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Time perde a cabeça, permite a virada e está fora de outra Libertadores
Corinthians ainda não descobriu a América
Juca Varella/Folha Imagem
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Torcedor do Corinthians consola crianças após a eliminação do time na Libertadores da América |
LÚCIO RIBEIRO
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Não deu. Contrariando o discurso da véspera, um Corinthians
nada malandro sucumbiu à catimba e ao bom futebol argentino
e transformou em pesadelo o
grande sonho de sua torcida: o de
conquistar a América pela primeira vez em sua história.
A derrota por 2 a 1 para o River
Plate, ontem, no Morumbi quase
lotado, mantém o jejum de títulos
do time brasileiro no torneio mais
importante do continente.
Os argentinos, que precisavam
só de um empate, avançaram às
quartas-de-final. Os corintianos
amargaram a sexta eliminação
em sua história na competição.
Foi a primeira chance desperdiçada após o fim da parceria com o
fundo norte-americano HMTF,
com o qual o clube chegou às
quartas-de-final em 1999 e às semifinais em 2000, eliminado nas
duas vezes pelo Palmeiras. A última gerou até tentativa de agressão dos torcedores aos jogadores.
Agora, caminhando por suas
próprias pernas, o Corinthians
caiu no primeiro mata-mata.
A melancólica despedida também põe fim à lua-de-mel da torcida com o time desde os triunfos no Rio-SP e na Copa do Brasil,
ambos no ano passado.
Agora o técnico Geninho, contratado para substituir Carlos Alberto Parreira, que, vitorioso, foi para a seleção brasileira, começa a
sofrer pressões dos torcedores.
Até ontem, as fracas apresentações no Brasileiro eram perdoadas pelos fãs por causa da chance de vencer a Libertadores.
A derrocada corintiana seguiu
roteiro semelhante ao do primeiro jogo, vencido pelo River por 2 a
1, na Argentina, há duas semanas.
Mais uma vez, o descontrole
emocional de um lateral-esquerdo num lance com o atacante
D'Alessandro tornou o jogo mais
difícil para os brasileiros.
Dessa vez, Roger, justamente o
substituto de Kléber, expulso em
Buenos Aires, recebeu o cartão
vermelho. Como acontecera com
o titular no jogo de ida, ele perdeu
a cabeça e chutou D'Alessandro,
aos 45min do primeiro tempo.
O Corinthians havia começado
insistindo pela esquerda, com Gil,
jogador que os argentinos mais se
preocuparam em marcar.
Mas foi pelo outro lado do campo que a equipe abriu o placar.
Rogério cobrou falta pela direita,
Leandro recebeu livre e cruzou
para Liedson marcar de cabeça,
aos 9min do primeiro tempo.
Os dois times abusaram das faltas. E, numa dessas cobranças, o
River empatou, aos 21min. Demichellis subiu mais alto que a defesa e fez de cabeça.
Após o lance, os corintianos
sentiram na pele o que mais temiam: a catimba rival. As jogadas
mais ríspidas aumentaram, e os
atletas do River se preocuparam
ainda mais em ganhar tempo.
A irritação corintiana culminou
com a expulsão de Roger. O time e
a torcida sentiram como um gol
sofrido. O cartão fez também sair
pela culatra a estratégia armada
pela diretoria e pela comissão técnica ao escolherem o Morumbi
-seu primeiro retorno ao palco
da conquista do Estadual. A aposta era que num gramado maior do
que o do Pacaembu seria difícil
para o River se defender.
O golpe de misericórdia argentino veio aos 30min do segundo
tempo, quando Fuertos cobrou
pênalti no canto direito de Doni.
Com a equipe nervosa, a torcida
pediu aos berros "porrada". O time atendeu e ainda perdeu Fabinho, expulso por jogada violenta.
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