São Paulo, domingo, 14 de outubro de 2001

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AUTOMOBILISMO

No Japão, nesta madrugada, alemão chegaria à 161ª corrida na F-1, mesmo número do brasileiro

Schumacher iguala "tempo de serviço" de Senna nas pistas

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SUZUKA

Uma enorme coincidência estava programada para a largada do GP do Japão, última etapa da F-1, na madrugada de hoje. Justamente em Suzuka, onde Ayrton Senna é idolatrado com fervor, Michael Schumacher alcançaria o número de corridas do brasileiro.
Em dez anos e um mês na categoria máxima do automobilismo, Senna participou de 161 GPs. O alemão chegaria hoje à marca, igualando também o "tempo de serviço" do tricampeão mundial: estreou na F-1 em 25 de agosto de 1991, com um Jordan, na Bélgica.
A prova de Suzuka começaria às 3h30 (horário de Brasília). Com o tetracampeonato assegurado desde o GP da Hungria, com cinco corridas de antecedência, Schumacher entraria na pista apenas para "cumprir tabela".
A prova valeria para definir posições intermediárias do campeonato. Dependendo do resultado, Rubens Barrichello, companheiro de equipe de Schumacher, poderia terminar o ano como vice-campeão mundial, a melhor posição de sua carreira na F-1.
"Para mim, é difícil comparar o Schumacher com o Ayrton. O Ayrton sempre foi meu ídolo, o cara em que procurei me espelhar", afirmou Barrichello, em Suzuka, evitando traçar qualquer paralelo entre os dois pilotos.
As comparações, porém, se tornaram inevitáveis no circuito japonês. A começar pelo fanatismo e pela fidelidade do público local.
Morto em um acidente no GP de San Marino de 1994, Senna é visto como uma divindade em Suzuka. Em finais de semana de F-1, barraquinhas no autódromo ainda vendem uma marca registrada do tetracampeão: bonés do Banco Nacional, liquidado há anos -um empresário japonês fez fortuna ao adquirir os direitos de uso da marca em seu país.
Piloto mais bem-sucedido da atualidade, com mais vitórias e um título a mais que o brasileiro, Schumacher não desperta as mesmas paixões do público. Muito pelo contrário: é relegado a segundo plano diante de pilotos que disputaram categorias de acesso no Japão, como seu irmão, Ralf, Jacques Villeneuve, Eddie Irvine e até Pedro de la Rosa.
Os motivos dessa diferença de tratamento são explicados pelo jornalista japonês Tetsuo Tsugawa, ex-mecânico, que está na F-1 desde 1977 e que trabalhou com Senna na Toleman em 1984.
"Senna teve uma fantástica relação com a Honda. Ele fez aquele motor japonês virar uma lenda. Goto Honda [engenheiro dos motores Honda na F-1" amava Senna e Senna amava Goto Honda", disse à Folha. "Além disso, Senna tinha uma maneira de pensar parecida com a nossa. E algo importante: ele não era europeu."
Tsugawa ainda lembra de outro fator importante. "Senna era bonito. Acho que 75% da torcida dele no Japão era só de meninas. Depois que ele morreu, o público da F-1 no Japão passou a ser só masculino. A categoria precisou começar do zero", completou.
Carisma à parte, Schumacher conseguiu resultados melhores que o brasileiro em um período menor de tempo (veja quadro).
Até o recorde de 65 poles positions do brasileiro já passa a ser ameaçado pelo alemão. Até hoje, Schumacher já conquistou 43. E seu contrato com a Ferrari vai até o fim de 2004. Ou seja: o alemão terá, no mínimo, 51 chances de fazer a pole. Se conseguir em 23 (45%), terá superado a marca.
Detalhe: nas últimas duas temporadas, o índice de aproveitamento do ferrarista em treinos classificatórios foi de 59%.


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