São Paulo, quarta-feira, 14 de novembro de 2001

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TÊNIS

Masters (emoção)

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Gustavo Kuerten (pressão): O brasileiro disse que até fazia bem um pouco de pressão sobre ele. Que a pressão o motivava. Mais pressão do que agora, então, impossível.
A derrota na estréia não é barata. Significa que precisa vencer os dois jogos para continuar defendendo sua liderança. Em conversa com os jornalistas após a derrota, praticamente jogou a toalha. Falou que será muito difícil ganhar de Kafelnikov e Ferrero e que não está em boa fase.
Disse também que a derrota na estréia foi injusta. O certo é que, depois de um início lento, Kuerten desperdiçou as chances que teve. E não foram poucas. Injusta ou justa, real porém. Agora, é ganhar ou ganhar. Ou voltar para o Florianópolis, o que, para ele, não é nada mal.
Lleyton Hewitt (decisão): O australiano superou bem o nervosismo da estréia.
Nervosismo, sim, porque para Hewitt esta é a competição mais importante de sua vida. Disse que talvez nunca mais na vida tenha uma oportunidade de disputar um Masters em seu país e ainda ter chances de ser campeão.
Em quadra, é o que se mostrou mais adaptado ao piso, à velocidade da bola. Se não tem o saque ou o golpe mais devastador, é o que achou o melhor atalho para os golpes, encontrando ângulos incríveis para colocar a bola.
Andre Agassi (serenidade): O americano, sobre quem pairavam as maiores dúvidas antes da abertura do Masters, não viajaria para tão longe, justo ele que não gosta de ficar viajando, não fosse para disputar seriamente o título.
O que Agassi mais temia era o primeiro jogo: contra a torcida local, fora de ritmo. "Um puta jogo", confidenciou. Pois bem: foi muito bem, não dando chance a um adversário motivado.
Ievguêni Kafelnikov (obstinação): O russo sabe que esta é provavelmente sua última chance de ganhar um Masters. À sombra da disputa pelo número um do ranking, corre por fora.
Diferentemente do que aconteceu nas outras seis vezes, chega embalado por boas atuações e mais interessado nos jogos do que na temporada de esqui em alguma cidadezinha austríaca.
Juan Carlos Ferrero (deslumbramento): O espanhol chegou mais interessado em conhecer a "reunião dos melhores" do que nas chances de ser campeão.
Na quadra, fez uma boa atuação, mas quer mesmo é ganhar experiência para a próximo ano -e não esconde isso de ninguém.
Patrick Rafter (felicidade): O australiano imagina não sair campeão. O que importa é a Copa Davis. O Masters não é só um treino de luxo. Está servindo para Rafter pensar se continua ou pára ao fim da temporada. De certo, torce para seu compatriota.
Sébastien Grosjean (diversão): O francês revelou que já tinha planos para uma viagem nesta época do ano. Eis que ganhou a vaga no Masters.
Sem revelar que é sua viagem de entretenimento, Grosjean decretou que é o torneio para se divertir. "Aproveitar ao máximo", disse, ganhando ou perdendo.
Goran Ivanisevic (lucro): O croata não iria passar de janeiro. Eliminado no qualifying na própria Austrália, ia parar. Mas decidiu tentar um pouco mais. Ganhou Wimbledon e, mesmo mal das pernas, garantiu-se no Masters. Foi e está jogando solto. De quebra, ganhou do número um do mundo.

Na parede
Em Tenisbrasil, ouço comentário de Ricardo Acioly, capitão na Davis e solteiro até o fim de semana: ""Kuerten está contra a parede. Mas já esteve na última temporada". Para quem não lembra, o brasileiro perdeu o primeiro jogo em Lisboa e, depois, fez história.

No paredão
Recebo dois e-mails irados, indignados com o tratamento dispensado por esta coluna a Sébastien Grosjean. Não há dúvida de que é um excelente tenista. Mas é preciso ir com calma. Certa vez ouvi de Pete Sampras: uma série de torneio em um ano não pode consagrar um tenista. É preciso observá-lo, ano a ano, ver a história toda.

Na paralela
Com o Masters de Sydney rolando solto, quem quer saber de torneios menores? Muita gente. A Copa Ericsson segue pelo continente e tem seu Masters no início de dezembro, no Rio.

E-mail: reandaku@uol.com.br



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