São Paulo, sábado, 14 de novembro de 1998

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BOXE
Combate entre brasileiro e francês, promovido como desforra da final do Mundial-98, vale título dos cruzadores
Zagallo torce por "revanche da Copa'

EDUARDO OHATA
da Reportagem Local

O ex-técnico da seleção brasileira de futebol Mario Zagallo, que dirigiu a equipe na derrota para o time da casa na final da Copa da França, torce por Ezequiel Paixão, 33, que hoje enfrenta o francês Fabrice Tiozzo, 29, em luta promovida como a "revanche da Copa".
O combate, válido pelo cinturão dos cruzadores da AMB (Associação Mundial de Boxe), acontece hoje, às 23h (20h de Brasília), em Mont de Marsan (sul da França).
Integrantes da equipe do brasileiro contam que, além de o promotor do combate, o norte-americano Don King, haver mencionado que usaria o resultado da final da Copa na divulgação do combate, jornalistas locais também abordaram o assunto durante entrevistas.
Paixão, que na semana passada havia dito que não passaria pelos problemas que afligiram Ronaldinho antes da final da Copa, pelo fato de a pressão sobre ele ser bem menor, reconhece que está "sentindo" o clima de decisão.
"À medida que o momento do combate se aproxima, percebo as cobranças aumentando cada vez mais. A sensação de responsabilidade vai crescendo", disse. "Mas é bom estar representando o Brasil em uma competição importante."
Informado que os promotores estão associando a luta com a final da Copa, o ex-técnico da seleção brasileira Mario Jorge Zagallo aprovou a estratégia de propaganda, chegando ao ponto de afirmar que pretende ajudar o lutador por meio da mentalização.
"Vamos fazer uma corrente para a frente e ajudar mais esse brasileiro, que vai chegando a uma final", explica o técnico. "Espero que ele tenha força interior para vingar o que aconteceu com o Brasil."
Os especialistas, entretanto, não apostam nas chances de o brasileiro, primeiro do ranking da AMB, trazer o cinturão para o Brasil.
A revista norte-americana "KO", por exemplo, publicou artigo afirmando que Tiozzo não deve perder o cinturão neste ano, ao mesmo tempo em que elogiava a habilidade do campeão francês.
Na única vez em que enfrentou um adversário de nível, em março de 1994, perdeu para o pugilista argentino Sergio Merani.
O desafiante também tem contra si os efeitos de uma longa inatividade, provocada, em parte, pelas várias alterações na data da luta.
O fato de Paixão, que tem 29 vitórias contra 5 derrotas, estar há mais de um ano sem lutar preocupa seu técnico, Miguel de Oliveira.
"Será muito difícil superar isso (a inatividade). Tudo vai depender do estado de espírito de Paixão na noite da luta (hoje)", disse Oliveira, que ao lado de Éder Jofre é um dos dois únicos brasileiros a conquistar um título (ver quadro) por uma das principais versões.
Há 23 anos, o Brasil não conta com um campeão mundial.
Tiozzo, que tem 39 vitórias e 1 derrota, está tão confiante que já faz planos para o próximo ano.
Entre suas principais metas estão a unificação dos cinturões dos cruzadores e uma eventual ascensão para a categoria dos pesados.



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