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FUTEBOL
De Leão a Autuori, time alia técnica dos laterais a força dos zagueiros, correria dos volantes a eficiência no ataque
Título consagra a geração dos "cascudos"
EDUARDO ARRUDA
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Aliado aos dribles e toques refinados, o São Paulo tricampeão da
Libertadores ganhou nova faceta.
Carrinhos, força na marcação e
entradas duras completam o cardápio do time de Paulo Autuori.
"É lindo para o profissional este
bicampeonato. Mas prefiro crescer e estou muito feliz em trabalhar com este grupo", declarou o
treinador, campeão pela primeira
vez com o Cruzeiro, em 1997,
diante do Sporting Cristal (Peru).
Com seu estilo conciliador, Autuori mesclou tudo o que tinha
em mãos em favor do São Paulo.
"O Paulo [Autuori] veio e salvou os feridos. Ele conseguiu aumentar o potencial do time", disse
o superintendente de futebol são-paulino, Marco Aurélio Cunha.
A força de Fabão e Lugano, a
correria de Mineiro e Josué e o
empenho de Grafite e Luizão levaram a equipe à condição de melhor da América do Sul aliando-se
com a categoria de Júnior, Cicinho, Rogério e Amoroso.
O São Paulo, batizado de "cascudo" por seu ex-técnico Emerson Leão, em contraposição aos
"menudos" que fizeram sucesso
nos anos 80, contagiou a torcida,
que encampou a nova filosofia.
A miscelânea de estilos levou a
equipe a um nível de eficiência
que supera até a lendária formação comandada por Telê Santana,
bicampeã da Libertadores e do
Mundial em 1992 e 1993.
O São Paulo que ganhou contornos cascudos encerrou o principal interclubes da América com
aproveitamento de 74%, com nove vitórias, quatro empates e apenas uma derrota. Nas campanhas
vitoriosas anteriores, a eficiência
da equipe foi de 67,8%, em 1992, e
71,4% no ano seguinte.
Nesta edição, o time, que teve
em Rogério e Luizão os seus artilheiros, com cinco gols cada um,
pela primeira vez em suas dez
participações superou a barreira
dos 30 gols. Foram 34 em 14 jogos
-média de 2,4 por jogo.
Ontem, o time, além dos quatro
gols e 19 chutes, fez 160 desarmes
-no Brasileiro, a média geral é de
131. Nas finais, cometeu 24,5 faltas
em média, segundo o Datafolha.
Diante de um time sem estrelas,
o técnico Paulo Autuori não esconde que o ponto forte de sua
equipe hoje está em dois fatores:
seriedade e competitividade.
"Isso é uma coisa que eu não
posso cobrar deles. Tenho um
elenco sério, dedicado, e que possui um certo talento também",
declarou o treinador, que assumiu a equipe justamente no lugar
de Leão -que trocou o São Paulo
por uma passagem relâmpago pelo Vissel Kobe (Japão).
Se em campo a fórmula trouxe
resultados para a equipe, que conquistou também o Paulista, nas
arquibancadas a torcida são-paulina abraçou a nova cara do time,
que sofreu nos últimos anos com
o rótulo de "pipoqueiro".
O zagueiro uruguaio Lugano,
que se notabiliza pelo jogo duro, é
o primeiro na preferência da torcida. Sua camisa (número cinco)
é a campeã de vendas e está esgotada nas lojas. "A torcida entende
nosso espírito em campo. Estamos ali defendendo e representando os torcedores", diz ele.
Para ex-atletas que brilharam
pela habilidade, essa nova realidade do São Paulo acompanha a
evolução do futebol. Segundo o
meia Palhinha, 37, bicampeão
mundial com Telê, o time atual
sabe aliar a garra à qualidade. "O
São Paulo é técnico, mas o entrosamento é tão bom que os jogadores mais vigorosos acabam se destacando. E o torcedor quer ver isso. Quando não dá para ser na bola, tem que ir na garra", afirma.
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