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Valentino Rossi planeja trocar as duas rodas pelos carros e realizar sonho de 50 anos da escuderia
Ferrari chama, e campeão das motos quer agora a F-1
TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Ferrari convidou ontem o
pentacampeão mundial de motociclismo, Valentino Rossi, para
testar seu carro. "A sério", como
definiu o presidente da montadora italiana, Luca di Montezemolo.
Caso ele se adapte às quatro rodas, estará aberto o caminho para
a realização de dois sonhos.
O primeiro, da Ferrari, que há
50 anos não consegue ganhar o
Mundial com um italiano sentado
em seu carro -o último foi Alberto Ascari, em 1953.
A segunda realização seria a do
próprio Rossi, como explicou ele
em entrevista à Folha durante o
GP Brasil de moto, no Rio. "Queria correr de carro. Quero testar
um F-1", disse o piloto, que está
atrasando a renovação de seu
contrato com a Honda justamente por causa disso. A equipe quer
assinar por três anos. Mas ele só
pretende mantê-lo até o final do
ano que vem, justamente para poder mudar de ares depois.
Apaixonado por velocidade
desde pequeno, o italiano começou sua carreira no kart. No ano
passado, inclusive, participou da
etapa da Grã-Bretanha do Mundial de Rali. Bateu e se viu obrigado a abandonar a prova. Foi sua
primeira experiência internacional profissional com carros.
"Sempre foi difícil mudar das
duas para as quatro rodas, e é ainda mais difícil atualmente. Mas
Valentino é um grande campeão e
símbolo de uma terra do esporte a
motor", disse Montezemolo.
Como se não bastasse, Rossi é
objeto de desejo de Bernie Ecclestone, homem-forte da F-1, que já
chegou a declarar que substituiria
metade dos pilotos do grid da categoria pelo italiano, que "sabe
dar seu show e tem carisma".
Personalidade à parte, os números do italiano de 24 anos impressionam. Anteontem, fez história
ao se tornar o mais jovem piloto
no motociclismo a sagrar-se pentacampeão mundial. Neste ano,
alcançou a inacreditável marca de
50% de aproveitamento de vitórias nas 500 cc/MotoGP. Venceu
31 de seus 62 GPs.
Na história do automobilismo,
houve só um campeão nas motos
e na F-1: o britânico John Surtees,
em 1964. Pilotava uma Ferrari.
Folha - Você se vê correndo profissionalmente daqui a dez anos?
Valentino Rossi - Espero estar
correndo, mas não mais de moto.
Queria correr de carro.
Folha - Carro de F-1?
Rossi - Se eu for capaz de dirigir
um carro de F-1, sim. Se não, gostaria de correr de rali. Mas definitivamente quero testar um F-1.
Mas não quero fazer disso uma
coisa pública, um evento para a
imprensa. Quero fazer um teste
de verdade para ver se sou capaz.
Folha - Mas só correria na Ferrari?
Rossi - Não. Claro que isso seria
um sonho, um italiano correndo
na Ferrari... Mas acho muito difícil. Correria por qualquer equipe.
Folha - Os recordes te motivam?
Rossi - Lógico que gosto de ver
meu nome nos livros, quebrando
recordes. Mas não corro por isso.
Folha - Você gosta de ser comparado com Michael Schumacher?
Rossi - Não diria que somos pessoas parecidas, mas de fato temos
algumas semelhanças. Para mim
ele é o melhor piloto da F-1, então,
se as pessoas me comparam com
ele, me sinto lisonjeado.
Folha - Quem são seus ídolos?
Rossi - No motociclismo, o Kevin Schwantz [campeão das 500
cc em 1993]. No automobilismo, o
Senna. Ele era muito bom. Depois
dele, o Jacques [Villeneuve, campeão de F-1 em 1997].
Folha - Você é supersticioso? Tem
medo de morrer?
Rossi - Tenho, mas não penso
nisso quando estou correndo. Superstição, todos temos. Eu tenho
muitas. Coloco uma luva antes da
outra, uma bota antes da outra.
Mas são coisas pessoais.
Folha - Quando não está competindo, dirige carro ou moto?
Rossi - Depende do clima. No verão, prefiro andar de moto. No inverno, meu carro, um BMW M3.
Folha - Como torcedor da Inter de
Milão, você ficou chateado quando
o Ronaldo foi para o Real Madrid?
Rossi - Não fiquei feliz quando ele
foi embora. Mas ele continua sendo meu jogador favorito. Ele é um
cara muito legal. Hoje tem o Zidane, o Beckham, mas o Ronaldo
ainda é o melhor para mim.
Folha - Sempre leva seus amigos
para suas corridas?
Rossi - Sempre. Meu melhor
amigo, o Hudson, de tanto viajar
comigo agora trabalha para mim.
Quando estou de folga gosto de
sair com eles, dançar, jantar, fazer
o que qualquer pessoa de 24 anos
faz. Gosto de jogar PlayStation.
Folha - Você é fã do Brasil. Mas a
violência no Rio não te assusta?
Rossi -Tenho um pouco de medo sim. Mas a cidade tem restaurantes muito bons, e as pessoas
estão sempre fazendo festa. Eu me
divirto muito no Brasil.
Folha - E as brasileiras?
Rossi - Gosto muito das mulheres brasileiras. Elas são bem diferentes das européias e das italianas também... Principalmente fisicamente [mostrando com as
mão as curvas que admira].
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