São Paulo, domingo, 14 de outubro de 2001

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Petkovic encontra o amor e o ódio no Flamengo

DA SUCURSAL DO RIO

Decisivo e de rara habilidade, mas com a eterna cara de poucos amigos e de temperamento explosivo, o meia iugoslavo Dejan Petkovic, 29, que volta ao Flamengo hoje após cumprir suspensão contra o Botafogo, é um ídolo isolado no clube. Autor dos gols dos últimos dois títulos do time carioca, Petkovic é amado e odiado na Gávea. Adorado pelos torcedores, não é unanimidade entre os companheiros de equipe.
Longe do perfil do jogador carioca -que adora frequentar a praia de dia e os pagodes de noite- Petkovic coleciona uma série de desafetos no Flamengo.
"O Pet é aquilo que todos sabem. Às vezes, ele está aberto e brinca com todos. Outros dias, ele passa e não fala com ninguém", disse o técnico Zagallo.
Há quase duas temporadas no Flamengo, ele já se desentendeu com quase todo mundo. Estrangeiro e com um salário milionário -cerca de R$ 300 mil mensais-, desperta muitos ciúmes na Gávea.
Como se não bastassem os agrados da diretoria do clube, ele tem um estilo direto dentro de campo, difícil de se encontrar no mundo da bola. O meia não economiza gestos para censurar os companheiros nos jogos. Vários colegas não escondem a irritação com seu comportamento. Sua personalidade explosiva já abreviou sua carreira até na seleção iugoslava.
Avesso aos treinos, Petkovic se isolou ainda mais ao entrar em conflito com a comissão técnica.
Ele reclamou publicamente da série de treinos e, principalmente, dos exercícios físicos nos dias antes dos jogos. "No Brasil, se treina muito", disse o jogador.
"O Pet tem um alto nível técnico, mas não pode se contentar só com isso. Ele também tem que ajudar na marcação e aperfeiçoar o condicionamento físico. Minha queixa com ele é só dentro do campo", disse Zagallo, que não cansa de pedir para o meia treinar mais e se conter no gramado.
"Já falei com ele várias vezes sobre isso, mas é o seu temperamento. Vai ser difícil mudar."
O isolamento de Petkovic na Gávea é grande. No campo, ele comemora praticamente sozinho os seus gols. A diretoria do clube tem dificuldade até para encontrar um companheiro de quarto para o jogador nos hotéis.
Apesar das discussões públicas, os jogadores não admitem o conflito com o principal ídolo da torcida. "Isso não existe. Cada um tem o seu jeito", disse o atacante Edílson, um dos jogadores que boicotam Petkovic nas comemorações. "Ele tem o seu estilo, mas temos que entender. Quando não gosto das atitudes dele, vou falar com ele", disse o meia Beto.
Apesar do clima adverso entre os companheiros, Petkovic é adorado pelos torcedores na Gávea. "Estou 100% com o Pet. Ele não precisa correr como um louco dentro de campo, mas quando a bola chega ao pé dele é outra coisa. Se a CBF quisesse, poderia naturalizá-lo", disse o universitário Carlos Antônio Cardoso, que assistia ao treino do Flamengo na última quinta-feira. (SR)



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