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São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 2003

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Valentino Rossi planeja trocar as duas rodas pelos carros e realizar sonho de 50 anos da escuderia

Ferrari chama, e campeão das motos quer agora a F-1


TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Ferrari convidou ontem o pentacampeão mundial de motociclismo, Valentino Rossi, para testar seu carro. "A sério", como definiu o presidente da montadora italiana, Luca di Montezemolo.
Caso ele se adapte às quatro rodas, estará aberto o caminho para a realização de dois sonhos.
O primeiro, da Ferrari, que há 50 anos não consegue ganhar o Mundial com um italiano sentado em seu carro -o último foi Alberto Ascari, em 1953.
A segunda realização seria a do próprio Rossi, como explicou ele em entrevista à Folha durante o GP Brasil de moto, no Rio. "Queria correr de carro. Quero testar um F-1", disse o piloto, que está atrasando a renovação de seu contrato com a Honda justamente por causa disso. A equipe quer assinar por três anos. Mas ele só pretende mantê-lo até o final do ano que vem, justamente para poder mudar de ares depois.
Apaixonado por velocidade desde pequeno, o italiano começou sua carreira no kart. No ano passado, inclusive, participou da etapa da Grã-Bretanha do Mundial de Rali. Bateu e se viu obrigado a abandonar a prova. Foi sua primeira experiência internacional profissional com carros.
"Sempre foi difícil mudar das duas para as quatro rodas, e é ainda mais difícil atualmente. Mas Valentino é um grande campeão e símbolo de uma terra do esporte a motor", disse Montezemolo.
Como se não bastasse, Rossi é objeto de desejo de Bernie Ecclestone, homem-forte da F-1, que já chegou a declarar que substituiria metade dos pilotos do grid da categoria pelo italiano, que "sabe dar seu show e tem carisma".
Personalidade à parte, os números do italiano de 24 anos impressionam. Anteontem, fez história ao se tornar o mais jovem piloto no motociclismo a sagrar-se pentacampeão mundial. Neste ano, alcançou a inacreditável marca de 50% de aproveitamento de vitórias nas 500 cc/MotoGP. Venceu 31 de seus 62 GPs.
Na história do automobilismo, houve só um campeão nas motos e na F-1: o britânico John Surtees, em 1964. Pilotava uma Ferrari.

Folha - Você se vê correndo profissionalmente daqui a dez anos?
Valentino Rossi -
Espero estar correndo, mas não mais de moto. Queria correr de carro.

Folha - Carro de F-1?
Rossi -
Se eu for capaz de dirigir um carro de F-1, sim. Se não, gostaria de correr de rali. Mas definitivamente quero testar um F-1. Mas não quero fazer disso uma coisa pública, um evento para a imprensa. Quero fazer um teste de verdade para ver se sou capaz.

Folha - Mas só correria na Ferrari?
Rossi -
Não. Claro que isso seria um sonho, um italiano correndo na Ferrari... Mas acho muito difícil. Correria por qualquer equipe.

Folha - Os recordes te motivam?
Rossi -
Lógico que gosto de ver meu nome nos livros, quebrando recordes. Mas não corro por isso.

Folha - Você gosta de ser comparado com Michael Schumacher?
Rossi -
Não diria que somos pessoas parecidas, mas de fato temos algumas semelhanças. Para mim ele é o melhor piloto da F-1, então, se as pessoas me comparam com ele, me sinto lisonjeado.

Folha - Quem são seus ídolos?
Rossi -
No motociclismo, o Kevin Schwantz [campeão das 500 cc em 1993]. No automobilismo, o Senna. Ele era muito bom. Depois dele, o Jacques [Villeneuve, campeão de F-1 em 1997].

Folha - Você é supersticioso? Tem medo de morrer?
Rossi -
Tenho, mas não penso nisso quando estou correndo. Superstição, todos temos. Eu tenho muitas. Coloco uma luva antes da outra, uma bota antes da outra. Mas são coisas pessoais.

Folha - Quando não está competindo, dirige carro ou moto?
Rossi -
Depende do clima. No verão, prefiro andar de moto. No inverno, meu carro, um BMW M3.

Folha - Como torcedor da Inter de Milão, você ficou chateado quando o Ronaldo foi para o Real Madrid? Rossi - Não fiquei feliz quando ele foi embora. Mas ele continua sendo meu jogador favorito. Ele é um cara muito legal. Hoje tem o Zidane, o Beckham, mas o Ronaldo ainda é o melhor para mim.

Folha - Sempre leva seus amigos para suas corridas?
Rossi -
Sempre. Meu melhor amigo, o Hudson, de tanto viajar comigo agora trabalha para mim. Quando estou de folga gosto de sair com eles, dançar, jantar, fazer o que qualquer pessoa de 24 anos faz. Gosto de jogar PlayStation.

Folha - Você é fã do Brasil. Mas a violência no Rio não te assusta?
Rossi -
Tenho um pouco de medo sim. Mas a cidade tem restaurantes muito bons, e as pessoas estão sempre fazendo festa. Eu me divirto muito no Brasil.

Folha - E as brasileiras?
Rossi -
Gosto muito das mulheres brasileiras. Elas são bem diferentes das européias e das italianas também... Principalmente fisicamente [mostrando com as mão as curvas que admira].

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