São Paulo, domingo, 14 de outubro de 2001

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FUTEBOL

O gigante adormecido acordou

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Ásia é a bola da vez.
Maior continente do mundo, a terra de quase 60% da população do planeta respira guerra (já faz algum tempo) e Copa do Mundo (há bem pouco tempo).
Em meio a bombardeios e atentados, os asiáticos celebram a classificação da China, assistem aos jogos decisivos das eliminatórias no continente, procuram dar garantias de segurança para o torneio de 2002 e já exigem cinco vagas para a Copa de 2006.
Desde que o futebol começou na Ásia, em fevereiro de 1913, com um jogo entre China e Filipinas, em Manila, os muitos problemas, disputas e diferenças da região atrapalharam o desenvolvimento do esporte. E, se para a Fifa a África sempre foi o ""primo pobre" da família do futebol, a Ásia foi tratada como o primo mais distante, o que menos precisa de atenção.
A cúpula do futebol mundial identifica seis fatores que brecaram o futebol asiático no século 20: questões financeiras, alimentação, costumes religiosos, disputas políticas, corrupção e incompetência administrativa.
A China é talvez o grande retrato do futebol no continente. Os chineses foram de fato os que primeiro evoluíram na modalidade na região. Em disputas pioneiras contra filipinos e japoneses, especialmente, entre as décadas de 10 e 30, os chineses venceram nove das dez edições dos Jogos do Extremo Leste. Porém ficaram isolados durante mais de 20 anos ao não admitirem a presença de Taiwan na Confederação Asiática de Futebol -só ingressaram na entidade em 1974, um ano antes de Israel e Taiwan serem expulsos.
O futebol asiático foi dividido historicamente em três grandes grupos, que criaram seus três torneios e pouco se misturaram por razões geográficas (a distância entre Riad e Seul é quase a mesma entre Madri e Rio).
Um grupo era do Golfo Pérsico, outro reunia países do Sul, como Bangladesh, Butão, Índia, Maldivas, Nepal, Paquistão e Sri Lanka, e um terceiro agrupava nações do Sudeste, como Brunei, Indonésia, Malásia, Filipinas, Vietnã, Laos, Camboja, Cingapura e Tailândia.
Até os anos 40, as seleções de quase todos os países da Ásia eram formadas por estrangeiros que lá residiam. Nos anos 50, a modalidade se expandiu na Ásia com a criação do torneio de futebol nos Jogos Asiáticos e da Copa da Ásia. Mas isso era algo oficial, atestado pela Confederação Asiática. Os países muçulmanos não engoliam a presença de Israel, que fez as três primeiras finais do principal torneio continental -em 1964, venceu a Copa da Ásia, mas só três equipes foram jogar em território israelense.
Muitos países (Malásia, Tailândia, Índia, Indonésia) criaram torneios regionais anuais, dificultando a ação global da confederação. Essa deixou Taiwan jogar muito tempo com o nome da China usando atletas de Hong Kong -expulsou Taiwan em 1975 e depois a admitiu em 1990- e só nos últimos anos juntou as várias forças do continente para fazer valer a sua importância.
A China, após o isolamento, voltou poderosa nos anos 80, indo à final da Copa da Ásia e faturando torneios de juniores e juvenis. Esteve até perto de ganhar vaga nas últimas Copas.
Desde 1913, falava-se que a China tinha o maior potencial do planeta no futebol. Por extensão, o mesmo pode ser dito da Ásia.
É hora de abrir os olhos porque o gigante está acordado.

Afeganistão
Foi fundador da Confederação Asiática. Em 56, na Copa da Ásia, caiu no grupo de Israel e desistiu do torneio, como o Paquistão.

Oriente Médio
O dinheiro do petróleo mexeu com o futebol na região após os anos 70. Arábia e Kuait foram à Copa, e Israel e se ligou à Uefa.

Cazaquistão
Pode integrar a partir do ano que vem a Uefa. O desmanche da União Soviética aumentou a disputa em campo na Ásia, tanto que o Uzbequistão foi decidir com a China os Jogos Asiáticos em 94.

Índia
A outra superpotência populacional da Ásia já não é só uma colônia futebolística do Reino Unido, que criou liga em Calcutá em 1898 e fundou a federação em 1937, mas está longe da China.

E-mail rbueno@folhasp.com.br



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