São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 2008

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rota de fuga

Mercado afasta astros de Pequim

Ronaldinho e Robinho tentam fechar com Milan e Chelsea, que não devem liberá-los para os Jogos

Ex-santista despreza o Real Madrid e viaja para o Brasil; atleta do Barcelona chega à Espanha e já negocia para se transferir ao time italiano


Josep Lago/France Presse
Ronaldinho fala ao celular depois de deixar hotel em Barcelona, onde ele negocia nesta semana a saída da equipe catalã, que não aceita cedê-lo à seleção olímpica

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao mesmo tempo em que alardeiam o orgulho de defender o Brasil na Olimpíada, Robinho e Ronaldinho seguem roteiros, semelhantes, justamente na direção oposta a Pequim.
Ambos estão em litígio com seus clubes e tentam se transferir para equipes que certamente irão impedi-los de atuar pelo time olímpico, em agosto.
Ao lado de seu empresário, Wagner Ribeiro, Robinho teve uma tensa reunião ontem com a diretoria do Real Madrid. Praticamente declarou guerra ao time espanhol ao dizer que quer transferir-se para o Chelsea, de Luiz Felipe Scolari.
Segundo Ribeiro, ontem mesmo o jogador embarcou para o Brasil. O atacante se recusou a participar do início da pré-temporada de seu clube, em Portugal, sob o pretexto de que até o final da semana deve começar a treinar com a seleção brasileira olímpica.
Mas a preparação para os Jogos só deve começar no início da próxima semana. Robinho temia não ser liberado caso fosse para Portugal, apesar de haver um acordo verbal que garante sua liberação.
O atacante disse aos cartolas sentir-se desvalorizado no Real por causa das notícias de que o clube tentou colocá-lo numa troca com Cristiano Ronaldo.
"Nós apresentamos uma proposta oficial do Chelsea, mas o Real recusou", declarou Ribeiro, sem revelar o valor.
Segundo o agente, os espanhóis exigem o pagamento da multa de 150 milhões (cerca de R$ 384 milhões).
O Chelsea fará nova oferta, mas Robinho sabe que, se a negociação vingar, os ingleses não permitirão que ele vá à China.
Postura idêntica deve adotar o Milan, se levar Ronaldinho, que treina para recuperar a forma a fim de disputar os Jogos.
Ontem, ele chegou a Barcelona, clube que não o quer mais, só que exige sua presença na pré-temporada, abdicando de Pequim. Ele e Robinho não são favorecidos pela regra da Fifa que só obriga a liberação para quem tem até 23 anos.
Ir à China ficaria mais fácil se ele fechasse com o Manchester City, que ofereceu mais dinheiro aos catalães - 32 milhões (R$ 82 milhões). Na Inglaterra, o brasileiro possivelmente teria maior margem de manobra.
Mas Ronaldinho deixou clara sua preferência pelo time italiano. Ontem, seu irmão e agente, Assis, e o vice do Milan, Adriano Galliani, conversaram. Ao sair, o empresário disse que a negociação "estava muito bem, não poderia ser melhor".
Também houve reunião de Assis com dirigentes do Barcelona. A imprensa italiana anunciou que a proposta do Milan foi considerada "satisfatória".
Há a previsão de encontro entre Galliani e o presidente do Barcelona, Joan Laporta, nos próximos dias. O clube catalão informou que dá três dias para fechar a negociação -ou Ronaldinho fica na Espanha.
O Milan já vetou Kaká nos Jogos. Se liberar Ronaldinho, teria de explicar ao outro brasileiro o porquê do tratamento diferente com o recém-chegado. E receberia pedidos de outras cessões de atletas de outras seleções. Pior: criaria crise com a federação italiana. O clube recusou até a liberação do lateral reserva Daniele Bonera, 27, para a seleção italiana em Pequim, o que gerou polêmica.


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