São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 2001

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Figer dá informação errada na CPI

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O empresário uruguaio Juan Figer, agente de jogadores, deu anteontem uma informação errada na CPI da CBF/ Nike, anteontem.
Como Figer depôs na comissão sob juramento, ele pode ser processado por crime de perjúrio se o fornecimento da informação equivocada for considerado uma mentira pelos deputados.
Ao ser questionado pela CPI da CBF/Nike sobre o fato de brasileiros serem registrados em times do Uruguai antes de ser vendidos para outros clubes, Figer disse que o lateral Luís Paulo não havia sido registrado no país vizinho.
Mas, de acordo com a documentação da CBF, Luís Paulo, hoje no Sport (PE), foi formalmente registrado como atleta do Rentistas, um dos dois clubes uruguaios para os quais Figer transfere brasileiros antes de comercializá-los com outros times estrangeiros.
Ontem, a Folha procurou Antônio Carlos de Almeida Castro, advogado de Figer, que, após consultar seu cliente, confirmou o cadastro de Luís Paulo no Rentistas.
Segundo o advogado, o equívoco deve ser atribuído ao desgaste de um depoimento que durou cerca de cinco horas. Castro disse ainda não haver ilegalidade na operação envolvendo Luís Paulo.
A triangulação preocupa a CPI porque implica, em muitos casos, elisão fiscal. Como os impostos cobrados no Brasil são mais altos que os do Uruguai, a passagem formal de jogadores por aquele país antes de sua ida para um clube europeu, por exemplo, serve para reduzir os tributos.
No Brasil, jogador e agente precisam pagar Imposto de Renda quando um atleta é vendido. É uma prática questionável do ponto de vista ético, mas não é ilegal. A ilegalidade ocorre se o clube brasileiro participar da transação.
Ou seja, se ele receber efetivamente o valor pelo qual o jogador sai do Uruguai e registrar um valor mais baixo.
O levantamento da CPI mostra que duas dezenas de atletas, que tiveram sua venda intermediada por Figer para o Rentistas e para o Central Espanhol, também do Uruguai, não chegaram naquele país. Luís Paulo se negou a falar sobre seu registro no Uruguai.




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