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Petkovic encontra o amor e o ódio no Flamengo
DA SUCURSAL DO RIO
Decisivo e de rara habilidade,
mas com a eterna cara de poucos
amigos e de temperamento explosivo, o meia iugoslavo Dejan
Petkovic, 29, que volta ao Flamengo hoje após cumprir suspensão
contra o Botafogo, é um ídolo isolado no clube. Autor dos gols dos
últimos dois títulos do time carioca, Petkovic é amado e odiado na
Gávea. Adorado pelos torcedores,
não é unanimidade entre os companheiros de equipe.
Longe do perfil do jogador carioca -que adora frequentar a
praia de dia e os pagodes de noite- Petkovic coleciona uma série
de desafetos no Flamengo.
"O Pet é aquilo que todos sabem. Às vezes, ele está aberto e
brinca com todos. Outros dias, ele
passa e não fala com ninguém",
disse o técnico Zagallo.
Há quase duas temporadas no
Flamengo, ele já se desentendeu
com quase todo mundo. Estrangeiro e com um salário milionário
-cerca de R$ 300 mil mensais-,
desperta muitos ciúmes na Gávea.
Como se não bastassem os agrados da diretoria do clube, ele tem
um estilo direto dentro de campo,
difícil de se encontrar no mundo
da bola. O meia não economiza
gestos para censurar os companheiros nos jogos. Vários colegas
não escondem a irritação com seu
comportamento. Sua personalidade explosiva já abreviou sua
carreira até na seleção iugoslava.
Avesso aos treinos, Petkovic se
isolou ainda mais ao entrar em
conflito com a comissão técnica.
Ele reclamou publicamente da
série de treinos e, principalmente,
dos exercícios físicos nos dias antes dos jogos. "No Brasil, se treina
muito", disse o jogador.
"O Pet tem um alto nível técnico, mas não pode se contentar só
com isso. Ele também tem que
ajudar na marcação e aperfeiçoar
o condicionamento físico. Minha
queixa com ele é só dentro do
campo", disse Zagallo, que não
cansa de pedir para o meia treinar
mais e se conter no gramado.
"Já falei com ele várias vezes sobre isso, mas é o seu temperamento. Vai ser difícil mudar."
O isolamento de Petkovic na
Gávea é grande. No campo, ele comemora praticamente sozinho os
seus gols. A diretoria do clube tem
dificuldade até para encontrar um
companheiro de quarto para o jogador nos hotéis.
Apesar das discussões públicas,
os jogadores não admitem o conflito com o principal ídolo da torcida. "Isso não existe. Cada um
tem o seu jeito", disse o atacante
Edílson, um dos jogadores que
boicotam Petkovic nas comemorações. "Ele tem o seu estilo, mas
temos que entender. Quando não
gosto das atitudes dele, vou falar
com ele", disse o meia Beto.
Apesar do clima adverso entre
os companheiros, Petkovic é adorado pelos torcedores na Gávea.
"Estou 100% com o Pet. Ele não
precisa correr como um louco
dentro de campo, mas quando a
bola chega ao pé dele é outra coisa. Se a CBF quisesse, poderia naturalizá-lo", disse o universitário
Carlos Antônio Cardoso, que assistia ao treino do Flamengo na
última quinta-feira.
(SR)
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