São Paulo, segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Vitória é fruto de decisões arriscadas

Estratégia de só um pit stop e manutenção da caixa de câmbio danificada asseguram triunfo de Barrichello em Monza

Para não perder posições na largada, brasileiro convence sua equipe a não substituir a peça problemática, que resiste até a bandeirada final

Fred Dufour/France Presse
Jenson Button, líder do Mundial, e Rubens Barrichello, que está a 14 pontos do companheiro, na festa do champanhe em Monza

DA ENVIADA A MONZA

Uma decisão tomada durante a classificação e outra algumas horas antes da largada foram vitais para o segundo triunfo de Rubens Barrichello nesta temporada de F-1.
A primeira foi a escolha da estratégia para o GP de ontem. Como o Kers -sistema que recupera e armazena energia das freadas e a transforma em potência- faz muita diferença no veloz traçado de Monza, os engenheiros da Brawn resolveram apostar em só um pit stop para tentar compensar essa desvantagem. Deu certo.
"A gente sabia que, se saísse na frente deles [McLaren e Ferrari], mas eles tivessem uma ótima largada, teria sido impossível vencer", explicou Barrichello, a respeito da opção pelo tanque cheio no treino classificatório, o que impediu uma posição de largada melhor.
"Eu saí bem e consegui ficar à frente do [Heikki] Kovalainen [da McLaren]. Sabia que meu carro era bom o suficiente para ficar na frente, e isso foi fundamental para o resto da corrida."
Após pular para quarto já na partida (largou em quinto), Barrichello manteve a distância para Lewis Hamilton, o líder, na casa dos 14s, o que lhe daria tempo suficiente para fazer sua parada e ficar à frente do inglês depois que ele tivesse que fazer o segundo pit stop.
Depois que a primeira decisão se mostrou acertada quando Hamilton voltou à pista atrás de Barrichello e Button, era hora de esperar para ver se o mesmo ocorreria com a outra.
O problema na caixa de câmbio de seu BGP 001 literalmente tirou o sono do brasileiro. Apesar de seus engenheiros insistirem para que ela fosse trocada, Barrichello bateu o pé -caso fosse substituída, ele perderia cinco postos no grid.
"Tentei convencer o Ross [Brawn, chefe do time] de que a equipe toda podia sofrer muito porque o Jenson podia até vencer, mas eu acabaria preso no trânsito e terminaria com poucos pontos. Eu queria arriscar."
A indecisão, que vinha desde que o problema começou no GP da Bélgica, só terminou ontem pela manhã (no horário italiano). "Às 22h, ainda não sabia o que ia acontecer", falou Barrichello, que foi aconselhado a deixar seu celular ligado à noite para qualquer dúvida e que às 8h ele tocaria para avisar sobre uma eventual troca.
"Acordei de hora em hora para ver se tinham me ligado. A partir das 6h, praticamente dormi abraçado no telefone."
Ele não tocou, e Barrichello ligou para os engenheiros. Recebeu a notícia que queria. No fim das 53 voltas, viu que sua aposta vingara. O câmbio resistiu. Apesar disso, a incerteza seguirá até o GP do Japão. Só em Interlagos poderá trocá-lo sem punição. (TATIANA CUNHA)


Texto Anterior: Juca Kfouri: O São Paulo cresce no retrovisor
Próximo Texto: Dirigente da Williams critica ato de Nelsinho
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.