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Juca Kfouri
Quem te viu e te vê
Alemanha venceu, mas suou e deixou
Beckenbauer com desejo de ir a campo
ALEMANHA e Polônia
fizeram um jogo
duro. Disputado, viril, duro de cintura e de ver
sem se emocionar com o
esforço. Verdade que a
transmissão do locutor
Ralf Scholte, da ARD alemã, é um bálsamo para os
ouvidos mais sensíveis e
para os torcedores de
maior sensibilidade.
Mesmo ao narrar um jogo de seu país, e em sua casa, Scholte respeita a inteligência do telespectador,
incapaz de um grito. Conversa com o telespectador,
não fala sem parar porque
sabe que não está numa
emissora de rádio, faz pausas longas, permite que se
ouça o som do estádio, o
alarido da torcida, que, por
sinal, não pára de cantar.
Mas a Polônia, presa fácil do Equador, complicou
a vida germânica, incrivelmente pouco criativa, embora melhor na defesa do
que contra a Costa Rica.
Michael Ballack, o capitão, líder, cérebro e grande
estrela da seleção, é uma
espécie assim de Rodrigo
Fabri, embora em desvantagem quando se lembra
do brasileiro na Portuguesa ou no Grêmio. Danilo,
do São Paulo, seria rei.
Mas não se diga que os
alemães não criaram
chances. Criaram até muitas, invariavelmente desperdiçadas pela dupla que
tem a função de transformá-las em gol. Nem o jovem Podolski, porém,
nem mesmo o experiente
Klose, ambos, por coincidência, nascidos na Polônia, estavam em boa noite.
Nas tribunas, Franz
Beckenbauer, sofria. Tentava disfarçar a irritação
que sentia à custa de sua
tradicional elegância. E
deve ter ficado com uma
tremenda vontade de descer ao gramado, pedir um
par de chuteiras e ensinar
como é que se faz.
A Alemanha pode tudo,
até ser tetra. Afinal, em
2002, também com uma
equipe fraca, chegou à final, no distante Japão.
Não será de bom tom subestimá-la. Só que, se o
milagre ocorrer, teremos
o mais medíocre campeão
mundial da história.
Quando, aos 75min, a
Polônia ficou reduzida a
dez atletas devido à expulsão de Sobolewski, ficou a
sensação de que tudo mudaria. E, aos 91min, Neuville, mudou, com justiça.
Porque a Alemanha, apesar de tudo, pode. Scholte
vibrou, sem gritaria.
blogdojuca@uol.com.br
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