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São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2003

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Time perde a cabeça, permite a virada e está fora de outra Libertadores

Corinthians ainda não descobriu a América

Juca Varella/Folha Imagem
Torcedor do Corinthians consola crianças após a eliminação do time na Libertadores da América


LÚCIO RIBEIRO
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Não deu. Contrariando o discurso da véspera, um Corinthians nada malandro sucumbiu à catimba e ao bom futebol argentino e transformou em pesadelo o grande sonho de sua torcida: o de conquistar a América pela primeira vez em sua história.
A derrota por 2 a 1 para o River Plate, ontem, no Morumbi quase lotado, mantém o jejum de títulos do time brasileiro no torneio mais importante do continente.
Os argentinos, que precisavam só de um empate, avançaram às quartas-de-final. Os corintianos amargaram a sexta eliminação em sua história na competição.
Foi a primeira chance desperdiçada após o fim da parceria com o fundo norte-americano HMTF, com o qual o clube chegou às quartas-de-final em 1999 e às semifinais em 2000, eliminado nas duas vezes pelo Palmeiras. A última gerou até tentativa de agressão dos torcedores aos jogadores.
Agora, caminhando por suas próprias pernas, o Corinthians caiu no primeiro mata-mata.
A melancólica despedida também põe fim à lua-de-mel da torcida com o time desde os triunfos no Rio-SP e na Copa do Brasil, ambos no ano passado.
Agora o técnico Geninho, contratado para substituir Carlos Alberto Parreira, que, vitorioso, foi para a seleção brasileira, começa a sofrer pressões dos torcedores. Até ontem, as fracas apresentações no Brasileiro eram perdoadas pelos fãs por causa da chance de vencer a Libertadores.
A derrocada corintiana seguiu roteiro semelhante ao do primeiro jogo, vencido pelo River por 2 a 1, na Argentina, há duas semanas.
Mais uma vez, o descontrole emocional de um lateral-esquerdo num lance com o atacante D'Alessandro tornou o jogo mais difícil para os brasileiros.
Dessa vez, Roger, justamente o substituto de Kléber, expulso em Buenos Aires, recebeu o cartão vermelho. Como acontecera com o titular no jogo de ida, ele perdeu a cabeça e chutou D'Alessandro, aos 45min do primeiro tempo.
O Corinthians havia começado insistindo pela esquerda, com Gil, jogador que os argentinos mais se preocuparam em marcar.
Mas foi pelo outro lado do campo que a equipe abriu o placar. Rogério cobrou falta pela direita, Leandro recebeu livre e cruzou para Liedson marcar de cabeça, aos 9min do primeiro tempo.
Os dois times abusaram das faltas. E, numa dessas cobranças, o River empatou, aos 21min. Demichellis subiu mais alto que a defesa e fez de cabeça.
Após o lance, os corintianos sentiram na pele o que mais temiam: a catimba rival. As jogadas mais ríspidas aumentaram, e os atletas do River se preocuparam ainda mais em ganhar tempo.
A irritação corintiana culminou com a expulsão de Roger. O time e a torcida sentiram como um gol sofrido. O cartão fez também sair pela culatra a estratégia armada pela diretoria e pela comissão técnica ao escolherem o Morumbi -seu primeiro retorno ao palco da conquista do Estadual. A aposta era que num gramado maior do que o do Pacaembu seria difícil para o River se defender.
O golpe de misericórdia argentino veio aos 30min do segundo tempo, quando Fuertos cobrou pênalti no canto direito de Doni.
Com a equipe nervosa, a torcida pediu aos berros "porrada". O time atendeu e ainda perdeu Fabinho, expulso por jogada violenta.


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