|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Número 1, Henin surpreende e pára
Primeira a se aposentar como líder do ranking, belga diz que é melhor sair no topo e não ter nenhum arrependimento
Tenista de 25 anos deixa as quadras imediatamente e não vai defender título
de Roland Garros nem o
ouro olímpico em Pequim
FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL
A belga Justine Henin seguiu
à risca o conselho de sair de cena no auge da carreira.
A tenista anunciou ontem,
aos 25 anos e no topo do ranking mundial, a aposentadoria.
"Estou me aposentando como número um do mundo. É
sempre melhor sair no topo.
Saio sem nenhum arrependimento e acho que é a decisão
certa", afirmou Henin, a única
tenista a deixar as quadras como líder do ranking.
"É raro que um atleta se aposente no auge da forma atualmente, mas Justine sempre
agiu de acordo com as próprias
convicções", disse o presidente
da WTA (Associação das Mulheres Tenistas), Larry Scott.
O anúncio de Henin causou
grande impacto no mundo do
tênis pelo fato de ter efeito imediato. Ela não defende nem o título de Roland Garros (onde
venceu quatro vezes nos últimos cinco anos) nem o ouro
olímpico (em Atenas-04, foi
responsável pela única medalha dourada de seu país).
"Se paro agora posso lembrar
da minha carreira com um sorriso. Se espero três meses, poderia me arrepender", afirmou
a belga, dona de 41 títulos, sendo sete de Grand Slam.
"É obviamente um choque
para o mundo do tênis", disse o
líder do ranking, Roger Federer. "Particularmente é uma
surpresa pois acontece antes
especialmente de Wimbledon,
que ela nunca ganhou. Mas ela
deve ter tido suas razões."
Henin disse que construiu
toda sua carreira baseada na
emoção e que não sentia mais
essa emoção desde o Masters
de Madri, que ela venceu em
novembro do ano passado.
"Em Madri, eu senti que atingi o ápice da minha carreira."
O título no torneio que reúne
as oito melhores do ano encerrou uma temporada fantástica.
Em 2007, ela conquistou dez
títulos (melhor desempenho de
uma tenista desde 1997, quando Martina Hingis conquistou
12) e superou com folga o recorde de premiação, com US$ 5,36
milhões -foi a primeira vez
que a barreira dos US$ 5 milhões foi ultrapassada.
Neste ano, a belga conquistou dois títulos (Sydney e Antuérpia), mas caiu nas quartas-de-final no Aberto da Austrália.
Na semana passada, após um
mês afastada por lesão, caiu nas
oitavas-de-final diante de Dinara Safina em Berlim. "Ao final do jogo, [a aposentadoria]
ficou evidente. Decidi parar de
me enganar e aceitá-la."
A retirada acontece pouco
antes de um evento particularmente significativo para ela.
Em 1992, com sua mãe, Françoise, morta quando ela era
adolescente, assistiu à final de
Roland Garros de 1992 e prometeu que "um dia venceria lá".
"Paro antes de Roland Garros porque me questionei se
poderia jogar um torneio melhor do que o do ano passado e
percebi que não", afirmou ela.
Sobre Wimbledon, onde foi
finalista duas vezes, disse que
vencer lá não a faria mais feliz.
Uma das menores tenistas do
circuito, com 1,67 m, Henin
conquistou seu primeiro Roland Garros ao interromper a
hegemonia das irmãs Venus e
Serena Williams, que vinham
dividindo os títulos dos grandes torneios com seu estilo de
jogo baseado na força.
"Foi uma grande rival. Sempre se propunha a jogar seu melhor independentemente das
circunstâncias. Foi uma lutadora", disse Venus, de 1,85 m.
"É um dia díficil, tanto para
Justine como para mim", afirmou o técnico Carlos Rodriguez, que orienta Henin desde
que ela tinha 14 anos e chorou
bastante no anúncio ontem.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Palmeiras: Série em casa faz time pensar em "gordura" Próximo Texto: Frase Índice
|