São Paulo, sexta-feira, 14 de outubro de 2005

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FUTEBOL

Atacante renuncia a ação por ofensa racial, e inquérito será arquivado

Grafite desiste de queixa e encerra caso com Desábato

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O atacante Grafite, do São Paulo, entrou na última terça-feira no Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais), na capital paulista, com uma petição de renúncia ao direito de queixa contra o zagueiro argentino Leandro Desábato.
Dessa forma, o inquérito que apurava a denúncia de que o defensor argentino supostamente xingou Grafite de "negro de merda", dia 13 de abril, no jogo São Paulo 3 x 1 Quilmes, no Morumbi, pela Libertadores, será arquivado.
O inquérito está com o Ministério Público. Depois um juiz determinará o seu arquivamento, porque o jogador são-paulino desistiu da ação penal privada.
O prazo final para a queixa era ontem, seis meses após a abertura do inquérito que investigava Desábato, acusado de crime de injúria qualificada (com preconceito relativo a raça). Se Grafite, 26, que se recupera de lesão no joelho, tivesse entrado com ela, o inquérito só viraria processo se um juiz aceitasse a denúncia. Caso o argentino fosse condenado, a pena iria de um a três anos de reclusão, se um dia ele voltasse ao Brasil.
No dia do jogo, antes do intervalo, Desábato, 26, havia se desentendido com Grafite, expulso. O argentino foi preso no final pelo delegado Osvaldo Nico Gonçalves, do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), a mando do secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, que via o duelo pela TV.
O narrador Galvão Bueno, da Globo, foi o primeiro a falar que Desábato xingou Grafite de negro. Ele disse que fez isso por leitura labial, mesmo sem nenhum microfone ter captado o áudio.
Desábato, que ficou preso por 36 horas em duas delegacias e saiu ao pagar fiança, negou ter ofendido Grafite com palavras racistas. Falou ter dito só "toma la banana y métetela por el culo" e "cagón."
Além das testemunhas, a polícia baseou a acusação num laudo de professoras de surdos-mudos, que atestaram que Desábato xingou Grafite em português ("negrinho"). O laudo do Instituto de Criminalística foi inconclusivo.


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