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ATENAS 2004
No prazo final de definição de vagas nos Jogos pelo ranking, apenas Guga assegura classificação para o Brasil
Só desistências e convite salvam país de fiasco no tênis
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Inflado por verba da Lei Piva
nos últimos anos e abalado por
uma polêmica institucional em
2004, o tênis brasileiro perdeu representatividade olímpica.
Só Gustavo Kuerten, 24º do ranking de entradas, tem vaga assegurada nos Jogos de Atenas. A
classificação pelo ranking levou
em conta a lista divulgada ontem
pela ATP. Em Sydney-00, o país
contou com quatro tenistas na
quadra: Guga, Jaime Oncins, Vanessa Menga e Joana Cortez.
Para Atenas, ganharam vaga os
48 primeiros colocados do ranking. Cada país leva, no máximo,
quatro tenistas de simples.
Esse critério abriu a possibilidade de Nicolas Escude, 58º da tabela, ir para a Olimpíada. Por outro
lado, tirou da disputa o americano Taylor Dent, 31º da lista.
Para o Brasil colocar Flávio Saretta, seu segundo tenista, na
Olimpíada, será necessário a desistência de dez competidores. O
paulista é o atual 75º do ranking.
"Acredito que é com ele que temos mais chance de obter outra
vaga olímpica", diz Carlos Alberto Martelotte, superintendente da
Confederação Brasileira de Tênis.
Nas duplas masculinas, as chances são mais remotas. André Sá,
em 70º lugar, é o melhor brasileiro. Saretta é o 132º colocado.
Apenas as 24 duplas melhores
ranqueadas obtêm vaga diretamente. O resto é preenchido por
convites. "Mas o COB não aceita
convites", lamenta o dirigente.
Entre as mulheres, a situação é
pior. Ninguém ganhou vaga pelo
ranking. A melhor brasileira é
Maria Fernanda Alves, que está
em 217º lugar na classificação da
WTA, a entidade que controla o
tênis feminino. Nas duplas, as
chances também não são boas.
Maria Fernanda está em 190º lugar, e Joana Cortez, a segunda melhor do país, é a 222ª colocada.
"É necessário saber quantas duplas cada país inscreveu, mas será
difícil ir a Atenas", admite Martelotte, lembrando que os inscritos
serão divulgados pela Federação
Internacional de Tênis na quinta.
Para ele, os critérios da FIT dificultaram a classificação olímpica.
Cada país pode ter até duas duplas em Atenas, com um máximo
de seis tenistas nos dois torneios.
"A mudança fez a competição
ganhar nível técnico, mas ficou
complicado ganhar a vaga."
A má atuação do feminino atinge diretamente a CBT, que montou uma estratégia especialmente
para assegurar vaga nos Jogos.
Depois do Pan-03, animada
com o ouro da dupla Cortez/Bruna Colósio, a CBT financiou viagens das brasileiras para disputar
torneios no exterior. Além das
duas, Maria Fernanda, Carla Tiene, Letícia Sobral e Larissa Carvalho puderam atuar fora do país.
Para isso, a CBT usou verba da
Lei Piva, que destina parte da arrecadação das loterias da Caixa ao
esporte olímpico e paraolímpico.
"O feminino não tem os mesmos recursos do masculino. Por
isso, a confederação teve que investir", afirma o dirigente.
Em 2003, a CBT recebeu cerca
de R$ 1 milhão das loterias. Neste
ano, deve ganhar R$ 800 mil.
Além da perda de arrecadação,
a entidade vive grave crise interna. Guga pediu a saída de Nelson
Nastás, presidente da CBT, e lidera um boicote à Copa Davis.
O dirigente prometeu deixar o
cargo antes do fim do mandato,
em dezembro. Mas, até agora, não
foi marcada a data da eleição.
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