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FUTEBOL
Contrato do Estadual do Rio proíbe que times do segundo escalão exponham patrocínios em seus uniformes
"Pequenos' se rebelam contra TV no Rio
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
Os times "pequenos" que disputam o Campeonato Estadual do
Rio estão impedidos de assinar
contratos para expor marcas publicitárias nos seus uniformes.
O veto está implícito no contrato
de comercialização do Estadual assinado entre a Rede Globo e os
quatro "grandes" (Fluminense,
Vasco, Botafogo e Flamengo).
A revolta dos dirigentes dos "pequenos" (Bangu, Americano, Itaperuna, Olaria, Madureira e Friburguense) pode acabar nos tribunais. O presidente do Bangu, Jorge
Varela, pretende processar a Globo após o campeonato.
No valor de R$ 21,5 milhões
anuais, o contrato, válido por cinco anos, foi assinado em março,
três dias antes do início do Estadual, entre a Globo e os "grandes".
Na semana seguinte, os seis "pequenos" (assim conhecidos por
causa do pouco número de torcedores e por dispor de menores recursos) foram chamados para assinar termos de adesão ao contrato.
Nos termos de adesão, os clubes
menores souberam que teriam que
ceder o espaço nos uniformes dos
atletas à emissora. Foi aberta exceção apenas a quem já tinha contrato firmado (caso do Olaria).
Já os grandes têm direito a aproveitar publicidades nos uniformes.
O Flamengo, por exemplo, manteve a marca Lubrax. O Fluminense
fechou contrato com a Unimed.
O vice-presidente do Vasco, Eurico Miranda, representante do
clube na assinatura do contrato,
confirmou e defendeu os termos
do documento. "Ao assinar o contrato, os pequenos cederam o direito da publicidade nas camisas.
O contrato impede que eles firmem novos contratos. Em troca,
eles recebem uma remuneração."
A Folha tentou ouvir a Globo sobre a questão. A Central Globo de
Comunicação -setor responsável
por informações a órgãos de imprensa- chegou a anunciar, às
15h, que o departamento jurídico
estava preparando texto explicando a posição da emissora.
Uma hora depois, houve uma
mudança de planos. A Central Globo de Comunicação informou que
a emissora decidira não mais se
pronunciar sobre o caso.
O contrato prevê o pagamento
aos clubes de R$ 6,5 milhões pela
transmissão dos jogos e R$ 15 milhões pela comercialização de tudo
o que for relacionado à competição, até mesmo as bilheterias.
Os "grandes" dividirão 84% do
dinheiro. Os "pequenos", o restante. Ao Bangu, pelo termo de adesão, caberão 3,5% do valor total,
cerca de R$ 750 mil, divididos em
quatro parcelas.
Logo após assinar o termo de
adesão, o Bangu conseguiu o patrocínio de uma empresa de Santa
Catarina, o que lhe renderia R$ 150
mil até o fim do Estadual.
O dinheiro garantiria o pagamento de dois meses e meio de salários. Por causa do veto contratual, a empresa acabou desistindo.
O presidente do Bangu disse que
só assinou o termo de adesão por
não ter outras fontes de recurso.
"Foi um contrato altamente prejudicial para nós. Ele nos engessa
para o futuro. Se eu quiser, não vou
poder me associar a um banco, por
exemplo. Mas, se não assinasse,
não teria como gerar recursos de
outras fontes."
Jorge Varela afirmou que, após o
Estadual, planeja discutir a questão com os dirigentes dos outros
"pequenos" e procurar a emissora
na tentativa de rever os valores e
cláusulas do contrato.
"Vamos ver se a Globo apresenta
uma outra proposta. Quando o
contrato foi assinado, o Estadual
estava desacreditado. Hoje é um
sucesso. Os valores têm que ser revistos. Caso contrário, acredito
que não só o Bangu, mas todos os
prejudicados entrarão na Justiça."
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