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São Paulo, sábado, 15 de março de 2003

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Laboratório e várzea duelam na final

DA REPORTAGEM LOCAL

A final do Paulista terá um duelo entre um craque "fabricado" e outro que surgiu na "várzea". Entre um menino da classe média paulista, patrocinado por uma multinacional esportiva, que desde cedo foi preparado para brilhar nos campos, e outro pobre, baiano, que foi empacotador até os 22 anos, quando foi descoberto por um time do interior da Bahia.
O corintiano Liedson, 25, é jogador profissional só há três anos. Por acaso, depois que perdeu o emprego no supermercado no final de 1999, o atacante participou de um torneio de várzea intermunicipal na Bahia e foi convidado para jogar "para valer" no Poções.
De lá até sua transferência no começo deste ano para o Corinthians, o jogador passou por Prudentópolis, Coritiba e Flamengo. Jamais ganhou um título.
A conhecida história de Kaká, 20, é bem diferente. Ele está no São Paulo desde 1994, sempre apoiado pela vigilância de uma série de profissionais que cuidaram do aperfeiçoamento da sua técnica e da sua condição física.
Peso, altura, impulsão, explosão, índice de massa muscular, o que come, quando come, quanto come. Kaká é monitorado há quase dez anos. Nos últimos dois, depois de ter atingido a maturidade hormonal, passou a fazer exercícios para ganhar massa muscular e se defender das pancadas.
Supervisionado por uma equipe de médicos, fisiologista, nutricionista e técnicos, o premiado meia de 1,85 m, que vale US$ 16 milhões -valor da sua multa rescisória hoje-, passou dos 70 kg no início de 2001 para os atuais 81 kg.
"A vantagem dele em relação a outros jogadores é ter estado sempre sob a vigilância do clube. Ele tem técnica e passou por um processo progressivo de formação", analisou o fisiologista do São Paulo, Turíbio Leite de Barros.
Liedson, que só agora vai passar por um processo parecido com o de Kaká -passar dos atuais 65 kg para 68 kg-, não lamenta ter sido "lapidado" nos campos de várzea. O jogador, 1,72 m, se acha sortudo por ter conseguido vencer tarde na profissão.
"Na várzea eu apanhava muito mais, por isso a musculação não faz falta. Tive, sim, dificuldades nos fundamentos, mas eu já corrigi", disse o corintiano. (MR E RP)


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