São Paulo, Domingo, 14 de Novembro de 1999
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Parece que hoje vai ter jogo


Após semana dominada por tapetões, mudança de critérios e ameaça de "virada de mesa" e paralisação, 4 jogos abrem hoje a segunda fase do Brasileiro
da Reportagem Local

A essa altura ninguém pode afirmar com certeza, mas parece que hoje vai começar, com a disputa de quatro jogos, a segunda fase, no sistema de mata-mata, do Campeonato Brasileiro.
Guarani x Corinthians, em Campinas, Atlético-MG x Cruzeiro, em Belo Horizonte, Vasco x Vitória, em Salvador, e São Paulo x Ponte Preta, no Morumbi, todos começando às 18h30, redirecionam para o lugar certo, o gramado, o foco do maior campeonato do país, desviado recentemente para tribunais e escritórios.
Na última semana, a propalada paixão do brasileiro por futebol foi posta à prova como há muito não se via.
Dando sequência a uma disputa judicial iniciada em outubro, quando o Botafogo-RJ ganhou no TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) os três pontos que havia perdido em campo para o São Paulo (por registro irregular do atacante Sandro Hiroshi), na terça-feira o Internacional teve ação semelhante julgada. Numa decisão surpreendente, ganhou apenas um ponto, quando deveria ter ganho dois, já que o confronto com o São Paulo terminara empatado.
No dia seguinte, a Comissão Disciplinar do TJD voltou atrás, e deu mais um ponto aos gaúchos.
À noite, em rodada marcada pela catimba dos times que ainda concorriam a uma vaga e os que estavam ameaçados de rebaixamento (as luzes do Beira-Rio, em Porto Alegre, foram apagadas nos minutos finais de Inter 1 x 0 Palmeiras), a primeira fase foi encerrada, e o cenário foi o melhor possível para o Clube dos 13, grupo de maior poder político no futebol nacional: o São Paulo estava classificado, e Botafogo-RJ e Inter, que estavam ameaçados de rebaixamento, mas venceram seus jogos, continuavam na Série A.
Dessa forma, a "virada de mesa" que já vinha sendo programada pelos grandes (os critérios para o rebaixamento seriam mudados, ajudando Botafogo-RJ e Inter) acabou sendo abortada.
Ainda assim, no dia seguinte, o São Paulo, que já conseguira o apoio da cúpula do futebol paulista, resolveu ir à Justiça comum para recuperar os pontos perdidos no TJD. Quem entrou com a ação, na Justiça Federal de São Paulo, foi o Sindicato dos Clubes Profissionais do Estado (Sindbol).
Na noite da quinta, sob a alegação de que a Justiça Federal é incompetente para julgar a questão, a ação foi extinta. O Sindbol não quis recorrer.
Para fechar a "ópera-bufa", a CBF passou por cima do que havia dito dias antes e abriu uma vaga na seletiva para a Libertadores -para calar o Sport, que havia ficado de fora, e evitar nova tentativa de interrupção do torneio (em troca, o time pernambucano retirou a ação que movia contra o São Paulo no caso Hiroshi).
Depois de tudo, resta saber se quatro bons jogos serão suficientes para levar o escaldado torcedor brasileiro aos estádios hoje.


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