São Paulo, domingo, 14 de outubro de 2007

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JUCA KFOURI

As voltas que a bola dá

Quase dois anos separaram ontem da "decisão" de 2005. E 30 anos afastam um Corinthians do atual

QUASE DOIS anos separam o jogo de ontem, no mesmo Pacaembu, do entre Corinthians e Inter, praticamente decisivo, no Brasileirão-2005. Entre este 13 de outubro e o 20 de novembro do 1 a 1 fatídico, para os gaúchos, que não tiveram o famoso pênalti em Tinga e o viram expulso de campo, muita coisa mudou.
A começar pela situação de ambos na tabela, então líder e vice-líder -e não na luta para não cair.
Embora o resultado de ontem, outro 1 a 1, importe muito, é o que menos importa. Importa constatar o desmanche de um time campeão nacional naquele ano e de outro campeão mundial no seguinte. Importa, também, mostrar que, se a situação política do Inter não tinha por que mudar, a do Corinthians tinha e não mudou.
Sim, porque é justo que o novo presidente alvinegro entenda que esteja cercado de desconfiança, por mais esperança que os corintianos queiram depositar em sua gestão.
A verdade é que ele assume o clube na mais grave crise de sua história centenária e com o apoio da maioria responsável pelo desastre, sinalização de pizza no ar, mesmo com a instalação de uma CPI do Corinthians, porque a opinião pública nem nisso acredita mais.
Nesses quase dois anos, presidente e vice do Corinthians caíram indiciados por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, quadrilha da qual, queira ou não, o novo presidente fez parte -o que continua a chamar a atenção do Gaeco, por exemplo, e da Polícia Federal.
E motivo do apoio dos ex-presidente e vice, por ambos considerarem que o novo está suficientemente enredado para não dificultar suas vidas.
Andrés Sanches, que também tem o apoio de bem-intencionados conselheiros, terá de fazer mágica para se sair bem e até parece estar convencido disso. Ao garantir que não mente, desmentiu que pense em trazer Antônio Carlos, suspenso por racismo quando atleta do Juventude, e Vanderlei Luxemburgo para o Parque São Jorge.
Este, apesar de suas qualidades como técnico, é encrenca que, ao menos neste momento, o Corinthians não só não precisa como não pode pagar.
Ou voltaremos imediatamente aos tempos dos fins justificarem os meios, como se argumentou para fazer a parceria com a MSI.
Impossível, ainda, falar em 13 de outubro na vida corintiana e não lembrar dos 30 anos do gol de Basílio, epopéia indelével aos olhos e corações que o testemunharam. Mas aqueles sim eram outros tempos, que não voltam mais, e nem é o caso de lamentar, embora seja, outra vez, o de constatar que o Corinthians já foi bem mais Corinthians do que é hoje.
Se Sanches conseguir recuperar 50% desse sentimento, merecerá uma estátua.

Hoje tem seleção
As eliminatórias começam escondidas porque o Brasileirão nem pára, e o calendário de 2008 é anunciado pela CBF com os absurdos de sempre, sem se adequar ao calendário mundial e ao manter fora da Copa do Brasil os clubes classificados para a Libertadores.


blogdojuca@uol.com.br

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