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FUTEBOL
O gigante adormecido acordou
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Ásia é a bola da vez.
Maior continente do mundo, a terra de quase 60% da população do planeta respira guerra
(já faz algum tempo) e Copa do
Mundo (há bem pouco tempo).
Em meio a bombardeios e atentados, os asiáticos celebram a
classificação da China, assistem
aos jogos decisivos das eliminatórias no continente, procuram dar
garantias de segurança para o
torneio de 2002 e já exigem cinco
vagas para a Copa de 2006.
Desde que o futebol começou na
Ásia, em fevereiro de 1913, com
um jogo entre China e Filipinas,
em Manila, os muitos problemas,
disputas e diferenças da região
atrapalharam o desenvolvimento
do esporte. E, se para a Fifa a África sempre foi o ""primo pobre" da
família do futebol, a Ásia foi tratada como o primo mais distante,
o que menos precisa de atenção.
A cúpula do futebol mundial
identifica seis fatores que brecaram o futebol asiático no século
20: questões financeiras, alimentação, costumes religiosos, disputas políticas, corrupção e incompetência administrativa.
A China é talvez o grande retrato do futebol no continente. Os
chineses foram de fato os que primeiro evoluíram na modalidade
na região. Em disputas pioneiras
contra filipinos e japoneses, especialmente, entre as décadas de 10
e 30, os chineses venceram nove
das dez edições dos Jogos do Extremo Leste. Porém ficaram isolados durante mais de 20 anos ao
não admitirem a presença de Taiwan na Confederação Asiática de
Futebol -só ingressaram na entidade em 1974, um ano antes de
Israel e Taiwan serem expulsos.
O futebol asiático foi dividido
historicamente em três grandes
grupos, que criaram seus três torneios e pouco se misturaram por
razões geográficas (a distância
entre Riad e Seul é quase a mesma entre Madri e Rio).
Um grupo era do Golfo Pérsico,
outro reunia países do Sul, como
Bangladesh, Butão, Índia, Maldivas, Nepal, Paquistão e Sri Lanka,
e um terceiro agrupava nações do
Sudeste, como Brunei, Indonésia,
Malásia, Filipinas, Vietnã, Laos,
Camboja, Cingapura e Tailândia.
Até os anos 40, as seleções de
quase todos os países da Ásia
eram formadas por estrangeiros
que lá residiam. Nos anos 50, a
modalidade se expandiu na Ásia
com a criação do torneio de futebol nos Jogos Asiáticos e da Copa
da Ásia. Mas isso era algo oficial,
atestado pela Confederação Asiática. Os países muçulmanos não
engoliam a presença de Israel,
que fez as três primeiras finais do
principal torneio continental
-em 1964, venceu a Copa da
Ásia, mas só três equipes foram
jogar em território israelense.
Muitos países (Malásia, Tailândia, Índia, Indonésia) criaram
torneios regionais anuais, dificultando a ação global da confederação. Essa deixou Taiwan jogar
muito tempo com o nome da China usando atletas de Hong Kong
-expulsou Taiwan em 1975 e depois a admitiu em 1990- e só nos
últimos anos juntou as várias forças do continente para fazer valer
a sua importância.
A China, após o isolamento,
voltou poderosa nos anos 80, indo
à final da Copa da Ásia e faturando torneios de juniores e juvenis.
Esteve até perto de ganhar vaga
nas últimas Copas.
Desde 1913, falava-se que a China tinha o maior potencial do
planeta no futebol. Por extensão,
o mesmo pode ser dito da Ásia.
É hora de abrir os olhos porque
o gigante está acordado.
Afeganistão
Foi fundador da Confederação Asiática. Em 56, na Copa da Ásia,
caiu no grupo de Israel e desistiu do torneio, como o Paquistão.
Oriente Médio
O dinheiro do petróleo mexeu com o futebol na região após os
anos 70. Arábia e Kuait foram à Copa, e Israel e se ligou à Uefa.
Cazaquistão
Pode integrar a partir do ano que vem a Uefa. O desmanche da
União Soviética aumentou a disputa em campo na Ásia, tanto que
o Uzbequistão foi decidir com a China os Jogos Asiáticos em 94.
Índia
A outra superpotência populacional da Ásia já não é só uma colônia futebolística do Reino Unido, que criou liga em Calcutá em
1898 e fundou a federação em 1937, mas está longe da China.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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