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Especialista em doping da CBF fala em anabolizante
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
O médico Bernardino Santi,
coordenador da CBF do controle de dopagem em SP, diz
que a nova lesão de Ronaldo pode ser reflexo do programa alimentar que seguiu quando deixou o Cruzeiro para defender o
holandês PSV, em 1994.
Ele afirma ter ouvido relatos
de médicos holandeses dando
conta do uso de anabolizantes e
compara o crescimento físico
do jogador a uma reforma em
que as paredes e portas são renovadas, mas a fiação e a parte
hidráulica continuam antigas.
"Conversei com colegas da
Holanda que conhecem o pessoal do PSV. Não cheguei a conversar com os médicos do PSV.
Eles tinham suplementado o
Ronaldo, que era muito franzino. Dentro dessa suplementação incluíam algumas substâncias anabolizantes, que poderiam eventualmente fazer ele
crescer um pouco mais, porque, afinal, os campeonatos europeus são muito duros."
Além de insistir que era uma
estratégia do clube holandês,
Santi afirma acreditar que Ronaldo não deve mais ter as
substâncias em seu organismo.
"Não é que o anabolizante está no corpo dele até hoje. Não é
isso. Mas é a conseqüência do
risco de ter crescido demais,
além do que a musculatura está
preparada para crescer."
Segundo ele, a informação de
que o PSV dava anabolizantes
ao jogador não é inédita.
"Não são detalhes novos. É
sobejamente conhecida a suplementação que eles faziam
com o Ronaldo. E os indícios de
suplementação com anabolizantes são muito grandes. Principalmente dez anos atrás,
quando não havia ainda tanto
controle de dopagem nos campeonatos europeus."
Para o médico, o fato de Ronaldo ter passado por tal tratamento quando ainda era adolescente agrava sua situação.
"Nele, as coisas são muito
mais exacerbadas, primeiro pelo perfil histórico [ele já vem
com lesões], segundo pela estruturação muscular que ele teve de uma forma muito rápida,
quando ainda não havia acabado a maturidade dele. Um homem acaba de crescer por volta
de 20 anos de idade. Ele, com 16
para 17, já estava na Holanda
jogando e fazendo o tratamento. Há o crescimento do invólucro e o que está lá dentro não
está acompanhando. É como
você fazer uma reforma, pintar
a casa, trocar a porta, bota fechadura legal, maçaneta de ouro e não trocar os canos hidráulicos, a fiação, nada lá dentro."
Ele minimiza o longo período entre a alegada ingestão de
anabolizantes e a lesão. "A conta a ser paga pelo uso de esteróide anabolizante é a longo
prazo, 10, 15, 20 anos depois. O
esteróide leva a lesões estruturais dos órgãos, da musculatura. Num primeiro momento, há
um ganho de qualidade, força e
potência. Mas depois vai ter
uma deterioração disso."
A reportagem tentou falar
com o PSV, sem sucesso.
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