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AUTOMOBILISMO
No Japão, nesta madrugada, alemão chegaria à 161ª corrida na F-1, mesmo número do brasileiro
Schumacher iguala "tempo de serviço" de Senna nas pistas
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SUZUKA
Uma enorme coincidência estava programada para a largada do
GP do Japão, última etapa da F-1,
na madrugada de hoje. Justamente em Suzuka, onde Ayrton Senna
é idolatrado com fervor, Michael
Schumacher alcançaria o número
de corridas do brasileiro.
Em dez anos e um mês na categoria máxima do automobilismo,
Senna participou de 161 GPs. O
alemão chegaria hoje à marca,
igualando também o "tempo de
serviço" do tricampeão mundial:
estreou na F-1 em 25 de agosto de
1991, com um Jordan, na Bélgica.
A prova de Suzuka começaria às
3h30 (horário de Brasília). Com o
tetracampeonato assegurado desde o GP da Hungria, com cinco
corridas de antecedência, Schumacher entraria na pista apenas
para "cumprir tabela".
A prova valeria para definir posições intermediárias do campeonato. Dependendo do resultado,
Rubens Barrichello, companheiro
de equipe de Schumacher, poderia terminar o ano como vice-campeão mundial, a melhor posição de sua carreira na F-1.
"Para mim, é difícil comparar o
Schumacher com o Ayrton. O
Ayrton sempre foi meu ídolo, o
cara em que procurei me espelhar", afirmou Barrichello, em Suzuka, evitando traçar qualquer
paralelo entre os dois pilotos.
As comparações, porém, se tornaram inevitáveis no circuito japonês. A começar pelo fanatismo
e pela fidelidade do público local.
Morto em um acidente no GP
de San Marino de 1994, Senna é
visto como uma divindade em
Suzuka. Em finais de semana de
F-1, barraquinhas no autódromo
ainda vendem uma marca registrada do tetracampeão: bonés do
Banco Nacional, liquidado há
anos -um empresário japonês
fez fortuna ao adquirir os direitos
de uso da marca em seu país.
Piloto mais bem-sucedido da
atualidade, com mais vitórias e
um título a mais que o brasileiro,
Schumacher não desperta as mesmas paixões do público. Muito
pelo contrário: é relegado a segundo plano diante de pilotos que
disputaram categorias de acesso
no Japão, como seu irmão, Ralf,
Jacques Villeneuve, Eddie Irvine e
até Pedro de la Rosa.
Os motivos dessa diferença de
tratamento são explicados pelo
jornalista japonês Tetsuo Tsugawa, ex-mecânico, que está na F-1
desde 1977 e que trabalhou com
Senna na Toleman em 1984.
"Senna teve uma fantástica relação com a Honda. Ele fez aquele
motor japonês virar uma lenda.
Goto Honda [engenheiro dos motores Honda na F-1" amava Senna
e Senna amava Goto Honda", disse à Folha. "Além disso, Senna tinha uma maneira de pensar parecida com a nossa. E algo importante: ele não era europeu."
Tsugawa ainda lembra de outro
fator importante. "Senna era bonito. Acho que 75% da torcida dele no Japão era só de meninas. Depois que ele morreu, o público da
F-1 no Japão passou a ser só masculino. A categoria precisou começar do zero", completou.
Carisma à parte, Schumacher
conseguiu resultados melhores
que o brasileiro em um período
menor de tempo (veja quadro).
Até o recorde de 65 poles positions do brasileiro já passa a ser
ameaçado pelo alemão. Até hoje,
Schumacher já conquistou 43. E
seu contrato com a Ferrari vai até
o fim de 2004. Ou seja: o alemão
terá, no mínimo, 51 chances de fazer a pole. Se conseguir em 23
(45%), terá superado a marca.
Detalhe: nas últimas duas temporadas, o índice de aproveitamento do ferrarista em treinos
classificatórios foi de 59%.
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