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FUTEBOL
Resignado, Parreira insiste em favoritismo rival e vê desafio "especial"
Só falta o Santos levantar a taça, diz técnico corintiano
EDUARDO ARRUDA
RODRIGO BUENO
ENVIADOS ESPECIAIS A EXTREMA
"O Santos é o campeão. Só falta
levantar a taça." A frase é do técnico Carlos Alberto Parreira, que
ontem deixou a cidade de Extrema, no sul de Minas Gerais, com a
delegação corintiana rumo à capital paulista, onde decide amanhã
o Campeonato Brasileiro-2002
com o Santos, no Morumbi.
O treinador corintiano mostrou
certa resignação com a vantagem
do adversário, que será campeão
mesmo com uma derrota por um
gol de diferença, e jogou toda a
responsabilidade do título para o
Santos, que não ganha um troféu
de primeira linha desde 1984 -o
Corinthians conquistou a Copa
do Brasil e o Rio-SP neste ano.
"Ninguém está falando do Corinthians, só do Santos, que é o favorito. Eles estão com o gostinho
de campeão", disse o técnico.
Parreira diz que, se o Corinthians conseguir o título amanhã,
será algo mesmo "especial".
"O jogo vai ser difícil. Sabemos
da vantagem deles. Pelas circunstâncias, se o título ficar com a gente, terá um gostinho especial. Esse
título seria diferente", disse.
Desde o início da semana, Parreira tem procurado incentivar
seus atletas -fez uma reunião
para motivar especialmente os
que estavam mais abatidos. Mas
sempre deixou claro que o favoritismo ao título agora é do rival.
E até escalou um jogador para
transmitir confiança a seus comandados: o volante Vampeta.
Brincalhão, o jogador tem conversado com todos os companheiros, um a um, sobre a possibilidade de superar o oponente por
dois gols de diferença.
Um dos mais abatidos era o atacante Deivid, que só começou a
treinar anteontem por causa de
um inchaço no tornozelo provocado por uma entrada de Robinho no primeiro jogo da final.
Sem marcar gols há quatro partidas, Deivid tem recebido o apoio
de Vampeta, que disse ao atacante
que ele balançará as redes.
"O Vampeta é sensacional. Ele
nos passa essa confiança, sem dúvida", declarou o atleta.
"Temos vontade e confiança para vencer. O Corinthians tem tradição, time, história. O papo com
os atletas foi objetivo. É ganhar ou
ganhar", tem dito Parreira.
O treinador recebeu anteontem
a visita inesperada de membros
da torcida Gaviões da Fiel, que
não cobraram o título, apenas
vontade para não permitir brincadeiras por parte do rival.
As notícias de festas armadas
para o título santista soaram no
grupo corintiano também como
estímulo à difícil missão de não
deixar a taça ir para o litoral.
"Se eles já têm festa marcada,
pode ter certeza de que o Corinthians também já tem", afirmou o
atacante Gil, ressaltando que "isso
servirá de estímulo" para os corintianos amanhã. "Numa hora
dessas, pode acontecer uma surpresa", acrescentou.
O capitão corintiano, Fábio Luciano, também disse não se importar com comemorações antecipadas dos adversários.
E até alfinetou os santistas. "Festa antecipada não ganha jogo.
Neste ano, o Ituano pagou muitos
litros de chope para seus torcedores antes de o time jogar. Eles acabaram derrotados", lembrou o
zagueiro corintiano, referindo-se
à decisão do Supercampeonato
Paulista, vencida pelo São Paulo.
Parreira já admitiu usar amanhã armas pouco convencionais
para seu time. Uma seria o jogo
aéreo, especialmente nos minutos
finais, se o Corinthians precisar
de um ou dois gols -o plano inicial é não ficar em desvantagem
no marcador de amanhã até os 20
minutos do segundo tempo.
Ontem, Parreira deixou a entender que poderá colocar no meio-campo jogadores mais ofensivos,
como Marcinho ou Juliano.
"O que mais demos ênfase foi a
movimentação dos atacantes. Vamos ver se dá certo."
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