São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 2006

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"Reféns", clubes devem aceitar Paulista barato

Dependentes da Globo, times paulistas rumam para negar oferta da Record

Apoios financeiro e político influenciam Palmeiras, Santos e Corinthians na negociação sobre direitos de TV; São Paulo é a exceção

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Com pendências financeiras com a Globo, dirigentes dos grandes clubes de São Paulo e da federação paulista devem rechaçar hoje uma proposta da Record que dobraria o valor do Paulista, a partir de 2008. A tendência é a renovação com a emissora carioca até 2009.
A Globo propôs a extensão do contrato do Paulista por um valor entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões anuais. A rede de TV paulista oferecia entre R$ 60 e R$ 70 milhões por ano.
O encontro visa a discussão dessa proposta mais vantajosa. Mas a emissora carioca diz já ter assinaturas da maioria dos clube, exceto do São Paulo, obtidas na semana passada.
Ontem, o presidente da Record, Alexandre Raposo, foi a um programa de esporte da rede para dizer que estava esperando a resposta da FPF. Chegou a mostrar o telefone celular no ar para enfatizar sua oferta.
Mas, pressionado pela FPF, o Palmeiras foi o primeiro a assinar com a Globo. O clube obteve uma antecipação de R$ 11 milhões em cotas de TV, do Brasileiro e do Paulista.
O dinheiro foi repassado pela federação para que o clube pagasse débitos do futebol. Em troca, a FPF exige favores.
A diretoria corintiana também já fez antecipações de cotas do Brasileiro, por meio do Clube dos 13. "Nestas negociações, se for haver uma mudança, tem que pagar a diferença de volta", admite o vice de Finanças do Corinthians, Emerson Pioversan, que não participa diretamente das negociações.
O Santos não fez antecipações de cotas de TV, mas precisa do apoio da Globo. Isso porque o clube reivindica aumento de sua fatia no Brasileiro. Quer chegar ao Grupo 1, onde estão os times de maiores cotas.
Além disso, só com vários jogos transmitidos em TV aberta os santistas podem pedir reajustes de seus patrocinadores.
Sem antecipar receitas, o São Paulo defende abrir negociação. "O que queremos é mais dinheiro", disse o diretor João Paulo Lopes. Mas o clube admite que não é possível negociar em separado. Só poderá assinar se todos se renderem.
Além das antecipações de cotas, os clubes ainda recebem, em conjunto, valores adiantados pelo Brasileiro. Pelo contrato, a Globo já terá repassado R$ 47 milhões referentes ao Nacional de 2007 antes mesmo do início da temporada.
As cláusulas de renovação impostas pela emissora carioca, que exigem burocracias na apresentação de propostas concorrentes, também dificultam a mudança no Paulista.
Ciente das dificuldades, até diretores da Record admitem que dificilmente vencerão a concorrente. Procurado, o diretor da Globo Marcelo Campos Pinto não retornou as ligações.


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