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MOTOR
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JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Barrichello pode ganhar
no tapetão sua segunda vitória na F-1. Como noticiado pela
imprensa alemã, a FIA estaria
pronta para considerar como resultado final do GP da Áustria a
ordem de classificação da penúltima volta, quando o brasileiro estava à frente de Michael Schumacher e o mundo esperava uma atitude romântica da Ferrari.
Para muitos, a informação é
chute, boato ou até mesmo balão
de ensaio para testar a opinião
pública. Única razão, aliás, para
o assunto ter sido incluído na
pauta da reunião do Conselho
Mundial, que já estava marcada
para 26 de junho -quase um
mês e meio depois da corrida,
prazo suficiente para sentir os humores e avaliar o impacto de
qualquer decisão.
E deve haver algum impacto, já
que Max Mosley armou o circo,
uma entrevista coletiva, para logo
depois do encontro. O presidente
da FIA normalmente faz isso
quando tem algo a dizer ou, melhor, quer aparecer. A hipótese de
uma atitude moralista da federação parece bem provável.
Moralista, atrasada e inócua.
Uma sanção a Schumacher ou a
Ferrari nesta altura do campeonato não terá efeito prático. Nem
na tabela de pontos nem no moral ferrarista, que simplesmente
não se abalou com a palhaçada
de Zeltweg. A FIA esperou demais
para decidir qualquer coisa. E
qualquer que seja sua decisão, esta será externa ao regulamento,
que nada prevê. Nem deveria.
O jogo de equipe é inerente ao
automobilismo, pode ser discutido, criticado, condenado até,
nunca proibido ou mesmo intimidado. Se o atual estado de coisas
na F-1 o transformou em ferramenta de manipulação, como defendem alguns, quem deve ser
abolido não é o jogo, mas o próprio conceito de equipe.
Schumacher tem um companheiro de time apenas porque o
regulamento exige e, se não exigisse, seria uma estupidez não
inscrever dois carros enquanto o
resto do grid corre em dobro.
Barrichello, na lógica ferrarista,
é apenas mais um recurso para
empurrar Schumacher ao título.
A Bridgestone, por exemplo, fornece pneus. E o brasileiro, uma
razoável pilotagem, o trabalho de
escudeiro e a tarefa de roubar
pontos de rivais. A afirmação pode soar fria, cínica, mas é verdadeira. Zeltweg escancarou isso,
gerou indignação. Mas nada disso é, diz o regulamento e a própria história da F-1, ilegal.
Não há como defender o que a
Ferrari fez na Áustria. O julgamento público da escuderia e
principalmente de Schumacher já
foi realizado, todos sabemos o resultado. A FIA parece querer tirar
proveito disso, outro fato lamentável. Qualquer atitude, punitiva
ou não, deveria ter sido tomada
logo depois da corrida. Mesmo
um simples anúncio de repúdio
teria efeito mais devastador do
que ficar brincando de juiz, de senhor da verdade, apenas agora.
Punir exemplarmente o alemão
também não adiantaria. Ainda
mais neste momento, quando sua
distância para os concorrentes é
enorme. Seria uma inútil tentativa de puxar o tapete, mais ridícula que aquelas de 1994. Pior, poderia conferir ao provável pentacampeonato do alemão o brilho
que até aqui não possui.
O erro da Ferrari é o erro da F-1,
levar o esporte para um ponto onde ele não pode ser esporte. Julgar
a escuderia é julgar a categoria,
reconhecer que está tudo errado.
A FIA não vai fazer isso.
Montreal
A reputação ferrarista vai de mal a pior. Fatos que antes eram traduzidos como simples bobagens de Barrichello já são entendidos
como manipulação da escuderia. A não entrada do brasileiro para
o pit no momento em que o safety car foi acionado, no Canadá, no
último domingo, é um deles. Montoya parou e, pelas contas da Williams, ganharia se não quebrasse. Fizesse o mesmo, talvez Barrichello ganhasse, ou "ganhasse" em segundo, como aconteceu em
Zeltweg. Gritaria ou não de torcedores brasileiros, o fato é que raramente a Ferrari erra nas contas. Só que errou dessa vez.
Le Mans
A Audi tenta hoje a terceira vitória consecutiva nas 24 Horas de Le
Mans, a mais tradicional prova de longa duração do mundo. Desde
que introduziu seu modelo R8 nas pistas, a fábrica alemã só experimenta triunfos. A classificação já mostra que a edição de 2002 não
deve ser diferente: os três times oficiais encabeçam o grid.
E-mail mariante@uol.com.br
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