São Paulo, quarta-feira, 14 de novembro de 2007

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Triatleta comandará antidoping da natação

Médica, Sandra Soldan vira diretora em meio ao caso de Rebeca Gusmão

Competidora substitui Renata Castro, que deixou cargo após amostras de urina da nadadora no Pan apresentarem dois DNAs


FABIO GRIJÓ
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

A triatleta Sandra Soldan é a nova diretora-adjunta de doping da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
O anúncio foi feito ontem. Eduardo de Rose, médico-chefe da Organização Desportiva Pan-Americana, comandará o departamento e indicou Sandra. Ele disse que sua participação na diretoria é provisória.
Sandra Soldan, 34, é médica formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nos últimos anos, a triatleta declarou diversas vezes que gostaria de se dedicar à medicina esportiva quando se aposentasse.
O esporte, porém, continuava sendo sua prioridade. Ela foi uma das representantes do Brasil nos Jogos do Rio e terminou apenas na 19ª colocação. À época, afirmou que aquele deveria ser seu último Pan-Americano. E que, depois, poderia se arriscar em provas mais longas, como o Ironman.
Procurado ontem no fim da tarde, o vice-presidente da Confederação Brasileira de Triatlo, José Renato Lima, disse desconhecer a indicação de Sandra para a CBDA e sua possível aposentadoria do esporte.
A Folha tentou entrar em contato com a atleta, mas ela não atendeu os telefonemas.
Apesar da pouca experiência prática da triatleta em antidoping, Coaracy Nunes disse confiar na indicação de De Rose, que chefiou os testes do Pan.
"Ela tem pós-graduação no esporte", disse o presidente da entidade que gere a natação.
Coaracy explicou que, nas quatro primeiras competições da nova diretoria, De Rose responderá pela comissão médica. Em janeiro, segundo o dirigente, a triatleta acompanhará a delegação nacional em evento-teste em Pequim, na piscina que será usada na Olimpíada-2008. Em nota, a entidade disse que Sandra está, desde já, à disposição das seleções.
"Como triatleta, ela já passou por vários testes [antidoping]. Está apta para o cargo. Além disso, fala inglês, tem condições de ler as regulamentações da federação internacional sobre doping", disse o dirigente.
Coaracy afirmou conhecer Sandra "há 15, 20 anos", desde que ela nadava peito "na época da Patrícia Amorim" [um dos ícones da natação brasileira].
O dirigente contou que Sandra sugeriu ontem a adoção de exames fora de competição, a exemplo do que já faz a Federação Internacional de Natação.
O Brasil acumula, desde 2002, seis casos positivos.
Foi em um desses exames que a Fina flagrou a velocista Rebeca Gusmão com testosterona. A nadadora já foi suspensa preventivamente.
Coaracy disse que irá adotar a medida. "Qualquer coisa para evitar um problema como este [de Rebeca]. Perdemos uma grande nadadora, que poderia ser finalista olímpica."
As nomeações dos novos diretores reestruturam o departamento de doping da CBDA após a saída de Renata Castro. Uma das chefes do antidoping do Pan do Rio, a médica também teve seu nome ligado a suposto caso de fraude em testes de Rebeca, que apresentou dois DNAs em amostras de urina.


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