|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VÔLEI
É campeão
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
Dez anos depois, a mesma
cena. Um ponto de saque e a
vitória. Em 1992, foi Marcelo Negrão que fechou o jogo contra a
Holanda e garantiu a medalha de
ouro olímpica nos Jogos de Barcelona. Ontem, foi a vez de Giovane
repetir a jogada, em Buenos Aires, e fazer o último ponto da decisão do título mundial.
A seleção brasileira derrubou a
Rússia e conquistou o único grande título que lhe faltava. A façanha merece muita festa. Além do
Brasil, só outras três seleções foram campeãs mundiais e olímpicas: URSS, Polônia e EUA.
O time brasileiro não começou
bem o jogo, mas iniciou a virada e
garantiu a vitória depois que
acertou o saque e quando também, mais uma vez, o técnico Bernardinho mostrou coragem. No
segundo set, ele colocou, e manteve em quadra, os reservas Ricardinho e Anderson nos lugares de
Maurício e André.
Tudo parecia caminhar para
uma vitória brasileira, mas a
Rússia voltou a encaixar o saque
e o bloqueio no quarto set. O último set foi uma batalha, e novamente valeu a mão de Bernardinho. Ele colocou em quadra Giovane e Maurício, nos lugares de
Ricardinho e Anderson.
Resultado: Giovane fez os dois
últimos pontos do jogo. Isso mostra a maior força do time brasileiro: não ter apenas seis titulares. A
equipe conta com um grupo de 12
grandes jogadores.
Vale também aqui registrar a
atuação do capitão Nalbert durante todo o torneio e, especialmente, ontem. Liderou o time o
jogo inteiro e deu um show de bola. Foi um leão na quadra.
A campanha não deixa dúvidas
que o Brasil tem hoje a melhor
equipe do mundo. A partir das
quartas-de-final, o time teve pela
frente as três grandes forças do
vôlei mundial: Itália, Iugoslávia e
Rússia. Venceu as três partidas.
Na Olimpíada de Barcelona, a seleção chegou ao ouro, mas não
enfrentou a Itália.
O que mais impressionou nessa
final não foi nem o que aconteceu
em quadra, mas o reencontro de
Brasil e Rússia (então parte da
URSS), vinte anos depois, em
uma decisão de título mundial
novamente no ginásio Luna Park,
em Buenos Aires.
Raras vezes na vida se tem a
chance de reviver uma história e
mudar o seu final.
Bernardinho teve esse privilégio. Há vinte anos, como levantador reserva da seleção, perdeu o
título. Agora, como técnico, voltou ao mesmo local e comandou o
time na conquista do ouro. Uma
vitória repleta de significados.
A geração de prata de Renan,
Xandó, Montanaro, Bernard e
William deu frutos de ouro.
Seus herdeiros, que seguiram no
esporte que tomou conta do país
depois do vice-campeonato de
1982, cresceram, se aperfeiçoaram
e venceram um combate que parece até que começou há vinte
anos e só terminou ontem.
O Mundial da Argentina também marcou o encerramento de
uma era: o fim do império italiano, que já durava doze anos.
A "azzurra", campeã mundial
nas três últimas edições da competição, não conseguiu nem ficar
entre os quatro primeiros colocados. Teve que se contentar com a
quinta posição.
Já os franceses foram a surpresa
do Mundial. Quem poderia prever que a França, seleção do bloco
intermediário, poderia chegar à
medalha de bronze? Na decisão
do terceiro lugar, venceu a Iugoslávia, campeã olímpica, por 3 a 0.
Os tropeços
Cuba e Estados Unidos, representantes do continente americano
com tradição no vôlei, naufragaram na Argentina. Os norte-americanos, comandados pelo técnico Doug Beal, ficaram em 12º lugar.
E o time ainda disputou o torneio reforçado pelo levantador Lloy
Ball, um dos melhores do mundo nessa posição. Já os cubanos,
com uma equipe totalmente renovada, amargaram a 21ª colocação, na frente apenas de Egito, Tunísia e Cazaquistão.
Decepção
A República Tcheca chegou ao Mundial como uma das possíveis
surpresas. E motivos para isso não faltavam: o time havia sido
quarto colocado no Campeonato Europeu e está disputando sua
primeira temporada sob o comando de Júlio Velasco, o técnico que
construiu o império italiano. Mas nada disso adiantou na Argentina. Os tchecos tiveram que se conformar com a 15ª colocação. Pobre Velasco!
E-mail cidasan@uol.com.br
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: O que ver na TV Índice
|