São Paulo, sexta-feira, 15 de abril de 2005

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FUTEBOL

Investigação, que aponta indícios de lavagem de dinheiro internacional, agora vai ao Ministério Público Federal

Promotoria vê elo entre MSI e Berezovski

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

O Ministério Público de São Paulo concluiu que Boris Berezovski e Badri Patarkatsishvili participam dos investimentos da MSI, parceira do Corinthians.
Em seu relatório, divulgado ontem e que irá para o Ministério Público Federal, o órgão diz haver indícios de que a parceria é usada para lavar dinheiro, principalmente de Berezovski.
O magnata russo foi condenado a 20 anos de prisão por diversos crimes em seu país, inclusive relacionados à máfia russa. Hoje é exilado político na Inglaterra. O georgiano Badri também é acusado de diversos crimes, como lavagem de dinheiro.
O caso foi enviado para outra esfera porque os delitos apontados -lavagem internacional de dinheiro e crime contra o sistema financeiro brasileiro- são de competência da Justiça Federal.
"Acredito que já existam, na investigação, elementos para o oferecimento da denúncia", declarou o promotor José Reinaldo Guimarães Carneiro, a respeito do início de uma ação criminal.
Kia Joorabchian desdenhou do relatório, alegando que os promotores não têm poder para comandar investigações criminais e que ignoraram algumas provas que diz ter apresentado -como entrada das remessas no Brasil, aprovadas pelo Banco Central.
O iraniano, que ontem defendeu Berezovski, a quem qualificou de "um investidor respeitável" disse ter telefonado para o russo anteontem, solicitando sua entrada na parceria, mas que ele não aceitou. "Eu estou feliz que em três meses não apareceram provas de que fizemos algo errado", disse o iraniano.
Carneiro disse que a investigação concluiu que tanto Kia quanto a cúpula corintiana têm conhecimento das condenações criminais e do envolvimento de Berezovski no negócio.
Entretanto, afirmou não haver prova de transferências bancárias entre o russo e a parceria. "Estamos combatendo a máfia russa. O dinheiro [de Berezovski] foi levado para a Inglaterra, Israel, Rússia e passou por paraísos fiscais", declarou Carneiro.
Roberto Porto, o outro promotor que trabalhou na investigação, disse que a movimentação dos recursos é feita "dentro de um esquema muito profissional, que impõe várias barreiras à origem dos recursos".
Ele afirmou também que nunca havia visto um esquema "em cascata" de "offshores" como o empregado no caso. A MSI brasileira é de três empresas sediadas nas Ilhas Virgens Britânicas -Devetia, MSI e Just Sports. Segundo Kia, essas companhias são de outras empresas, mas o iraniano não revelou o nome dos investidores por trás delas. Apenas afirmou que tem participação na Just Sports, sem precisar seu quinhão.
Os principais indícios de lavagem de dinheiro, segundo os promotores, foram comprovados pelos testemunhos colhidos na investigação. Um deles é a gravação de uma reunião entre Alberto Dualib, presidente corintiano, e o conselho de orientação do clube, na qual o dirigente afirma que Berezovski participa da parceria. Em seu depoimento negou isso.
O Banco Central também receberá o relatório da investigação.


Colaborou Eduardo Arruda, da Reportagem local

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