São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 2005

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FUTEBOL

De Leão a Autuori, time alia técnica dos laterais a força dos zagueiros, correria dos volantes a eficiência no ataque

Título consagra a geração dos "cascudos"

EDUARDO ARRUDA
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Aliado aos dribles e toques refinados, o São Paulo tricampeão da Libertadores ganhou nova faceta. Carrinhos, força na marcação e entradas duras completam o cardápio do time de Paulo Autuori.
"É lindo para o profissional este bicampeonato. Mas prefiro crescer e estou muito feliz em trabalhar com este grupo", declarou o treinador, campeão pela primeira vez com o Cruzeiro, em 1997, diante do Sporting Cristal (Peru).
Com seu estilo conciliador, Autuori mesclou tudo o que tinha em mãos em favor do São Paulo.
"O Paulo [Autuori] veio e salvou os feridos. Ele conseguiu aumentar o potencial do time", disse o superintendente de futebol são-paulino, Marco Aurélio Cunha.
A força de Fabão e Lugano, a correria de Mineiro e Josué e o empenho de Grafite e Luizão levaram a equipe à condição de melhor da América do Sul aliando-se com a categoria de Júnior, Cicinho, Rogério e Amoroso.
O São Paulo, batizado de "cascudo" por seu ex-técnico Emerson Leão, em contraposição aos "menudos" que fizeram sucesso nos anos 80, contagiou a torcida, que encampou a nova filosofia.
A miscelânea de estilos levou a equipe a um nível de eficiência que supera até a lendária formação comandada por Telê Santana, bicampeã da Libertadores e do Mundial em 1992 e 1993.
O São Paulo que ganhou contornos cascudos encerrou o principal interclubes da América com aproveitamento de 74%, com nove vitórias, quatro empates e apenas uma derrota. Nas campanhas vitoriosas anteriores, a eficiência da equipe foi de 67,8%, em 1992, e 71,4% no ano seguinte.
Nesta edição, o time, que teve em Rogério e Luizão os seus artilheiros, com cinco gols cada um, pela primeira vez em suas dez participações superou a barreira dos 30 gols. Foram 34 em 14 jogos -média de 2,4 por jogo.
Ontem, o time, além dos quatro gols e 19 chutes, fez 160 desarmes -no Brasileiro, a média geral é de 131. Nas finais, cometeu 24,5 faltas em média, segundo o Datafolha.
Diante de um time sem estrelas, o técnico Paulo Autuori não esconde que o ponto forte de sua equipe hoje está em dois fatores: seriedade e competitividade.
"Isso é uma coisa que eu não posso cobrar deles. Tenho um elenco sério, dedicado, e que possui um certo talento também", declarou o treinador, que assumiu a equipe justamente no lugar de Leão -que trocou o São Paulo por uma passagem relâmpago pelo Vissel Kobe (Japão).
Se em campo a fórmula trouxe resultados para a equipe, que conquistou também o Paulista, nas arquibancadas a torcida são-paulina abraçou a nova cara do time, que sofreu nos últimos anos com o rótulo de "pipoqueiro".
O zagueiro uruguaio Lugano, que se notabiliza pelo jogo duro, é o primeiro na preferência da torcida. Sua camisa (número cinco) é a campeã de vendas e está esgotada nas lojas. "A torcida entende nosso espírito em campo. Estamos ali defendendo e representando os torcedores", diz ele.
Para ex-atletas que brilharam pela habilidade, essa nova realidade do São Paulo acompanha a evolução do futebol. Segundo o meia Palhinha, 37, bicampeão mundial com Telê, o time atual sabe aliar a garra à qualidade. "O São Paulo é técnico, mas o entrosamento é tão bom que os jogadores mais vigorosos acabam se destacando. E o torcedor quer ver isso. Quando não dá para ser na bola, tem que ir na garra", afirma.


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