São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 2002

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VÔLEI

É campeão

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Dez anos depois, a mesma cena. Um ponto de saque e a vitória. Em 1992, foi Marcelo Negrão que fechou o jogo contra a Holanda e garantiu a medalha de ouro olímpica nos Jogos de Barcelona. Ontem, foi a vez de Giovane repetir a jogada, em Buenos Aires, e fazer o último ponto da decisão do título mundial.
A seleção brasileira derrubou a Rússia e conquistou o único grande título que lhe faltava. A façanha merece muita festa. Além do Brasil, só outras três seleções foram campeãs mundiais e olímpicas: URSS, Polônia e EUA.
O time brasileiro não começou bem o jogo, mas iniciou a virada e garantiu a vitória depois que acertou o saque e quando também, mais uma vez, o técnico Bernardinho mostrou coragem. No segundo set, ele colocou, e manteve em quadra, os reservas Ricardinho e Anderson nos lugares de Maurício e André.
Tudo parecia caminhar para uma vitória brasileira, mas a Rússia voltou a encaixar o saque e o bloqueio no quarto set. O último set foi uma batalha, e novamente valeu a mão de Bernardinho. Ele colocou em quadra Giovane e Maurício, nos lugares de Ricardinho e Anderson.
Resultado: Giovane fez os dois últimos pontos do jogo. Isso mostra a maior força do time brasileiro: não ter apenas seis titulares. A equipe conta com um grupo de 12 grandes jogadores.
Vale também aqui registrar a atuação do capitão Nalbert durante todo o torneio e, especialmente, ontem. Liderou o time o jogo inteiro e deu um show de bola. Foi um leão na quadra.
A campanha não deixa dúvidas que o Brasil tem hoje a melhor equipe do mundo. A partir das quartas-de-final, o time teve pela frente as três grandes forças do vôlei mundial: Itália, Iugoslávia e Rússia. Venceu as três partidas. Na Olimpíada de Barcelona, a seleção chegou ao ouro, mas não enfrentou a Itália.
O que mais impressionou nessa final não foi nem o que aconteceu em quadra, mas o reencontro de Brasil e Rússia (então parte da URSS), vinte anos depois, em uma decisão de título mundial novamente no ginásio Luna Park, em Buenos Aires.
Raras vezes na vida se tem a chance de reviver uma história e mudar o seu final.
Bernardinho teve esse privilégio. Há vinte anos, como levantador reserva da seleção, perdeu o título. Agora, como técnico, voltou ao mesmo local e comandou o time na conquista do ouro. Uma vitória repleta de significados.
A geração de prata de Renan, Xandó, Montanaro, Bernard e William deu frutos de ouro.
Seus herdeiros, que seguiram no esporte que tomou conta do país depois do vice-campeonato de 1982, cresceram, se aperfeiçoaram e venceram um combate que parece até que começou há vinte anos e só terminou ontem.
O Mundial da Argentina também marcou o encerramento de uma era: o fim do império italiano, que já durava doze anos.
A "azzurra", campeã mundial nas três últimas edições da competição, não conseguiu nem ficar entre os quatro primeiros colocados. Teve que se contentar com a quinta posição.
Já os franceses foram a surpresa do Mundial. Quem poderia prever que a França, seleção do bloco intermediário, poderia chegar à medalha de bronze? Na decisão do terceiro lugar, venceu a Iugoslávia, campeã olímpica, por 3 a 0.

Os tropeços

Cuba e Estados Unidos, representantes do continente americano com tradição no vôlei, naufragaram na Argentina. Os norte-americanos, comandados pelo técnico Doug Beal, ficaram em 12º lugar. E o time ainda disputou o torneio reforçado pelo levantador Lloy Ball, um dos melhores do mundo nessa posição. Já os cubanos, com uma equipe totalmente renovada, amargaram a 21ª colocação, na frente apenas de Egito, Tunísia e Cazaquistão.

Decepção

A República Tcheca chegou ao Mundial como uma das possíveis surpresas. E motivos para isso não faltavam: o time havia sido quarto colocado no Campeonato Europeu e está disputando sua primeira temporada sob o comando de Júlio Velasco, o técnico que construiu o império italiano. Mas nada disso adiantou na Argentina. Os tchecos tiveram que se conformar com a 15ª colocação. Pobre Velasco!

E-mail cidasan@uol.com.br


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