São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 2002

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Dois erros de bandeirinhas evitam derrota que minguaria a chance de o time escapar da Série B

Arbitragem não deixa Palmeiras cair em casa

Rubens Cavallari/Folha Imagem
Nenê toca para, em impedimento, marcar o gol do Palmeiras, que definirá sua permanência na elite do Brasileiro na última rodada


Antônio Gaudério/Folha Imagem
O flamenguista Athirson reclama com o árbitro Giuliano Bozzano


EDUARDO ARRUDA
FÁBIO VICTOR
LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Desta vez, a ajuda não veio de Nossa Senhora Aparecida, a santa escolhida para amparar o desespero do Palmeiras à beira da segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Ontem à noite, no empate em 1 a 1 com o Flamengo no Parque Antarctica, quem deu uma enorme força ao time paulista foi o trio de arbitragem.
O árbitro Giuliano Bozzano e os bandeirinhas Vawran da Silva Rosa e Carlos Berkembrock, todos de Santa Catarina, validaram um gol do Palmeiras cujo autor estava impedido e, alegando impedimento, anularam outro do Flamengo, marcado por um jogador em posição legal.
"Tinha uma quadrilha aqui querendo salvar o Palmeiras", afirmou um revoltado Hélio Ferraz, o presidente do Flamengo, questionado sobre a arbitragem.
Até os jogadores do Palmeiras reconheceram que o time foi beneficiado. "O erro é humano. Se fosse contra nós, iríamos reclamar também. Ainda bem que foi a nosso favor. Não fosse isso, a coisa estaria pior", disse César.
Mas a coisa segue muito ruim para o Palmeiras, que, com 27 pontos, precisa vencer o Vitória no domingo em Salvador e torcer por tropeços de adversários para se livrar do rebaixamento.
A torcida palmeirense encheu o Parque Antarctica. Um ar de batalha campal, de final de campeonato, cercou o estádio na noite chuvosa de ontem.
Em campo, o clima não foi diferente. Postado quase que totalmente na defesa, o Flamengo congestionou seu meio-campo com cinco jogadores (três volantes), fez marcação individual sobre os armadores palmeirenses e apostou nos contra-ataques.
Com seu setor de criação anulado, o Palmeiras apostou nos chuveirinhos do paraguaio Arce.
Entre os dois times, Giuliano Bozzano, pressionado a todo instante pelos jogadores e que, para coibir a rispidez e a tensão da partida, lançou mão dos cartões amarelos: foram oito em todo o jogo, seis apenas no primeiro tempo.
A cada lance mais duro, os atletas, principalmente os palmeirenses, cercavam o juiz, na esperança de ver um rival expulso.
O Flamengo só chegava ao gol de Sérgio em lances casuais, normalmente finalizados por Liédson ou Athirson.
Mas o Palmeiras jogava mal. Zinho, autor do primeiro gol na vitória sobre o Fluminense e mais experiente jogador do time, esteve irreconhecível e acabou substituído no segundo tempo.
O castigo veio aos 32min: após um chutão da defesa do Flamengo, Alexandre ficou no "mano a mano" com Liédson e recuou de cabeça para Sérgio. O toque foi errado, e a saída do goleiro idem, permitindo ao flamenguista penetrar livre para abrir o placar.
Enquanto Liédson caminhava para as redes, a caça as bruxas já começava, com Alexandre e Sérgio discutindo e trocando empurrões. "Eu me precipitei", disse o zagueiro no intervalo. "Eu achei que ele [Alexandre] fosse tirar, mas não tirou", disse o goleiro.
Aos 41min, Fábio Baiano cruzou da direita, e Liédson empurrou para o fundo das redes, mas a arbitragem anulou corretamente.
Os times não mudaram para o segundo tempo. Mas, por volta dos 10min, a torcida do Palmeiras começou a pedir a entrada do atacante Nenê. Culpi atendeu aos 15min, sacando Zinho, e aproveitou para pôr em campo também Dodô, no lugar de Itamar.
Prenúncio da torcida e sorte do técnico: com um minuto em campo, Dodô recebeu na grande área e tentou chutar a gol, mas a bola saiu mascada e parou na perna esquerda de Nenê, que empurrou para as redes. O autor do gol estava impedido, assim como Rubens Cardoso, que estava ao seu lado, mas o placar já era 1 a 1.
Aos 40min, após cruzamento da esquerda, André Dias completou de barriga para fazer mais um gol para o Flamengo, mas o juiz anulou -novamente de forma incorreta, pois o meia estava em posição legal na hora do lançamento.



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