São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 2002

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FUTEBOL

Resignado, Parreira insiste em favoritismo rival e vê desafio "especial"

Só falta o Santos levantar a taça, diz técnico corintiano

EDUARDO ARRUDA
RODRIGO BUENO
ENVIADOS ESPECIAIS A EXTREMA

"O Santos é o campeão. Só falta levantar a taça." A frase é do técnico Carlos Alberto Parreira, que ontem deixou a cidade de Extrema, no sul de Minas Gerais, com a delegação corintiana rumo à capital paulista, onde decide amanhã o Campeonato Brasileiro-2002 com o Santos, no Morumbi.
O treinador corintiano mostrou certa resignação com a vantagem do adversário, que será campeão mesmo com uma derrota por um gol de diferença, e jogou toda a responsabilidade do título para o Santos, que não ganha um troféu de primeira linha desde 1984 -o Corinthians conquistou a Copa do Brasil e o Rio-SP neste ano.
"Ninguém está falando do Corinthians, só do Santos, que é o favorito. Eles estão com o gostinho de campeão", disse o técnico.
Parreira diz que, se o Corinthians conseguir o título amanhã, será algo mesmo "especial".
"O jogo vai ser difícil. Sabemos da vantagem deles. Pelas circunstâncias, se o título ficar com a gente, terá um gostinho especial. Esse título seria diferente", disse.
Desde o início da semana, Parreira tem procurado incentivar seus atletas -fez uma reunião para motivar especialmente os que estavam mais abatidos. Mas sempre deixou claro que o favoritismo ao título agora é do rival.
E até escalou um jogador para transmitir confiança a seus comandados: o volante Vampeta.
Brincalhão, o jogador tem conversado com todos os companheiros, um a um, sobre a possibilidade de superar o oponente por dois gols de diferença.
Um dos mais abatidos era o atacante Deivid, que só começou a treinar anteontem por causa de um inchaço no tornozelo provocado por uma entrada de Robinho no primeiro jogo da final.
Sem marcar gols há quatro partidas, Deivid tem recebido o apoio de Vampeta, que disse ao atacante que ele balançará as redes.
"O Vampeta é sensacional. Ele nos passa essa confiança, sem dúvida", declarou o atleta.
"Temos vontade e confiança para vencer. O Corinthians tem tradição, time, história. O papo com os atletas foi objetivo. É ganhar ou ganhar", tem dito Parreira.
O treinador recebeu anteontem a visita inesperada de membros da torcida Gaviões da Fiel, que não cobraram o título, apenas vontade para não permitir brincadeiras por parte do rival.
As notícias de festas armadas para o título santista soaram no grupo corintiano também como estímulo à difícil missão de não deixar a taça ir para o litoral.
"Se eles já têm festa marcada, pode ter certeza de que o Corinthians também já tem", afirmou o atacante Gil, ressaltando que "isso servirá de estímulo" para os corintianos amanhã. "Numa hora dessas, pode acontecer uma surpresa", acrescentou.
O capitão corintiano, Fábio Luciano, também disse não se importar com comemorações antecipadas dos adversários.
E até alfinetou os santistas. "Festa antecipada não ganha jogo. Neste ano, o Ituano pagou muitos litros de chope para seus torcedores antes de o time jogar. Eles acabaram derrotados", lembrou o zagueiro corintiano, referindo-se à decisão do Supercampeonato Paulista, vencida pelo São Paulo.
Parreira já admitiu usar amanhã armas pouco convencionais para seu time. Uma seria o jogo aéreo, especialmente nos minutos finais, se o Corinthians precisar de um ou dois gols -o plano inicial é não ficar em desvantagem no marcador de amanhã até os 20 minutos do segundo tempo.
Ontem, Parreira deixou a entender que poderá colocar no meio-campo jogadores mais ofensivos, como Marcinho ou Juliano.
"O que mais demos ênfase foi a movimentação dos atacantes. Vamos ver se dá certo."


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