|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ullevi deixa futebol em último plano
Estádio que abrigou mais confrontos do Brasil na Copa de 1958 esquece a bola e hoje é arena para todo tipo de evento
Palco das estréias de Pelé e Garrincha no Mundial da Suécia e local do primeiro gol do Rei em Copas tem um outro perfil após 50 anos
RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A GOTEMBURGO
Cinquentão, o estádio Ullevi
respira hoje muito menos futebol do que na Copa de 1958,
quando foi o palco mais usado
pela seleção brasileira (três das
seis partidas da épica campanha). Motocross, carros gigantes, patinação, hóquei, atletismo, boxe, futebol americano,
shows... As portas estão abertas
para tudo, e o futebol em Gotemburgo define agora os últimos detalhes de sua mudança.
O local que viu a estréia de
Pelé e Garrincha em Copas,
contra a União Soviética (2 a 0),
e que testemunhou também o
primeiro gol do Rei em Mundiais, ante o País de Gales (1 a
0), mantém sua cara original,
meio ondulada (formato das arquibancadas), tem relógio de
ponteiro, mas está adaptado
como moderna arena multiuso.
A reportagem da Folha teve
acesso às tribunas do estádio
por meio de uma festa privada,
um jantar para funcionários de
empresa de carros. Diferentemente da visita ao estádio Rimnersvallen, em Udevalla, não
foi possível chegar ao gramado,
cercado por pista para motos.
Os acessos de um setor a outro estavam quase todos bloqueados, muitas portas fechadas e só era possível visitar o
estádio naquele dia ""participando" do evento comercial.
""Somos a melhor arena da
Escandinávia. Recebemos
shows de Rolling Stones, Bruce
Springsteen, grandes eventos",
gaba-se o responsável pelo estádio, Anders Albertsson, 41.
No escritório dele, bem esquecida, fica a placa oferecida
por João Havelange (ex-presidente da CBD) ao estádio em
homenagem ao primeiro título
mundial conquistado pelo Brasil. Após discursar para os convidados do dia sobre a história
e, em especial, a fase moderna
do Nya Ullevi, Albertsson mostrou a placa, que tem ""irmãs"
em outros palcos da Copa-58.
""Não tenho certeza em qual
dos gols Pelé marcou o primeiro em Copas. Por imagens que
vi, acho que foi naquele", aponta Albertsson para o lado direito do campo (para quem está
na festa no Ullevi Lounge, um
espaço logo acima das tribunas
onde há restaurante, pista de
dança e ocorrem conferências
com vista para o campo).
Futebol parece de fato não
ser mais a preocupação maior
ali, tanto que um novo estádio
está sendo construído a poucos
metros do Ullevi. A arena, exclusiva para futebol e com nome provisório de Nya Gamla
Ullevi, receberá jogos dos três
""grandes" clubes de Gotemburgo: GAIS, IFK e Orgryte.
Também será a casa da seleção sueca de futebol feminino a
partir do segundo semestre de
2009, quando deve ser aberto.
O Ullevi de 1958 receberá cada vez mais eventos como o
que anunciava em seu placar
eletrônico externo: Monster
Jam (espetáculo com aquelas
picapes com rodas gigantes).
O Ullevi, primeiro palco na
Europa de um jogo na NFL, a
liga de futebol americano dos
EUA, em 1988, já sofreu uma
reforma considerável. Isso depois de show do Bruce Springsteen em 1985 em que, dizem,
quase o estádio foi abaixo. Hoje, o estádio que não viu o Brasil levar gols comporta cerca de
43 mil pessoas. Em shows, o
público supera 60 mil pessoas.
Não há luxo nas cadeiras e na
estrutura, que já recebeu decisões da Copa da Uefa e da extinta Recopa, além de partidas
da Eurocopa de 1992, disputada na Suécia. O último grande
evento esportivo que o Ullevi
abrigou foi o campeonato europeu de atletismo, há dois anos.
Não há previsão de visita de
Pelé e outros campeões de 58
ao Ullevi, mas Bruce Springsteen tocará de novo no estádio
nos dia 4 e 5 de julho. O cantor
americano não chorou nas redes após um balãozinho e um
gol pioneiro e decisivo em uma
Copa, mas parece ser mesmo o
verdadeiro Rei do Ullevi.
Texto Anterior: A rodada: Sem Fernandão, Tite estréia com vitória Próximo Texto: Rodado: Time usou ônibus em viagens suecas Índice
|