|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AÇÃO
Dois WCT no Brasil?
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Fui apresentado à onda
do Abras em Fernando de
Noronha (PE) por uma trinca
de peso. Durante a realização
do OP Pro, em 1995, combinei
de surfar pela manhã com os
companheiros de pousada Fábio Gouveia, Renan Rocha e Jojó de Olivença.
No meio da noite fui acordado, e rapidamente saímos evitando qualquer barulho, menos
para incomodar quem dormia,
mais para evitarmos companhia. Assim caminhamos, calados quando passávamos perto
da casa de algum surfista, enquanto a luz continuava para
as corujas.
Ao chegarmos, aquecidos pela
caminhada, algumas pranchas
já se encontravam no local, devidamente presas pelas cordinhas aos tornozelos de seus donos, que dormiam numa varanda. O som sugeria que as ondas
estavam lá, mas não podiam ser
avistadas. Aguardamos a manhã chegar.
Durante a ansiosa espera
mais surfistas foram chegando.
Um bugue com quatro pranchas, outros mais caminhando,
e quando a luz permitiu vislumbrar o caminho das pedras, uma
dúzia de surfistas, entre profissionais e locais, além de mim,
entraram no mar.
A onda do Abras é assim, disputada. Naquele dia surfei poucas, mas boas. Mais, assisti ao
desempenho dos profissionais e
ao mau humor dos ilhéus, devido ao crowd.
Foi nesse canto abençoado de
Noronha, no último final de semana, que as baterias decisivas
do Hang Loose Pro aconteceram. Pelo que os presentes descreveram, as ondas chegaram a
oito pés, e alguns competidores
consideraram como as melhores
condições já encontradas numa
prova no Brasil.
Cabe ao patrocinador o mérito da transferência do campeonato, previsto para as praias da
Cacimba e Boldró.
Pode parecer estranho, mas
houve surfista que resistiu à
mudança e, pior, membros da
organização que só cederam depois de muita insistência.
Fábio Silva, 28, foi o grande
vencedor e, ao contrário do que
foi noticiado, não foi nenhuma
surpresa. Fabinho desempenha
bem em qualquer condição de
mar e acabou levando a bateria
decisiva até com certa folga. Seu
maior rival foi Neco Padaratz,
que, assim como ele, desistiu de
competir no WCT no meio da
temporada de 1997.
Neco, que já voltou à elite
mundial no ano passado, terminou em terceiro. Fabinho, com o
resultado, reforçou seu discurso
de que pretende voltar a competir na divisão mais importante
do surfe mundial. O baiano
Wilson Nora ficou em segundo,
e o potiguar Danilo Costa em
quarto, ambos finalistas também no ano passado.
O Hang Loose está comemorando 16 anos de vida. Em 1986,
a marca trouxe de volta o circuito mundial ao país com provas
memoráveis. A partir de 1992,
quando o mundial passou a ter
duas divisões, o H. L. perdeu importância, integrando o calendário do WQS.
A realização da prova em Fernando de Noronha é um caminho seguro para a recuperação
do status que ela já teve em nível
mundial, e as ondas do Abras,
um argumento forte para a pretensão de promover a prova da
segunda divisão (WQS) para a
primeira (WCT). Se a França,
sem nenhum competidor na elite e nenhuma tradição no cenário, já pôde ter três, por que não
realizar duas por aqui?
G-Land
Após três anos fora do WCT, a volta do Quiksilver Pro da Indonésia, prevista para este ano, foi abortada devido à instabilidade
política no país. Contudo o patrocinador fará na França uma
prova com a maior premiação da história do surfe profissional.
Ilhabela
Uma corrida de 105 km, com um quilômetro de natação, acontece sábado. Times de seis atletas terão até 14 horas para ir de
um extremo ao outro incluindo a serra de Castelhanos.
Bodyboard
Três brasileiras ocuparam as primeiras posições da etapa de
abertura do Mundial 2001 em Pipeline (Havaí). Neymara Carvalho foi terceira, Daniela Freitas, segunda, e Stephanie Petersen, que, apesar de brasileira, compete pela Austrália, primeira.
E-mail : sarli@revistatrip.com.br
Texto Anterior: Argel amplia a crise palmeirense Próximo Texto: Futebol - Soninha: Passes errados Índice
|