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São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 2003

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FUTEBOL

Diferença entre o líder e o último é a menor entre os campeonatos de elite

Brasileiro encurta abismo entre campeão e lanterna

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Na primeira vez em que adotou a fórmula de pontos corridos e dois turnos, o Brasileiro terá em 2003 uma diferença entre seu campeão e o lanterna muito menor do que a registrada em outros grandes campeonatos nacionais.
Hoje, o Bahia, o último colocado, tem o equivalente a 47% dos pontos conquistados pelo Cruzeiro. Dependendo dos resultados da rodada derradeira, o time que ficar na lanterna pode ter até 51% da pontuação cruzeirense.
Em nenhum outro lugar da elite do futebol, considerando as últimas edições de cada um, a distância entre campeão e o time da rabeira da tabela foi tão pequena.
Na Inglaterra, onde qualquer time pequeno tem dinheiro para contratar jogadores de bom nível, o Sunderland foi o último colocado na temporada 2002/ 2003 conquistando apenas 23% dos pontos obtidos pelo Manchester United, que ficou com a taça.
A Itália é outro país em que os dois pólos da tabela tiveram uma diferença enorme na temporada passada. O Torino foi rebaixado à segunda divisão ganhando só 29% dos pontos conquistados pela grande rival Juventus, que ficou com o caneco de campeão.
Nos grandes campeonatos nacionais da Europa, quem chega mais perto do abismo entre os dois lados da tabela é a França.
No Nacional encerrado no primeiro semestre deste ano, o Troyes acumulou 45% dos pontos do Lyon, o campeão francês.
Mesmo fazendo um campeonato em apenas um turno, em que a chance de uma vantagem maior entre os times é atenuada, a Argentina teve um verdadeiro oceano separando as duas partes da classificação na edição encerrada no primeiro semestre do ano.
O Huracan registrou uma pontuação equivalente a somente 26% do campeão Independiente.
Para ter uma diferença menor do que em outros países entre o vencedor e o lanterna, o Brasileiro-03 contou com dois trunfos.
Primeiro, a campanha do Cruzeiro, arrebatadora, mas que não vai entrar na lista das melhores da história do próprio torneio.
Se vencer o Bahia hoje, os mineiros irão terminar o Nacional com um aproveitamento de 72%.
Em 1976, o Internacional, por exemplo, conquistou seu segundo título com um fantástico aproveitamento de 84%.
Mas é pela performance da turma do desespero que a distância entre campeão e lanterna não será gigantesca em 2003. Dependendo dos resultados de hoje, o último colocado pode finalizar sua participação com aproveitamento de 36%. Desde que o rebaixamento passou a ser usado no Brasileiro, no final da década de 80, a melhor performance de um lanterna aconteceu no ano passado, quando o Botafogo ganhou um terço dos pontos em disputa.
Na maioria dos casos, entretanto, o pior time de cada Brasileiro com descenso teve um aproveitamento entre 20% e 25%.

Pedreiras
Na sua vitoriosa campanha, o Cruzeiro teve dificuldade contra alguns dos clubes que ocupam as últimas colocações.
Ainda no primeiro turno, o time de Wanderley Luxemburgo perdeu para o Paysandu por 3 a 0. Na segunda parte do campeonato, foi a vez do Juventude, que só se garantiu na elite na penúltima rodada, vencer o Cruzeiro, na única derrota dos mineiros atuando em casa na temporada 2003.
Contra os seis clubes que ainda podem cair, a equipe azul sofreu mais gols do que contra o resto da concorrência. Em 11 partidas diante do sexteto, o Cruzeiro sofreu 15 gols, média de 1,36 por partida. Já nos confrontos contra rivais já garantidos na primeira divisão de 2004, a equipe da Toca da Raposa foi vazada, em média, apenas 0,94 vez por jogo.


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