São Paulo, segunda, 14 de setembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bariri assiste jogo surreal

da Sucursal do Rio

Um massagista saiu de campo de maca, o placar mostrou 1 a 0 por instantes, apesar do empate de 0 a 0, o juiz marcou um pênalti e depois mudou de idéia, um torcedor deu um soco no árbitro e foi mordido na perna por um cão pastor alemão da Polícia Militar, antes de ser agredido por um bandeirinha.
Cenas de violência marcaram o jogo entre Fluminense e CRB (AL), ontem, na rua Bariri, no subúrbio carioca de Olaria, pela Série B do Brasileiro.
Mesmo com seu time jogando num estádio modesto, a torcida tricolor, que o lotou, não esqueceu gestos aristocráticos, inspirados na origem de elite do clube: da arquibancada, alguém jogou uma moeda no árbitro Alexandre Lourenço Barreto, que marcou um pênalti para o Fluminense e depois voltou atrás. A moeda não era do ameaçado real, mas um "dime", dez centavos de dólar.
Ao final, torcedores quebraram a cobertura do banco de reservas do CRB. Os jogadores do time alagoano ficaram 28 minutos em campo, antes de a PM retirá-los, sob chuva de latas.
"Isso aqui não é nada", disse o zagueiro Kleber. "Difícil mesmo foi jogar no estádio do Paysandu, em Belém, onde nós tivemos que sair por dentro do bar, tomado pela torcida."
Enquanto menos de 30 PMs protegiam o CRB, um repórter de rádio avisava: "Se os torcedores do Fluminense souberem que na porta do vestiário do árbitro não há policial, a coisa vai ficar difícil". "Agora sabem por você", respondeu o comentarista.
Com 7 pontos no Grupo D, ameaçado de rebaixamento, mesmo com uma folha de R$ 400 mil -quatro vezes a do CRB-, o Fluminense teve um atleta a mais desde os 12min do segundo tempo, com a expulsão de Roberto Alves.
Pouco antes, o tricolor Adílson acertara a rede pelo lado de fora. A torcida, enganada, vibrou. O responsável pelo placar não teve dúvida: "deu" o gol.
Aos 29min, o juiz marcou um pênalti para a equipe da casa, foi cercado pelos visitantes e, subitamente, marcou falta do ataque.
No fim, o massagista do CRB, Assis, foi atingido por uma pedra. Saiu carregado, na maca -teve o ombro esquerdo enfaixado.
Na arquibancada, estava a faixa "Vencer ou Vencer", mote nascido nos anos 70, quando o Fluminense jogava em grandes estádios e era temido em todo o país. (MM)


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.