Lewis Hamilton, o líder, na casa dos 14s, o que lhe
daria tempo suficiente para fazer sua parada e ficar à frente
do inglês depois que ele tivesse
que fazer o segundo pit stop.
Depois que a primeira decisão se mostrou acertada quando Hamilton voltou à pista
atrás de Barrichello e Button,
era hora de esperar para ver se
o mesmo ocorreria com a outra.
O problema na caixa de câmbio de seu BGP 001 literalmente tirou o sono do brasileiro.
Apesar de seus engenheiros insistirem para que ela fosse trocada, Barrichello bateu o pé
-caso fosse substituída, ele
perderia cinco postos no grid.
"Tentei convencer o Ross
[Brawn, chefe do time] de que a
equipe toda podia sofrer muito
porque o Jenson podia até vencer, mas eu acabaria preso no
trânsito e terminaria com poucos pontos. Eu queria arriscar."
A indecisão, que vinha desde
que o problema começou no
GP da Bélgica, só terminou ontem pela manhã (no horário
italiano). "Às 22h, ainda não sabia o que ia acontecer", falou
Barrichello, que foi aconselhado a deixar seu celular ligado à
noite para qualquer dúvida e
que às 8h ele tocaria para avisar
sobre uma eventual troca.
"Acordei de hora em hora para ver se tinham me ligado. A
partir das 6h, praticamente
dormi abraçado no telefone."
Ele não tocou, e Barrichello
ligou para os engenheiros. Recebeu a notícia que queria. No
fim das 53 voltas, viu que sua
aposta vingara. O câmbio resistiu. Apesar disso, a incerteza seguirá até o GP do Japão. Só em
Interlagos poderá trocá-lo sem
punição.
(TATIANA CUNHA)
Texto Anterior: Juca Kfouri: O São Paulo cresce no retrovisor Próximo Texto: Dirigente da Williams critica ato de Nelsinho Índice
|