Famoso na América Latina, gordinho se torna carrasco e perigo para a seleção

Atuações contra Flamengo e Santos na Libertadores-2008 fazem jogadores de Dunga respeitarem o centroavante, que evita falar com imprensa

DO ENVIADO A ASSUNÇÃO
DO ENVIADO A TERESÓPOLIS

Salvador Cabañas é a prova de que o mesmo Brasil que se derrete pela Eurocopa e ligas européias de clubes é ignorante quando o assunto é futebol latino-americano. O rechonchudo atacante paraguaio, tipo físico que tem desde quando surgiu, ainda adolescente, só ganhou fama no país adversário da sua seleção hoje pelas eliminatórias quando foi o carrasco de Flamengo e Santos pela Taça Libertadores neste ano.
Mas, da Argentina ao México, e até para os suíços que tocam a Fifa, ele é famoso e temido há muito mais tempo.
Antes de marcar dois gols no Maracanã contra o Flamengo, Cabañas, agora com 78 kg para apenas 1,73 m, já havia sido eleito o melhor jogador da América do Sul em tradicional enquete feita por um jornal uruguaio. Teve também um longo perfil traçado em uma revista argentina. No site da Fifa, foi tido como uma das grandes apostas para a Copa de 2010.
Não sem motivo. Cabañas foi artilheiro no Chile e virou ídolo do principal clube de Chiapas, um pobre Estado mexicano. De lá foi para o América, onde foi o artilheiro da Libertadores-07.
Como profissional, já são mais de 200 gols de Cabañas, nascido em Itaguá, região pobre nos arredores de Assunção.
Na seleção paraguaia, só agora nas eliminatórias para 2010 virou titular. E na terra natal tem o mesmo jeito arredio do México, onde não fala com jornalistas desde que imagens dele com um colega de time que tocou sua genitália em treino foram exibidas na TV. Ontem, voltou a evitar o contato com jornalistas -ficou magoado com a imprensa paraguaia após publicação de uma foto sua em uma boate com uma mulher.
"É o jeito dele. Não há o que fazer", disse Gilda Arrúa, responsável pelo setor de comunicação da seleção paraguaia.
Em uma das raras vezes em que abriu a boca, Cabañas falou que seu negócio é balançar as redes. "Os clubes me contratam para fazer gols. E é isso que trato de fazer", disse o atacante, que hoje fará dupla com Roque Santa Cruz, até então o mais famoso atacante paraguaio.
Na seleção brasileira, o agora famoso Cabañas é motivo de grande preocupação. "A gente deve ter cuidado. Já conversamos sobre isso, porque o Cabañas define", afirmou Juan.
"Ele mostrou que tem muita habilidade e pontaria", declarou o goleiro Júlio César. "De gordinho ele não tem nada, tem muita qualidade e sabe jogar, isso sim", falou o meia Elano.
O meia Diego respeita Cabañas, mas considera que ele não deve ser a principal preocupação da seleção brasileira hoje, no Defensores del Chaco.
"O Paraguai é muito maior do que o Cabañas. Temos aqui outros que também podem virar carrasco deles", disse o jogador do Werder Bremen. (PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)