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Laboratório e várzea duelam na final
DA REPORTAGEM LOCAL
A final do Paulista terá um duelo entre um craque "fabricado" e
outro que surgiu na "várzea". Entre um menino da classe média
paulista, patrocinado por uma
multinacional esportiva, que desde cedo foi preparado para brilhar
nos campos, e outro pobre, baiano, que foi empacotador até os 22
anos, quando foi descoberto por
um time do interior da Bahia.
O corintiano Liedson, 25, é jogador profissional só há três anos.
Por acaso, depois que perdeu o
emprego no supermercado no final de 1999, o atacante participou
de um torneio de várzea intermunicipal na Bahia e foi convidado
para jogar "para valer" no Poções.
De lá até sua transferência no
começo deste ano para o Corinthians, o jogador passou por Prudentópolis, Coritiba e Flamengo.
Jamais ganhou um título.
A conhecida história de Kaká,
20, é bem diferente. Ele está no
São Paulo desde 1994, sempre
apoiado pela vigilância de uma
série de profissionais que cuidaram do aperfeiçoamento da sua
técnica e da sua condição física.
Peso, altura, impulsão, explosão, índice de massa muscular, o
que come, quando come, quanto
come. Kaká é monitorado há quase dez anos. Nos últimos dois, depois de ter atingido a maturidade
hormonal, passou a fazer exercícios para ganhar massa muscular
e se defender das pancadas.
Supervisionado por uma equipe
de médicos, fisiologista, nutricionista e técnicos, o premiado meia
de 1,85 m, que vale US$ 16 milhões
-valor da sua multa rescisória
hoje-, passou dos 70 kg no início
de 2001 para os atuais 81 kg.
"A vantagem dele em relação a
outros jogadores é ter estado sempre sob a vigilância do clube. Ele
tem técnica e passou por um processo progressivo de formação",
analisou o fisiologista do São Paulo, Turíbio Leite de Barros.
Liedson, que só agora vai passar
por um processo parecido com o
de Kaká -passar dos atuais 65 kg
para 68 kg-, não lamenta ter sido "lapidado" nos campos de várzea. O jogador, 1,72 m, se acha
sortudo por ter conseguido vencer tarde na profissão.
"Na várzea eu apanhava muito
mais, por isso a musculação não
faz falta. Tive, sim, dificuldades
nos fundamentos, mas eu já corrigi", disse o corintiano.
(MR E RP)
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